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quarta-feira, agosto 13, 2025

#TOLERÂNCIA227 - A TOLERÂNCIA E A PEDAGOGIA DO CONFRONTO

 #TOLERÂNCIA227 - A TOLERÂNCIA E A PEDAGOGIA DO CONFRONTO

A Sábado de hoje traz um artigo que é uma entrevista a um colega meu, Jaime Ferreira da Silva, em que o título geral é "Consome menos energia comprar uma explicação cozinhada", e a última pergunta da entrevista é precisamente sobre a Tolerância. O subtítulo da entrevista diz que "O psicólogo considera que a melhor estratégia contra o radicalismo é a negociação. E dá formações de parentalidade, a pais, porque acredita que a tolerância se começa a ensinar em casa."

Em toda a entrevista, apenas a última pergunta se foca na tolerância: «Como é que ensinamos a
tolerância aos mais novos?»

A resposta é assim: «A educação começa em casa, mas muitas casas tornaram-se uma espécie de hotéis de charme, em que cada pessoa tem o seu quarto, os seus equipamentos electrónicos. Muitas famílias perderam o hábito de tomar a refeição juntos ou fazem-no a olhar para a televisão. Perde-se o treino de socialização que consiste em olhar para o outro e aprender a ler as suas reações — isso é fundamental.»

Leio, releio a resposta, tento entendê-la.

Temos de ser capazes de ir bem mais longe do que isto, tanto os psicólogos como os professores e educadores. A pergunta é clara, a resposta não é. Tem uma ideia central que não entendo («muitas casas tornaram-se uma espécie de hotéis de charme»).

A afirmação acerca da refeição em família… será que é mesmo assim?, será que ainda é assim?, será que pais e filhos vêem ainda as mesmas coisas na televisão?, não será que a presença dos telemóveis e

pequenos ecrãs à mesa é um problema mais actual? Neste ponto, já há alguns anos o Professor Daniel Sampaio, num dos seus mais recentes livros avançou uma proposta, digamos, radical: a hora do jantar é uma hora sem telemóveis e sem ecrãs — para todos os membros da família. Se não estão todos os membros da família, a regra mantém-se para quem está, mesmo que sejam só os filhos; ou só os pais.

Poderão apontar-me: mas então não é uma coisa mais ou menos assim que é implicitamente deduzível naquilo que diz o seu colega? Até admitirei que sim, mas então pergunto: e que tem isso a ver com Tolerância? Inclusivamente, poderíamos dizer que a regra, a proibição de uso do uso de telemóveis à mesa, é marca de intolerância, não de educação da Tolerância.

O treino de socialização é olhar e aprender a ver… Não, não concordo. Para mim, o treino de socialização é relacionar-se, interagir, comunicar, falar; falar e ouvir — ouvir com atenção! “A conversar é que a gente se entende”. “Da discussão nasce a luz”. "Bem dizer e bem ouvir é a arte de conversar". "A palavra é de prata e o silêncio é de ouro". "Quem tem boca vai a Roma". "Quando um não quer, dois não discutem". "Quem muito fala pouco acerta".

Outra vez: estiquemos tanto quanto pudermos os significados da frase do meu colega Jaime. Muito bem. Onde está a educação da Tolerância? Como se faz a educação da Tolerância?

Parece-me que a educação da Tolerância, nestes ambientes de família, à hora do jantar, está essencialmente no confronto: confronto de pontos de vista entre pais e filhos; entre irmãos, que sejam sabiamente arbitrados pelos pais; a propósito de coisas que, inclusivamente, se possam estar a ver nessa altura na televisão, cabendo aos pais o papel de ajudar os filhos a entenderem os confrontos que a Comunicação Social lhes traz para dentro de casa à hora do jantar, os pais ajudam os filhos a entenderem o mundo, as suas oposições, os seus radicalismos, as possibilidades de diálogo e de negociação de conflitos. Aceitar aqui… ceder ali… comprometer-se mais além… trocar… mostrar que por vezes há limites que não podem ser ultrapassados… como se pode garantir a consistência de limites justos…

E deixo, por agora, de fora as tradicionais questões de quem põe a mesa, quem a levanta, quem lava a louça; e as coisas que se comem à refeição: só o que cada um gosta?, tolera-se que desta ou daquela vez o filho não coma a sopa ou o peixe?... Repito, deixo desta vez de fora estas questões.

Pronto, são achegas que deixo para uma discussão sempre necessário e nunca acabada. Agora tenho de ir para a porta 10, vou apanhar o avião.

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