#TOLERÂNCIA207 - INTOLERÂNCIA, DAS PALAVRAS À ACÇÃO
O que está a acontecer na Faixa de Gaza, em razão do que Israel (o Estado de Israel, não estou a falar dos judeus, não me venham com a acusação de antissemitismo) tem mantido de destruição e morte, desafia-nos a todos, nas palavras que dizemos e nas acções que praticamos.
Nunca como agora os líderes políticos europeus negaram a identidade histórica dos Direitos Humanos e dos Valores da Paz e da Solidariedade da União Europeia. É intolerante o comportamento do Estado de Israel; e é intolerante o comportamento da União Europeia e dos seus membros. O Reino Unido envergonha a Magna Carta e os Estados Unidos da América os princípios constitucionais fundadores.
Reconheço que o protesto e as manifestações dos cidadãos, em todo o mundo, têm sido muitos, mas sem qualquer sucesso prático, têm sido, em geral, bem educadinhos. Daquele jeito que os Governos gostam para mostrarem que garantem a liberdade de expressão.
Há uma banda desenhada da Mafalda em que a mãe lhe diz que vai à lavandaria e pede à Mafalda que tome conta do bebé por um minuto. A Mafalda anui com um simples «Claro.» A seguir, chega-se ao bebé e, marota, tira a chupeta da boca ao bebé. Resultado: o bebé rompe num berreiro de mil decibéis, a Mafalda entra em pânico, volta a pôr a chupeta na boca do bebé, o bebé sossega. Desabafa a Mafalda: «Se os povos soubessem usar os pulmões como tu, os ditadores iriam ver como é que elas lhes mordiam!»Pois é, os cidadãos ainda não berraram o suficiente. Fazes falta, Quino... Fazes muita falta! Para nos pores ao espelho e tomarmos consciência das nossas contradições. Dos ditadores e dos (des)governantes do Mundo já não vale a pena falar.
No Público de hoje, Manuel Serrano, que é apresentado como analista de assuntos europeus, políticа
internacional e processos eleitorais, diz que «O silêncio europeu sobre Gaza não é apenas ensurdecedor - é uma humilhação que nos compromete, um olhar para o outro lado intolerável.
Comparativamente, fomos rápidos a levantar a voz contra Moscovo, firmes a condenar, ágeis a sancionar, apesar de Orbán e Fico. Porém, diante de Telavive, tornámo-nos hesitantes. Este é o sintoma de um contágio moral que já não conseguimos disfarçar: o continente que se orgulha dos seus princípios universais aplica-os consoante o rosto do agressor ou o interesse do momento. Dois pesos, duas medidas. Dois códigos que não se anulam, mas se acumulam, fragilizando-nos, porque cada incoerência deixa uma cicatriz que nenhum discurso consegue apagar.
Mais do que uma omissão, a Europa assiste ao avanço de um projeto que redefine, sem pudor, a barbárie no século XXI. A "cidade humanitária" - expressão cínica do ministro da Defesa israelita para designar a construção sobre as ruínas de Rafah - não passa de um eufemismo para um campo de concentração.
São palavras do próprio Ehud Olmert, ex-primeiro-ministro israelita, que não hesita em dar-lhe nome: uma prisão em grande escala, uma limpeza étnica disfarçada de política. Forçar a população palestiniana a viver enclausurada, proibida de sair - salvo para um exílio forçado - é um crime que não admite desculpas.»
12 páginas mais à frente, no mesmo jornal, Rita Siza escreve assim de Bruxelas: «Os termos do acordo que a chefe da diplomacia europeia fechou com o Governo de Israel para um reforço significativo da ajuda humanitária à população da Faixa de Gaza não foram tornados públicos, mas, num ponto de informação aos Estados--membros da União Europeia, ontem, os serviços dirigidos por Kaja Kallas admitiram que "os números estão muito abaixo" das metas estabelecidas, e "são muito inadequados" para responder a uma situação que a cada dia se torna mais "intolerável".»
É outra vez o desafio que leva das palavras à acção: que fazem os líderes da União Europeia perante o que se torna a cada dia mais intolerável? Repito: os que eles fazem envergonham os Valores Europeus.
E nós — profissionais do Ensino, da Educação, da Acção Social, da Psicologia Comunitária — que fazemos? Quando as Mafaldas, os Guis, os Filipes, as Liberdades, os Manelitos, as Susanitas e os Miguelitos vierem ter connosco e nos pedirem respostas para as suas acutilantes perguntas e reflexões, que lhes vamos dizer? Vamos também envergonhar a riquíssima tradição pedagógica de tantos Mestres e Mestras que povoam a História Europeia desde que a reconhecemos na Antiguidade Clássica?
Que Pedagogia pedem estas realidades nas aulas de Educação para a Cidadania?
#tolerância, #tolerance, #Tolerancia, #tolérance, #tolleranza, #toleranz, #tolerantie, #宽容, #寛容, #관용, #सहिष्णुता , #סובלנות, #हष्णत, #Ανοχή, #Hoşgörü, #tolerans, #toleranță, #толерантность, #التس
Sem comentários:
Enviar um comentário