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sexta-feira, julho 24, 2015

Ser ou não ser - acreditar nisso ou não

Há muitos anos que digo isto aos meus alunos:
Always remember that you are absolutely unique, just like everyone else.
(Lembra-te sempre que és absolutamente único, tal como toda a gente.)
Eles olham para mim e parecem perguntar-se: «Outra deste taradinho... Onde quer ele chegar com isto?...»
Quando assim os "endoutrino", estou normalmente a falar da inteligência e do que pode ser a riqueza de pensamento de cada um deles; até para ver se se esforçam um pouco mais nos estudos. E se uns preguiçam sempre, com estas ou com outras, outros há que- não obstante a boa fé - desconfiam da verdade da minha crença, e que estou apenas a passar-lhes a mão pelo pelo, a ver se se aplicam um pouco mais nas aulas.
Bem posso eu invocar a célebre antropóloga Margarete Mead, muitas vezes apontada como a autora desta afirmação; ou de outro autor conceituado -,  pois sim, a desconfiança não abranda.
E eu que cada vez mais acredito nas diferenças individuais e no potencial inteligente e emocional de cada um!... Mesmo que a generalidade dos líderes mundiais e dos seus agentes publicitários se sofistiquem, qual Admirável Mundo Novo, nos esforços da nossa formatação, tipo "Todos diferentes?... Mas a gente põe-nos cada vez mais iguais."

segunda-feira, junho 10, 2013

A mestra Mariana vai ao Oceanário e ensina-nos a falar

A Mariana, minha sobrinha-neta, vai fazer 4 anos. Está naquela idade em que a "tempestade perfeita" entre o desenvolvimento do cérebro, as estruturas cognitivas da linguagem, a motivação para falar e a interação verbal com os outros proporciona o mais exuberante surto da inteligência, diretamente ligada ao uso da palavra, de todo o ciclo do desenvolvimento humano.
http://www.oceanario.pt/layout/img/cms/
lrg_Stegostoma_fasciatum.jpg?857
Nesta altura, a criança está absolutamente dona da sua linguagem. Estica o pequenino dedo indicador e tudo sobre o que ele recai ganha um nome, uma palavra, uma nova significação, um novo sentido; como se a criança fosse, ela própria, um deus criador do Mundo, a pôr o Verbo , tal como no princípio de todas as coisas.
A Mariana não é especial, nem a vejo com olhos de tio-avô coruja. Todas as crianças, que nascem íntegras como normalmente os pais desejam, têm esta aptidão linguística; todas elas têm o mesmo potencial de inteligência. O que faz a diferença entre as crianças é, essencialmente, o ambiente linguístico em que crescem e, em concordância com tal ambiente, a estimulação verbal que recebem das interações sociais com os familiares mais próximos - os pais, os avós e os irmãos -, estimulação essa marcada pela presença da palavra adequada, oportuna - que vem, o mais das vezes, com naturalidade em todas as conversas, por mais banais que sejam, sem que tenham de ter o toque ou o rigor de especialistas da língua.
Voltando à Mariana, estava ainda na casa dos 2 anos, já ela facilmente identificava e falava com à-vontade dos láparos; dos láparos, de outros animais e de outras coisas. Foi, fundamentalmente, o avô materno, que, com conversas sábias, pacientes e feitas sem pressa, levou a Mariana ao domínio tão fácil das palavras e das estruturas básicas da linguagem falada. O segredo foi o próprio prazer do avô nestas interações verbais com a sua tão querida neta.
Hoje de manhã tocou o telefone cá em casa. Era a Mariana, a perguntar-me se queria ir com ela, o avô e a avó ao Oceanário. Claro que queria! A Mariana passou o telefone ao avô e os irmãos acertaram os pormenores da ida.
Há menos de uma semana, a pediatra deu alta à Mariana da varicela habitual nas crianças da sua idade.
Notam-se ainda pintas residuais da maleita nas faces da petiz. Ela sabia que iria encontrar tubarões  no tanque principal do Oceanário; mais, sabia - sabe - que os há de espécies diferentes, mesmo que ainda não lhes conheça os nomes. Pronto, para ela, são, por enquanto, todos tubarões. Disse à Mariana que também iríamos ver peixes-lua e perguntei-lhe se conhecia os peixes-lua. Respondeu-me que não, não sabia que havia peixes-lua; e não deixou de perguntar ao avô, enquanto tomávamos a bica antes de entrarmos no Oceanário, se havia peixes-lua. O avô confirmou-lhe a informação do ti' Jorge (que é o nome por que ela me conhece em família, não me conhece por Fernando).
Entrámos. Estávamos há algum tempo junto ao grande tanque central, já alguns tubarões tinham passado por ali. A certa altura passa à frente da Mariana um tubarão cheio de pintas, razoavelmente grande. "Olha, é um tubarão-varicela!..." disse o tal dedo indicador da Mariana, o dedo das crianças que dá nome às coisas.
Ela própria, a minha sobrinha-neta, achou divertido o que disse. Certamente ela sabe que aquela espécie de tubarão não se designa daquela maneira, mas aquela associação mental criativa aconteceu na sua cabeça, e ela achou que tinha algum sentido e que era legítimo mostrá-la. E tinha razão!
Rimo-nos todos e dissemos-lhe: "Pois, Mariana, parece que tem varicela e podia ter esse nome... O nome a sério é outro, mas esse também lhe fica bem. O nome a sério é tubarão-tigre [na verdade, não é um tubarão-tigre, mas é um tubarão-zebra, mas este matiz concetual ficará para ocasião oportuna, nós próprios tínhamos dúvidas; e, neste caso, o mais importante era mesmo validar o seu pensamento criativo da menina], mas esse também lhe fica muito bem!..."
Na verdade, isto não é nada de extraordinário... mas é notável no que mostra das tremendas capacidades do cérebro, do pensamento, da linguagem, do contacto com a realidade e da interação social das crianças pequenas.



