segunda-feira, maio 26, 2008

Aquecimento global persistirá durante séculos mesmo com redução de emissões

Para além de toda a informação, contra-informação, verdades, mentiras e notícias convenientes e inconvenientes, o tema do AQUECIMENTO GLOBAL é, hoje em dia, incontornável.
No site Ciência Viva, li hoje esta notícia:
2008-05-25
Valdés alertou para a gravidade da situação
Cientistas reunidos num simpósio em Gijon, Espanha, manifestaram a convicção de que o aquecimento global persistirá durante vários séculos, mesmo que se reduzam substancialmente a emissões de gases com efeito de estufa. Os cientistas, que estão a participar desde segunda-feira num seminário sobre os efeitos da mudança climática nos oceanos consideraram que o processo "é praticamente irreversível".
Como dizia uma velha canção revolucionária, cantada pelo padre Fanhais:
"Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar..."

domingo, maio 25, 2008

Para pensar, sobre a publicidade

Parece que numa conferência que um dos maiores neurologistas actuais - e de sempre! - fez no passado dia 20, em Lisboa, ele disse uma coisa sobre a publicidade que nos deverá pôr a pensar. Pensar muito, uns com os outros.
O neurologista é António Damásio que escreve sobre o cérebro, a mente e a consciência como mais ninguém: com encantamento, com poesia, com um fluir de palavras que parecem pedaços de água da mais pura e linda cascata a cair docemente no regaço do mais tranquilamente convidativo e hipnotizante lago. E a defesa intransigente que ele faz da língua portuguesa, sempre nela procurando encontrar a palavra ou a expressão vernácula que correctamente traduzam as palavras da língua inglesa!... Um orgulho e um assombro!...
A conferência foi "A anatomia do comportamento na era da comunicação".
A frase que uma jornalista lhe atribui é a seguinte: “Tão cedo o indivíduo não aprenderá a defender-se da publicidade.”
Como disse, é uma frase para pensarmos uns com os outros. Em voz alta, e trocando pensamentos e opiniões uns com os outros.

domingo, maio 18, 2008

17 de Maio, Dia Mundial contra a Homofobia, a liberdade individual e a família

JS afixa cartazes contra a homofobia e espera pelo BE para avançar com leis
18.05.2008, Leonete Botelho
Casamento com pessoas do mesmo sexo vai sendo trabalhado no plano dos argumentos. Lei vai esperar...

É assim que começa uma notícia da edição de hoje do jornal Público, que diz ainda que o Dia Mundial contra a Homofobia ainda não é oficialmente reconhecido pelo governo português.

No dia 13 levei uma das minhas turmas a participar numa sessão de esclarecimento, na escola, sobre a prevenção do cancro do colo do útero. Foi uma sessão muito interessante e muito conseguida. Falou-se com inteligência e entusiasmo sóbrio do que era importante falar. E mais uma vez se falou em métodos contraceptivos, em geral, e no preservativo, em particular.

No dia 16 aconteceu fazer com essa mesma turma um pequeno exercício em que as alunas tinham de escolher as "suas" sete maravilhas do mundo, em seguimento de um pequeno trabalho que um colega de uma escola grega, de Kalamata, me enviou pela Internet. Surpreendentemente para mim, a maravilha mais vezes escolhida, a que mais nitidamente recebeu o maior número de votos, foi a família.

O direito à diferença. Seja.
A edição desta semana da revista Visão fala do aumento de casos em que jovens homens se ligam maritalmente a mulheres claramente mais velhas. Seja.
A defesa e a educação das liberdades individuais. Seja.
O casamento entre pessoas do mesmo sexo. Seja.

A família, maravilha rainha numa breve aula de sexta-feira de manhã de uma escola secundária de Lisboa, é a família tradicional que todos conhecemos. O casamento, mesmo o casamento tradicional, não é sinónimo de família.

Tenho ideia que temos de agarrar a defesa do valor da família com a mesma força com que agora se pugna por outras coisas.

sexta-feira, maio 09, 2008

Sobre o Dia da Europa

Hoje falei assim na Escola, na sessão comemorativa do Dia da Europa e da Educação Intercultural, em que estiveram presentes a Senhora Alta-Comissária para a Imigração e o Diálogo Intercultural, o Senhor Presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria dos Olivais, dois amigos do S.O.S. Racismo e alguns dos meus queridos alunos e colegas da Eça:

