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domingo, setembro 07, 2025

#TOLERÂNCIA252 - TOLERAR O DESAFIO DA MODERAÇÃO

 #TOLERÂNCIA252 - TOLERAR O DESAFIO DA MODERAÇÃO

Em declarações recolhidas por Cécile Cazenave et Nabil Wakim, publicadas na edição de hoje do "Le Monde", François Sarano, antigo membro da tripulação do comandante Cousteau, é presentemente um cientista e mergulhador que defende a multiplicação de reservas marinhas, numa conversa centrada no presente e no futuro do Mediterrâneo.

A última frase da publicação do Le Monde é a seguinte: «Podemos viver felizes neste planeta se renunciarmos a um consumismo extractivista que não tem limites.» A que abre a entrevista, em jeito de subtítulo diz assim: «O Mediterrâneo pode voltar a ser rico, é preciso dar-lhe tempo.»

No caderno de apontamentos, para memória futura, escrevo: "#PEDAGOGIA252, como fazer a pedagogia da renúncia".

A certa altura da entrevista, os jornalistas perguntam a Sarano: «Quais são as consequências das alterações climáticas no Mediterrâneo?»

Ele responde: «Uma atmosfera muito quente provoca uma grande evaporação. A água torna-se muito

mais salgada e muito mais pesada. Vai afundar-se e circular por todo o Mediterrâneo a 400 ou 500 metros de profundidade, para depois sair pelo estreito de Gibraltar. É, portanto, todo o sistema de circulação oceânica que é modificado devido ao aumento da temperatura atmosférica.

»A vida marinha, por outro lado, é diretamente afectada pelo aumento das temperaturas oceânicas. Todos os organismos marinhos – baleias, tartarugas, tubarões, holotúrias, estrelas-do-mar, ouriços-do-mar, atuns-rabilhos, sardinhas – passam, de facto, durante a sua vida, por um curto período nas águas superficiais, na forma de ovos e larvas que não toleram a mais pequena variação de temperatura ou salinidade.

»Nos últimos dois anos, as águas superficiais do Mediterrâneo, até aos 70 metros de profundidade, sofreram episódios de calor extremo terríveis. Não são apenas os animais fixos – corais, gorgónias, esponjas – que sofrem o impacto deste aquecimento, mas todos os organismos planctónicos. Estamos a redefinir por completo o mapa dos ecossistemas.»

O Deus de Einstein não brincava aos dados, mas parece que o Ser Humano está constantemente a fazê-lo. Penso que conscientemente ou inconscientemente muitos de nós — incluindo os que se assumem como estando alertados e pensam-se como praticando comportamentos amigos dos ecossistemas e do Planeta — se deixam levar pelo «É só mais esta vez...», pelo «No meio de tantos milhões, que diferença faz mais um ou menos um...», ou por outras desculpas que denunciam que, na verdade, não estamos mesmo dispostos a renunciar ao excesso e a optar pela moderação.

Tolerar ou aceitar que não podemos querer tudo, que temos mesmo de moderar os consumos, não é fácil. Cá está: pede renúncia. Verdadeiramente, nunca abandonámos o mito da abundância. Nem a terrível máquina da publicidade e propaganda empresarial e económica nos deixa reduzi-lo um pouquinho que seja.

Uma conjugação, por muito difícil que seja, entre as acções da Educação e da Política é necessária. Passa-me pela cabeça chamar ao esforço a Teoria dos Jogos, que ela aprofunde a consciência, a sensibilidade, a habituação a que quem ganha é quem renuncia ou que quem renuncia é quem ganha.

Fui "falar" com um dos 'chatbots' habituais e pedi-lhe que inventasse um jogo de renúncia para ser jogado em sala de aula. Esta primeira abordagem deixou-me satisfeito, bastante satisfeito! Tão satisfeito (espremi-o bem!) que a seguir "falei" com os outros. Tenho agora 4 jogos de sensibilização pedagógica ao valor da renúncia individual num ambiente em que não se conhecem as atitudes dos outros (competitiva ou cooperativa) e em que todos correm o risco de perder se não cooperarem satisfatoriamente.

Inspirei-me na ideia que tenho do que era a tradição cooperativa dos produtores de conhaque ao tempo do pai de Jean Monnet, e que tanto inspirou este obreiro central do Ideal da União Europeia. Não será fácil aos jovens, sobretudo em experiências pontuais, saberem onde começam e acabam a Tolerância, a Aceitação e a Renúncia para um bem comum quando é indispensável o uso de recursos (naturais ou outros; finitos, embora renováveis) necessários a todos, mas que precisam ser geridos com moderação também por todos, inibindo as tentações de "Salve-se quem puder", ou as de uso tão intenso que mata, as galinhas de ovos de ouro.

Depois de testar os jogos, arranjarei maneira de os partilhar publicamente.