quarta-feira, agosto 15, 2012

Anima Sana in Corpore Sano

Tirada em 2006, a fotografia prova
 onde foi Usain Bolt buscar inspiração...
A publicação de uma notícia sobre uma investigação conduzida pela Faculdade de Motricidade Humana, que conclui que os estudantes que praticam mais atividade física têm melhores resultados escolares nas disciplinas de Português, Matemática, Inglês e Ciências, deve fazer sorrir os filósofos da Velha Grécia, da mesma maneira que Higgs faz sorrir Aristóteles, num diálogo muito bem concebido por Marcelo Gleiser, e que pode ser lido aqui. Éter de Arsitóteles, bosão de Higgs.
A verdade conhecida, mas que só pode ser certificada pela ditadura do método experimental.
Muito bem, que a gente sorria, mas que a gente não deixe de tomar devidamente em conta a verdade e o valor desta asserção clássica sobre o corpo e a mente, de que a ASICS soube tirar partido.
Só falta lembrar, a propósito da parte final deste artigo, o ditado popular que diz "Cedo deitar, cedo erguer, dá saúde e faz crescer."


Educação

Alunos que fazem mais exercício físico têm melhores resultados escolares

09.08.2012 - 21:15 Por Bárbara Wong, Catarina Gomes
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Diariamente, é recomendado fazer uma hora de actividade física moderada e vigorosaDiariamente, é recomendado fazer uma hora de actividade física moderada e vigorosa (Foto: Paulo Pimenta)
 Os alunos que fazem exercício físico têm melhores resultados escolares, conclui uma investigação junto de três mil alunos realizada, ao longo de cinco anos, por uma equipa de investigadores da Faculdade de Motricidade Humana, da Universidade Técnica de Lisboa (FMH/UTL).
Os jovens com aptidão cardio-respiratória saudável tiveram um maior somatório das classificações a Português, Matemática, Ciências e Inglês.

Luís Sardinha, director do Laboratório Exercício e Saúde, da FMH, afirma que existe "a tendência para sobrevalorizar a parte biológica" dos benefícios do exercício físico. E este estudo também os comprova, evidenciando, por exemplo, que "os alunos insuficientemente activos", ou seja, que não cumprem as recomendações de actividade física diária (pelo menos 60 minutos por dia de actividade física moderada e vigorosa), têm maior probabilidade de serem pré-obesos ou obesos, que os miúdos cuja aptidão cardio-respiratória é saudável, decorrente do exercício, têm mais massa óssea, e os que não a têm tendem a ter uma saúde vascular pior.