Eu, abaixo-assinado, declaro, por minha honra, serem verdadeiras as afirmações que a seguir apresento:
· Que eu, nascido no Oriente, português da China, da antiga Macau, fui a Madrid de 16 a 22 de Abril passado com a incumbência de representar a portuguesa Escola Secundária Eça de Queirós no 4.º Encontro do projecto de Educação Intercultural PLURALIA;
· Que fui acompanhado pelo professor e colega Onivaldo Dutra, brasileiro de língua e nacionalidade; pelo aluno da escola Alexandru Marius Casota, romeno de nascimento, nacionalidade e língua;
· Que a colega Dolores Fonseca, nascida no lugar das Falcoeiras, freguesia do Montoito, concelho do Redondo, filha de pai e mãe nados e criados no mesmo concelho, parecia ser o único professor da comitiva lusa digno representante do velho húmus viriático que definiu há séculos as fronteiras portuguesas da ibérica península;
· Que o grupo de 19 jovens do grupo de teatro que connosco foi, todos alunos da escola, era maioritariamente de origem étnica e cultural africana, de tantos países quantas praticamente as colónias que um dia Portugal teve em África;
· Que fomos recebidos numa escola madrilena em que a colega professora responsável do PLURALIA em Espanha é argentina de nascença e de infância;
· Que os alunos que maioritariamente conhecemos na escola são africanos e americanos do sul, praticamente desconhecidos em Portugal, já que os africanos de Espanha são brancos, ao contrário dos nossos, que têm vincados matizes de castanhos brilhantes e sedosos nas suas peles; e os americanos do sul de lá, da Espanha, não dançam o samba nem falam o português do Brasil que os americanos do sul de Portugal falam; e – dizem os espanhóis nativos de Espanha – nem falam espanhol, o que é claramente uma demonstração de dificuldades auditivas dos espanhóis de Espanha, porque para nós, os portugueses, aqueles seres tão sorridentes com a nossa presença, de tez e perfil inca e azteca evidentemente falam espanhol!
· Que, quando preparava à noite a entrevista a que iria sujeitar-me no dia seguinte na escola, topei, no meu computador, com as fotografias que, no fim-de-semana anterior, tinha tirado em Coimbra, à frente da Igreja de Santa Cruz, em que, quando abordava um jovem ardina para lhe comprar o velho Borda d’Água, ele, ainda antes de me dar atenção, se virou para o outro ardina que a ele se juntara e perguntou-lhe “Tu não és português, pois não?”, e o outro respondeu “Não, sou romeno”. Quando depois o “meu” ardina ficou sozinho face a face comigo, e eu lhe perguntei “Tu não és português, pois não?”, ele me respondeu “Não, sou moldavo…”
· Que, quando a colega Olga me apresentou aos alunos que me iriam entrevistar, não quis deixar de saudar o aluno da turma que tinha acabado de ganhar um prémio internacional de Matemática. Quando todos olhámos para o jovem que ela acabou por apontar, vimos uns lindos e bem altos olhos em bico de um rapazinho cujas feições não deixavam quaisquer dúvidas, apenas traídos por um agradecimento em espanhol escorreito;
· Que, quando com este rapazinho falei no fim da entrevista, ele me confidenciou que nunca tinha estado na China, e – ao contrário de mim, que fui lá nascer para não ser chinês – nem sequer lá tinha nascido. Mas ele era chinês de nacionalidade.
· Que fiz a minha última intervenção numa reunião espontânea em que, numa escola espanhola, um professor português falou em francês e portinhol com uma vintena de alunos romenos que naquela escola estudavam; e que me perguntaram o que é que eu achava das mulheres romenas;
· Finalmente que, ao jantar festivo de despedida da última noite, depois do discurso da praxe do director da escola de Madrid ser traduzido do espanhol para a língua oficial do PLURALIA, o francês, um rapazito aluno daquela escola de hotelaria, com quem eu tinha metido conversa mesmo antes do jantar começar, e que estivera todo o tempo do jantar em aula, servindo-nos, levantou o braço direito, pediu licença para falar (assim se afastando completamente do rigor quase protocolar que a farda que vestia o obrigava) e ofereceu-se para traduzir o discurso do director da escola para português. É que o pai dele era espanhol, mas a mãe era portuguesa transmontana, de Bragança, e tinha-lhe ensinado a língua que conhecia e que amava.
Por serem verdadeiros todos estes factos relatados sobre a Europa, que assim me recebeu na semana supra identificada, numa exasperantemente chuvosa capital madrilena, vai esta declaração por mim assinada e autenticada com a memória saborosa guardada no pensamento e nos corações daqueles que comigo em Madrid estiveram e dos quais eu fiquei muito grato e orgulhoso.
A todos os que hoje aqui vieram e connosco estarão até ao fim da manhã, o meu muito obrigado!

domingo, maio 04, 2008

A Thayna e os Índios Tupi Guarani

A Thayna S teve a amabilidade de me fazer umas perguntas em jeito de comentário, mais ou menos assim (no apontamento "A fala do Índio e O DIA DA TERRA" está a versão original deste comentário):

Eu gostei um pouco das histórias índigenas dos Índios Tupi Guarani. Tenho três perguntas a dizer:
- primeira: Porque os índios comem coisas diferentes das outras espécies de pessoas?
- seguda: Porque existem chefes de tribo indígena?
- terceira: Porque os tribos indígenas vestiam roupas diferentes das outras pessoas?

Bem, Thayna, o que te posso dizer imediatamente é o seguinte:
- primeira pergunta: todos os grupos humanos que fixaram um espaço de vida, como fizeram os Índios Tupi Guarani, comem o que a Natureza nesse espaço lhes proporciona espontaneamente; depois, com as trocas com outros grupos humanos, podem acrescentar coisas à sua alimentação, normalmente alimentos que depois se dão bem com o clima e com os terrenos plantados por cada um dos grupos humanos. Portanto, os índios de que falas comem o que o seu espaço de vida mais naturalmente lhes põe à disposição. Além disso, as crenças espirituais e religiosas também influenciam o que as pessoas comem. Por exemplo, em certas partes da Índia, embora haja muitas vacas e haja muita necessidade de alimentos, por razões religiosas, as pessoas não podem matar as vacas; entretanto, em África, o povo Masai tem como um dos principais alimentos o sangue das vacas.
- segunda pergunta: os grupos humanos só conseguem sobreviver e manter-se se tiverem uma organização das pessoas umas com as outras. Assim, é preciso haver um chefe, que é normalmente um homem. Repito, para que as pessoas de um grupo humano possam ter uma organização social que defenda e fortaleça o grupo.
- terceira pergunta: quase que te poderia responder aqui como fiz na primeira pergunta. Mas neste caso é importante falar das temperaturas altas ou baixas, a humidade e a secura do ar, a presença de sol intenso ou de sol fraco, a latitude do lugar, etc.

Thayna, as minhas respostas servem-te para alguma coisa?...