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sexta-feira, julho 15, 2011

Mais Português, mais Matemática, menos Área de Projeto e menos Estudo Acompanhado. Acho que o caminho não é por aí...

Não tenho sobre mim a pressão que o ministro da Educação tem para tomar decisões. Mas precisamente por isso é o dr. Nuno Crato ministro e eu não sou.
Reconheço que se eu pretendo que as minhas opiniões tenham algum valor, elas deverão acompanhar a urgência das medidas, o desenrolar dos acontecimentos, em vez de de aparecer, qual chover no molhado, a lançar doutas - mas ultrapassadas - apreciações críticas.
Como já disse hoje na minha página do Facebook, penso que o nosso ministro da Educação acaba de tomar medidas perigosas a longo prazo. Nas atuais circunstâncias, se calhar, mais grave que aumentar a carga horária de Português e Matemática é, no caso do 3.º ciclo do ensino básico, fazê-lo à custa, não de disciplinas de conhecimentos específicos, mas sim de disciplinas de conhecimento integrado e de consolidação das aprendizagens.
Na esfera das teorias sobre o desenvolvimento cognitivo, mesmo os autores mais críticos das teorias de Jean Piaget, aqueles que discutem sobre o que, afinal, se pode ou não fazer para promover, por treino específico adequado, o "apressamento" do desenvolvimento da sequências dos estados cognitivos de que ele fala; dizia eu, mesmo esses autores mais críticos, sabem que as coisas precisam de um tempo para "assentarem", serem sentidas, serem observadas com algum distanciamento (cognitivo) e testadas, por iniciativa pessoal, com a atenção bem focada no assunto ou tema de aprendizagem.
Não é por acaso - isso sim, é sinal daquela intuição de que só os poetas são capazes - que Natália Correia dizia que a poesia é para comer.. Ora, tudo o que se come precisa de adequado tempo de digestão; precisa depois de esperar que a sensação de fome volte, para que se coma - e assimile - mais alimento. Senão, é um empanturramento bestial que nada serve ao bem-estar e à disponibilidade dos indivíduos (neste caso, do cérebro).
Então, a pergunta: que se vai fazer com o tempo acrescido a Português e a Matemática? Dar mais matéria? Insistir mais na mesma? Que vai mudar na maneira de dar as aulas? Os professores vão ser os mesmos... os programas também...
Sim, senhor ministro, eu sei que tem de começar por algum lado, é verdade.
Mas deixe-me que lhe pergunte: não concorda que as disciplinas de Área de Projeto e de Estudo Acompanhado são precisamente as disciplinas que permitem a integração das diferentes áreas de conhecimento (é o caso da disciplina de Área de Projeto) e, assim, dão sentido a aprendizagens tantas vezes consideradas estéreis e inúteis; e permitem (é o caso do Estudo Acompanhado) o desenvolvimento de técnicas de estudo que entra nos olhos de toda a gente que são, hoje em dia, como pão para a boca para tantos alunos? Porque não, em vez de as abandonar, apostar na otimização destas duas disciplinas?
O que dizem as sabedorias dominantes que são as competências desejadas nos alunos universitários e nos jovens profissionais?... São as competências específicas na língua materna e na Matemática ou é a capacidade de integrar conhecimentos e adaptar-se a situações de estudo, aprendizagem e trabalho que trazem mais e mais novidade?
Não vou esgotar os argumentos, nem para me justificar, nem para estar contra si.
Prometo-lhe que em breve lhe falarei do João de Matos, para ver como defendo o estudo da Matemática até ao final do 12.º ano, mesmo para quem quer seguir um curso de Literatura Portuguesa! Aconteceu há dois anos atrás e até o aluno poderá testemunhar o que lhe direi em breve.
Para acabar por agora: se me perguntasse o que é que eu faria no seu lugar...
Bem, não tenho os elementos de análise e as informações que o senhor ministro tem, mas não é por isso que vou fugir à pergunta.
O que eu faria era o seguinte: reduziria os programas de Português e Matemática, centrando-os nas aprendizagens que já se sabem que são mesmo necessárias, mesmo nas formações académicas e e profissionais, no e para além do ensino superior, que não estão centradas nos conhecimentos matemáticos e da língua materna específicos; e apostaria mais nos professores de Português e Matemática na leccionação das disciplinas de Área de Projeto e Estudo Acompanhado. Além disso, deixaria depois que os alunos pudessem livremente acentuar a sua carga horária em Português e Matemática no ensino secundário. Sobretudo na Matemática.
E calo-me por agora... para não empanturrar ninguém!...