Mas, para o coordenador do estudo, o resultado mais inovador desta investigação - feita em parceria com o Ministério da Educação e Ciência (MEC) e a autarquia de Oeiras - é o demonstrar que o aumento da actividade física tem reflexos "na parte psicológica, uma dimensão que tem sido menos estudada", nota. "Face à dimensão da amostra", o investigador admite que os resultados possam ser extrapolados para a população escolar.

O chamado Programa Pessoa, co-financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), estudou durante cinco anos (começou em 2007) três mil alunos de 13 escolas do concelho de Oeiras, usando desde acelerómetros, instrumentos que os alunos usavam na cintura para medir os seus tempos sedentários e activos; ecografias para medir a espessura das camadas da artéria carótida; cronómetros para medir a performance cardio-respiratória dentro de um determinado circuito com cadência progressiva.

O que se concluiu é que os alunos do 3.º ciclo com aptidão cardio-respiratória saudável têm melhores classificações a Matemática e a Língua Portuguesa e que, no geral, os alunos com aptidão cardio-respiratória saudável têm um maior somatório das classificações a Português, Matemática, Ciências e Inglês. Ou seja, o exercício físico tem efeito positivo no aproveitamento escolar, uma conclusão que estava sobretudo estudada em idades mais novas, nota.

"Esta linha de investigação vem demonstrar a importância do jogo e actividade física informal e organizada para todas as crianças em contexto escolar", defende Carlos Neto, presidente da FMH/UTL.

Mais auto-estima

A explicação para este efeito foi já estudada noutras investigações: "o exercício promove a formação de novos neurónios e uma maior interacção entre neurónios, que, por sua vez, promovem maior sensibilidade e desenvolvimento cognitivo".

Mas não só. É sabido que a adolescência é uma idade turbulenta, tendencialmente acompanhada pela diminuição de indicadores ligados à qualidade de vida, refere o investigador. O que este estudo também permitiu concluir é que, aumentando a actividade física, cerca de uma média de duas horas por semana, melhoraram indicadores como "a auto-estima, afectos positivos, competência, autonomia, relacionamentos positivos e boas motivações". Pelo contrário, constata-se que os rapazes e as raparigas que fizeram menos exercício desceram nestes indicadores.

Além da produção de resultados estatísticos, o Programa Pessoa esteve no terreno para tentar mudar comportamentos em termos de exercício físico e nutrição, dando acções de formação a professores das várias disciplinas, e produzindo quatro manuais. Nos alunos que revelam maior apetência para a prática desportiva, "um dos objectivos do programa foi criar uma porta de entrada à maior participação desportiva".

Luís Sardinha afirma que "nos jovens há uma luta muito grande entre comportamentos sedentários, associados às tecnologias, e exercício físico" e, defende Sardinha, nesta faixa etária, "temos que mudar o discurso". "Nos jovens, a mensagem assente nos benefícios que o exercício traz à saúde não é eficaz", diz, "estão numa idade em que pensam que são super-homens e não têm capacidade para se colocarem na linha de vida aos 40 anos". O investigador sabe que apelar a estes jovens não tem o efeito desejado.O investigador sublinha que o que é importante é que os jovens "identifiquem o retorno que o exercício lhes traz com situações do dia-a-dia: têm de perceber que [se fizerem exercício] dormem melhor, interagem com mais confiança com o namorado ou a namorada, podem ter melhores notas, relacionam-se mais positivamente com os colegas e os pais".

Se o exercício físico se revela tão importante para os alunos, como é que Carlos Neto comenta a redução da carga horária da Educação Física e a nota da disciplina no final do secundário deixar de contar para todos os alunos? "Um corpo sedentário a par de um currículo escolar apenas centrado nas aprendizagens socialmente úteis (corpos sentados) será um caminho problemático no aumento do "analfabetismo e iliteracia motora" dos cidadãos", responde, acrescentando que "as posições assumidas pelo MEC [são] paradoxais e incompreensíveis".

