quinta-feira, agosto 13, 2009

O toque de Midas do Pedro


Aqui está um exemplo do "fazer das fraquezas forças". O que se diz das pessoas aplicado nas fotografias: o que é a exibição de uma fraqueza da reprodução fotográfica
(a distorção - que se tornou já vulgar explorar - causada pela ausência de perspectiva e da posição relativa dos elementos figurados entre si) transforma-se num óptimo exemplo da força do pensamento que caracteriza o desenvolvimento dos rapazinhos e das meninas da idade do protagonista que agora aqui temos: o Pedro, de 7 anos de idade.

Aos 7 anos, o pensamento de uma criança sã, viva e tranquila, tem o poder do toque de Midas: tudo aquilo em que a criança põe a mão se transforma em ouro, quer dizer, em imaginação, em criatividade, em desenvolvimento da inteligência, da sociabilidade e do prazer de fazer (a "industriosidade" de que fala Erik Erikson).

Companheiro de jornada extraordinário, o Pedro foi sempre uma criança muito afável, com um cuidado e uma solicitude quase "arrepiante"!, em relação ao forasteiro que eu era. Não se limitou a ser participante passivo nas voltas que demos, mas contribuiu activamente para o prazer e o sucesso da jornada.

O rapaz tem queda para a gestão e a liderança dos grupos: não rejeita sequer as pequenas provocações com que às vezes "picamos" os rapazinhos da idade dele; ouve, olha-nos, sorri e a seguir diz-nos qualquer coisa em que aceita a provocação ou o desafio que lhe fazemos, mas de modo a que conserve para ele margem de manobra para a sua decisão ou o seu comprometimento pessoal.

Parece uma criança que sustenta os passos num estimulante "chão" que avós, pais e os próprios irmãos têm adubado com o que de melhor pedem o afecto e a inteligência das crianças.

E se aquele Topo me deixa apreensivo, por exemplo, sobre o que possam ser as suas condições de cuidado atempado a uma criança sem saúde, não há dúvida que, pelo contrário, dispõe das condições fundamentais para o desenvolvimento de uma criança sã: a ambiência de uma natureza selvagem poderosa, imprevisível e infinita; a humanização dos espaços naturais de vida, de acordo com as necessidades dos grupos humanos e os recursos disponíveis; a presença da vida animal amansada a fazer parte rotineira da economia doméstica; os laços afectivos com a família nuclear e a família alargada; a suficiência básica dos recursos educativos; e a mágica Internet que a leva, à criança, dali, do fim do mundo aos seus antípodas, numa brevidade vertiginosa de tempo.

Pedro, sabes o que quer dizer "antípodas"? Se não sabes, pergunta ao Luís... ou vê na Internet...

domingo, agosto 02, 2009

História de um letreiro

O vídeo que a seguir reproduzo vem e vai; vai e volta.
Não é, de todo, o choradinho tradicional da brutal indiferença humana do habitante da cidade moderna; nem o dos coitadinhos dos pobrezinhos e dos indefesos.
Tem ido e vindo tantas vezes que me sinto na obrigação de o republicar (já o publiquei noutro lado).
Vejam o vídeo. Só depois, se precisarem, vejam a tradução que deixo a seguir.



Seguramente, nas aulas vou explorar o filme; até em mais do que uma perspectiva.
E - à atenção de tantos jovens que tantas imagens captam com os seus telemóveis - praticamente todo o filme pode ser feito com a câmara de um simples telemóvel.

Traduzo livremente as breves frases do filme (os letreiros e os diálogos):
  • Letreiro, forma inicial: "Tenham caridade, sou cego"
  • Letreiro, forma final: "Hoje está um dia maravilhoso e eu não consigo vê-lo"
  • Diálogo, o cego: "- O que fez com o meu letreiro?"
  • Diálogo, o homem de fato: "- Escrevi o mesmo, só que com outras palavras."