quinta-feira, julho 14, 2011

A sério!, "menos Matemática!", "menos Português!"

O simbolismo desta fotografia é extraordinário!
Apanhei esta fotografia ao lado de uma pequena notícia profusamente espalhada hoje na Internet, sobre os resultados deste ano nos exames de Português e de Matemática do 9.º ano.
Na peugada do que parecem os passos do nosso atual ministro da Educação, grita-se por "mais Matemática!", "mais Português!"
Há quem seja mais sábio e em vez de mais, peça "melhor Matemática!", "melhor Português!"
Pela minha parte, o que me apetece gritar é "menos Matemática!", "menos Português!" E disponho-me a discutir esta minha ideia com quem quiser.
A sério!, "menos Matemática!", "menos Português!"
Repare-se bem na fotografia, e, como é minha opinião, no simbolismo que ela encerra: a tarefa escolar está completamente fora das medidas adequadas para as crianças! Veja-se quanto a criança tem de se pôr nos seus limites para fazer o que lhe pedem!...
O afeto que me liga à minha terra natal, onde esta fotografia, a ser verdadeira, foi tirada, não me permite ficar calado por aquilo que me parece que está aí para vir, que parece soar a "É (vai ser) pior a emenda que o soneto". A apetecer dizer, como um autor humorista já disse, "É pior a ementa que o cimento."
Senhor Ministro da Educação, dr. Nuno Crato, dispus-me, já neste blogue, a alinhar consigo em mudanças gradas e interessantes para a nossa escola atual. Continuo com a mesma disponibilidade.

P.S. - Mais do que discutir este assunto pelo lado da (s) filosofias(s) da Educação, eu quero discuti-lo do lado do que hoje se sabe, de saber seguro, científico, acerca do desenvolvimento cognitivo e da expressão da palavra (falada, escrita e pensada) das crianças e dos jovens.

URL da fotografia: http://www.google.com/hostednews/epa/media/ALeqM5h5AjAQqVW1wsPWu9pFUTeJmYbocQ?docId=6407847&size=l

sábado, junho 25, 2011

Ideias para a Educação, do novo Ministro da Educação

Eu compro!...
O novo ministro da Educação de Portugal é muito claro no que diz.
Pessoalmente, não subscrevo tudo o que diz, tenho outros pontos de vista nalguns temas ou assuntos.
Além disso, Senhor Ministro da Educação, tenha cuidado!... Essa coisa do ministério da educação e do ministério pela educação raia o jogo de palavras que tantas vezes - e bem! - tem criticado; não é que não se perceba a ideia do ministério "pela" educação, mas, repare, tem necessidade de a justificar, de lhe acrescentar explicações... tira um pé fora, mas fica com o outro dentro. Ora não é precisamente isto uma das coisas que o seu eduquês tanto critica? E há mais uma ou outra coisinha no seu discurso, mas nada, por agora, de relevante...
Mas, pronto, percebo muito do que diz, e globalmente concordo. Conte comigo para o desafio que lança! Vamos ver o que a máquina do poder e a força da Crise fazem de si e das suas ideias. Quantos bons panos - dos melhores! - já ficaram repletos de nódoas. OK, também não quero que me reduza a um pretencioso Velho do Restelo.
A sério, conte comigo! Boa sorte!


Uma questão que não é de somenos importância: esta comunicação é de Abril de 2009.
(Intervenção de Nuno Crato no Fórum Portugal de Verdade (em Aveiro) subordinado ao tema da Educação.)