Aos 7 anos, o pensamento de uma criança sã, viva e tranquila, tem o poder do toque de Midas: tudo aquilo em que a criança põe a mão se transforma em ouro, quer dizer, em imaginação, em criatividade, em desenvolvimento da inteligência, da sociabilidade e do prazer de fazer (a "industriosidade" de que fala Erik Erikson).
Companheiro de jornada extraordinário, o Pedro foi sempre uma criança muito afável, com um cuidado e uma solicitude quase "arrepiante"!, em relação ao forasteiro que eu era. Não se limitou a ser participante passivo nas voltas que demos, mas contribuiu activamente para o prazer e o sucesso da jornada.
O rapaz tem queda para a gestão e a liderança dos grupos: não rejeita sequer as pequenas provocações com que às vezes "picamos" os rapazinhos da idade dele; ouve, olha-nos, sorri e a seguir diz-nos qualquer coisa em que aceita a provocação ou o desafio que lhe fazemos, mas de modo a que conserve para ele margem de manobra para a sua decisão ou o seu comprometimento pessoal.
Parece uma criança que sustenta os passos num estimulante "chão" que avós, pais e os próprios irmãos têm adubado com o que de melhor pedem o afecto e a inteligência das crianças.
E se aquele Topo me deixa apreensivo, por exemplo, sobre o que possam ser as suas condições de cuidado atempado a uma criança sem saúde, não há dúvida que, pelo contrário, dispõe das condições fundamentais para o desenvolvimento de uma criança sã: a ambiência de uma natureza selvagem poderosa, imprevisível e infinita; a humanização dos espaços naturais de vida, de acordo com as necessidades dos grupos humanos e os recursos disponíveis; a presença da vida animal amansada a fazer parte rotineira da economia doméstica; os laços afectivos com a família nuclear e a família alargada; a suficiência básica dos recursos educativos; e a mágica Internet que a leva, à criança, dali, do fim do mundo aos seus antípodas, numa brevidade vertiginosa de tempo.
Pedro, sabes o que quer dizer "antípodas"? Se não sabes, pergunta ao Luís... ou vê na Internet...
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