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quinta-feira, julho 17, 2025

#TOLERÂNCIA200 - SOBRE O TREINO DA TOLERÂNCIA

#TOLERÂNCIA200 - SOBRE O TREINO DA TOLERÂNCIA

"Alguns irmãos que visitavam um santo ancião que vivia num lugar deserto depararam-se com algumas crianças à volta do seu mosteiro que estavam a guardar [animais] e a fazer comentários impróprios. Depois de revelarem ao santo homem os seus 'logismoi' [termo grego que significa pensamentos /impulsos /tentações intrusivos na mente, que podem levar a comportamentos condenáveis] e de terem beneficiado da sua sabedoria, perguntaram-lhe: «Abba [Pai], como é que toleras estas crianças e não lhes dizes para não serem tão barulhentas e inconvenientes?» O ancião respondeu: «De facto, há dias em que gostaria de lhes dizer [isso], mas repreendo-me a mim mesmo, dizendo-me: 'Se não consigo suportar este pequeno [incómodo], como poderei resistir a uma tentação grave se ela se abater sobre mim?' Por isso não lhes digo nada, para assim me fortalecer e conseguir tolerar as coisas mais sérias e difíceis que me sobrevenham.»

O parágrafo anterior contém um dito/feito dos Padres do Deserto (peguei-o no "The Anonymous Sayings
of the Desert Fathers" a Select Edition and Complete English Translation por John Wortley, Cambridge University Press, 2013).

Penso que o texto pode animar uma sessão de dinâmica de grupo à volta do tema da Tolerância, e proponho três linhas de exploração da história:

1) Chamando a atenção (a partir da atitude do velho sábio) para a evidência de que a Tolerância não está adquirida uma vez por todas, mas que precisa de ser treinada, sugerir que, em 2-3 minutos, cada participante escreva num papel uma situação do dia-a-dia que os irrite habitualmente. A seguir, cada um lê ao grupo o que escreveu. A tarefa do grupo consiste em os participantes proporem-se reciprocamente maneiras de transformar os incómodos apresentados em treino de Tolerância ou Paciência.

2) Com base no exemplo do santo ancião, que em vez de repreender as crianças se repreende a si mesmo, que estratégias pode cada um usar para autorregular as emoções, os sentimentos e os impulsos, antes de agir? (É novamente o grupo que reciprocamente sugere a um e a todos tais estratégias)

3) As crianças do texto estão fora do mosteiro, estão "à volta do seu mosteiro". Desafio para o grupo: como equilibrar a aceitação do outro (por ex: diferenças pessoais, de idade, barulho, linguagem rude) com limites saudáveis numa relação de vizinhança?

Bem, muito mais coisas se poderiam explorar, mas a nossa sessão é de apenas uma hora. Para outras coisas, precisaremos de mais horas. Assim elas surjam.

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quarta-feira, janeiro 15, 2025

#TOLERÂNCIA 17 – O MOTE DA CONVERSA SOBRE A TOLERÂNCIA É...

 #TOLERÂNCIA 17 – O MOTE DA CONVERSA SOBRE A TOLERÂNCIA É...

A Pedagogia e a Educação da Tolerância pedem jogos, conversas, exercícios, actividades para que o conhecimento e a experiência da Tolerância cresçam e, sem que a gente disso dê conta, a Tolerância torna-se uma atitude pessoal que predispõe ao comportamento de aceitação recíproca entre as pessoas, a colaboração prevaleça sobre a competição, a negociação prevaleça sobre a intransigência. Quer dizer, a atitude tolerante vai-se fazendo, vai-se construindo. Tem a ver com o aviso de que não é em tempo de guerra que se limpam armas. A Tolerância, nesta figuração, até se propõe como uma arma-que-não-é-arma: não repele, aproxima; não mata, preserva a vida.
Para hoje, proponho este mote: «Tolerância não é concordar com tudo, mas aceitar que as diferenças enriquecem o mundo.» Quem é o autor? Não interessa — e posso garantir que, ao não indicar o autor, seguramente não estou a desrespeitá-lo. Digamos que o autor pediu-me para não o designar. E não fui eu o criador da frase, juro!
Numa esplanada, à volta dum café, lançado o mote, a conversa segue livre, flui sem peias ou atilhos. O à-vontade entre os que se sentam à mesa assegura a corrente de pensamentos, opiniões, dúvidas, teses; teses e antíteses. A conversa não compromete ninguém, talvez se peça outro café.
Numa escola, ou num grupo de discussão, formalmente organizado, lançamos recurso a um guião, a questões-gatilho; estimularemos a fala e a escuta recíproca entre todos; e, conforme a dinâmica de conversa aconteça, perguntamos se é de se tentar uma espécie de síntese, ou tese, final. Como que a sugerir um compromisso entre todos. Ou mesmo sem isso fazer. A conversa já terá produzido frutos. Vamos tentar?