O ideal seria que, ao terminarem o 12.º ano, estes alunos fossem "consumidores educados do exercício físico", isto porque "está identificado que este é o período de maior abandono da actividade física, por ser uma altura que os jovens adultos adoptam novas rotinas, quer arranjando emprego ou indo para a universidade. Este é um período crítico para o reconhecimento do valor do exercício físico", conclui Sardinha.

O Ministério da Educação e Ciência rejeita que exista uma redução efectiva das horas da disciplina, lembrando que cabe às escolas tomar essa decisão. Quanto ao secundário, a nota contará apenas para os estudantes que queiram. Portanto, "não existe assim qualquer desvalorização da disciplina", informa. 

Dormir nove horas

Os alunos que dormem menos de oito horas por noite têm maior risco de serem pré-obesos ou obesos, conclui o estudo, confirmando assim uma relação já identificada em estudos anteriores. O tempo ideal de sono nas idades estudadas (dos 13 aos 15 anos) é de mais de nove horas, diz o coordenador do Programa Pessoa, Luís Sardinha. 

"Os miúdos que dormem menos têm um Índice de Massa Corporal superior. Dormir oito ou mais horas por noite reflecte-se também num maior aproveitamento académico", aponta. Os alunos que dormiam um mínimo de oito horas por noite tiveram melhores classificações a Matemática e Língua Portuguesa, revelam os resultados. (http://www.publico.pt/Sociedade/alunos-que-fazem-mais-exercicio-fisico-tem-melhores-resultados-escolares-1558459?all=1)

domingo, outubro 18, 2009

Ó ti Jóge, o mar dos Açores é grande?

Hoje, a arrumar papéis, recuperei o que considero ser um bem delicioso diálogo familiar, que aconteceu numa manhã em que o Sol irradiava um brilho como se tudo a que ele chegasse ele quisesse abençoar mansamente.

O dia 18 de Outubro é o Dia Europeu de Luta contra o Tráfico de Seres Humanos.
Dedico este pequenino texto a todos os pequenos sobrinhos e a todos os tios e tias que por causa da violência de homens não podem fruir estes momentos encantadores de convívio humano, de carinho familiar.

"- Ó ti Jóge, o mar é grande, não é? perguntou-me lá do banco de trás, assim que eu parei o carro para me desembaraçar do toque do telemóvel, o J. H., 7 anos de idade, neto do Peter, que toda a sua vida viveu o mar como o rapazinho o começava a ver agora: grande, muito grande. Estávamos num ponto alcandorado da ilha, com o hospital da cidade por detrás de nós e a montanha do Pico a aparecer-nos sobre o lado esquerdo.
- É, J., é grande, e às vezes é mesmo muito grande…
- O mar dos Açores é grande, ti Jóge?
- Olha para ali, J., a gente olha lá para o fundo, vê sempre o mar e depois la no fundo a gente não vê mais, mas o mar continua ainda mais, parece que nunca mais acaba. Mas se tu olhares ali para o Pico, o mar fica pequenino; e se tu um dia quiseres e o mar estiver mansinho, tu podes ir o mar todo até ao Pico, a nadar.
- Ti Jóge, o mar tem um nome?
- Tem, tem muitos nomes, é que há muitos mares. E quando os mares ficam muito grandes já não se chamam mar, chamam-se oceanos.
O J. olhou lá para o fundo para onde eu dissera que o mar continuava e perguntou-me:
- O mar dos Açores é um oceano?
- O mar dos Açores ali para o fundo já se chama Oceano Atlântico. Ali em baixo – tu sabes – chama-se praia de Porto Pim; daquele lado ali, quando vamos para o Pico, chama-se Canal; onde tu estiveste ontem com o teu irmão e os vossos amigos chama-se Praia do Almoxarife…
- Quantos oceanos há no mundo?... interrompeu-me ele.
- Um dia, na escola, a tua professora vai mostrar-te num mapa grande o Oceano Atlântico, o Oceano Pacífico, o Oceano Índico, o Oceano Glacial Ártico e o Oceano Glacial Antártico.
- Este aqui dos Açores é o mais grande ou não, ti Jóge?
- É quase o mais grande. O mais grande de todos é o Oceano Pacífico.
- O oceano dos Açores não é o mais grande, ti Jóge?
A voz e o rosto do J. traziam, nem era bem um desapontamento, era mesmo uma aflição.
- Não, não é… Mas tu já viste bem as coisas bonitas que o mar dos Açores tem? As baleias e os golfinhos; a doca onde tu, o teu pai e os teus irmãos tomam banho; os peixes que a gente pesca com o Chefe Jaime… não é, J.?...
- Ó ti Jóge, tu sabes tanta coisa…
A voz e o rosto do petiz recuperavam já o ar ruminativo e espantado que tomam nas crianças quando elas pensam intensamente. Parece que, quanto ao mar, por agora bastava.
O objecto da sua curiosidade passou a ser a sabedoria das pessoas.
- Ó ti Jóge, quem é que sabe mais, és tu ou é o avô?..."

É a esse avô e ao seu compadre Peter, que leram e se riram com esta pequena história, que eu envio, hoje, dia de Sol também lindo, que há bem pouco trouxe o brilho ao Tejo, que passa lá ao fundo, no horizonte da minha janela, como naquele dia passava o mar dos Açores, que eu mando um muito forte e carinhoso abraço. Um abraço manso, como fez o Sol num dia de Agosto, no Faial, no ano dois mil.

quinta-feira, agosto 13, 2009

O toque de Midas do Pedro


Aqui está um exemplo do "fazer das fraquezas forças". O que se diz das pessoas aplicado nas fotografias: o que é a exibição de uma fraqueza da reprodução fotográfica
(a distorção - que se tornou já vulgar explorar - causada pela ausência de perspectiva e da posição relativa dos elementos figurados entre si) transforma-se num óptimo exemplo da força do pensamento que caracteriza o desenvolvimento dos rapazinhos e das meninas da idade do protagonista que agora aqui temos: o Pedro, de 7 anos de idade.

Aos 7 anos, o pensamento de uma criança sã, viva e tranquila, tem o poder do toque de Midas: tudo aquilo em que a criança põe a mão se transforma em ouro, quer dizer, em imaginação, em criatividade, em desenvolvimento da inteligência, da sociabilidade e do prazer de fazer (a "industriosidade" de que fala Erik Erikson).

Companheiro de jornada extraordinário, o Pedro foi sempre uma criança muito afável, com um cuidado e uma solicitude quase "arrepiante"!, em relação ao forasteiro que eu era. Não se limitou a ser participante passivo nas voltas que demos, mas contribuiu activamente para o prazer e o sucesso da jornada.

O rapaz tem queda para a gestão e a liderança dos grupos: não rejeita sequer as pequenas provocações com que às vezes "picamos" os rapazinhos da idade dele; ouve, olha-nos, sorri e a seguir diz-nos qualquer coisa em que aceita a provocação ou o desafio que lhe fazemos, mas de modo a que conserve para ele margem de manobra para a sua decisão ou o seu comprometimento pessoal.

Parece uma criança que sustenta os passos num estimulante "chão" que avós, pais e os próprios irmãos têm adubado com o que de melhor pedem o afecto e a inteligência das crianças.

E se aquele Topo me deixa apreensivo, por exemplo, sobre o que possam ser as suas condições de cuidado atempado a uma criança sem saúde, não há dúvida que, pelo contrário, dispõe das condições fundamentais para o desenvolvimento de uma criança sã: a ambiência de uma natureza selvagem poderosa, imprevisível e infinita; a humanização dos espaços naturais de vida, de acordo com as necessidades dos grupos humanos e os recursos disponíveis; a presença da vida animal amansada a fazer parte rotineira da economia doméstica; os laços afectivos com a família nuclear e a família alargada; a suficiência básica dos recursos educativos; e a mágica Internet que a leva, à criança, dali, do fim do mundo aos seus antípodas, numa brevidade vertiginosa de tempo.

Pedro, sabes o que quer dizer "antípodas"? Se não sabes, pergunta ao Luís... ou vê na Internet...