sexta-feira, maio 28, 2010

Fernando Nobre, presidente da AMI, esteve na nossa escola

O n.º 4 do "Eça Voz", jornal da Escola Secundária Eça de Queirós (de Junho de 2010), traz publicado o seguinte texto, de que sou autor, e que tive todo o gosto em escrever, a pedido da minha querida colega Ana Paula Ribeiro, que queria um pequeno texto biográfico de Fernando Nobre, que muito recentemente esteve na Eça de Queirós, na qualidade de presidente da AMI.
Foi um convite de longa data, já do ano passado, que as colegas Maria Eduarda Luz e Manuela Alcobia nunca desistiram que se concretizasse.

Fernando Nobre é certamente uma pessoa, um português, que faz juz ao adágio popular que diz que uma árvore se conhece pelos seus frutos.

Como os navegadores da época que faz a idade de ouro da História de Portugal, ele saiu do descanso do seu jardim à beira-mar plantado e foi ao encontro das intranquilidades e dos desafios do Mundo, os desafios trazidos pela pobreza, pelo atraso no desenvolvimento e pelo sofrimento causado pelas guerras e pelos cataclismos naturais.

A canção diz que o conquistador já foi ao Brasil, Praia e Bissau, Angola, Moçambique, Goa e Macau; foi até Timor. Fernando Nobre também foi a essas paragens e a muitas mais, já foi a mais de cento e sessenta dos espaços geográficos identificados com nomes de países. E não foi como conquistador, nem de terras, nem do ouro, nem de especiarias. No jeito que foi, e sem que fosse o tal conquistador, acabou por conquistar os corações de muita gente, de línguas, culturas e riquezas bem diferentes dos dele próprio.

Muitos, nos Descobrimentos Portugueses, saíram a barra de Lisboa como missionários, a evangelizar, a converter a um credo. Fernando Nobre chegou a todos os credos e ninguém ele quis converter. Se alguém quisesse, em gesto de reconhecimento e gratidão pela ajuda dele recebida, que ele perguntasse qual o mais sábio e justo credo dos homens, ele lhe responderia: “O credo da solidariedade humana, dia-a-dia, hora-a-hora, longe e bem perto de nós”.

Médico de formação e profissão, criou a AMI, Assistência Médica Internacional, em 1984, instituição não governamental que é hoje internacionalmente reconhecida na área da assistência humanitária em situações de catástrofe e de combate ao subdesenvolvimento.

Quando falamos com ele, o olhamos olhos nos olhos e lhe perguntamos: “Tu é isso que fazes, e eu?... que posso eu fazer?...”, Fernando Nobre diz-nos que ele faz como o passarinho de Sariã, a floresta da Índia que um dia foi tomada por um fogo tremendo. Gota a gota, sem descanso, traz no seu bico a água aflita para salvar as árvores e os animais. A seguir diz-nos que a gente sabe o que acontece quando juntamos as coisas, gota a gota, grão a grão; cabe-nos, com essa consciência, decidir o que fazer. A floresta de Sariã continua a arder, mais do que nunca até.

Como homem, Fernando Nobre cumpriu-se na profissão de abraçou, na família que constituiu, nos filhos que gerou. Filhos a quem bondosamente já ameaçou que, se as forças ainda lhe chegassem, lhes desfaria nas costas as bengalas que tem lá em casa se eles o abandonassem na velhice, como vê acontecer com tantos idosos, de tantos lares, que visita.

Receber uma pessoa assim na nossa Escola é um privilégio. Saibamos merecer a visita que nos fez. Vamos com ele salvar a Floresta de Sariã.

sábado, maio 15, 2010

Fernando Pessoa e a mãe

Fernando Pessoa terá escrito a primeira quadra à sua mãe.
Terá, porque não é seguro que o tivesse sido. Provavelmente esta certeza é a mesma que põe as mães a dizerem que a primeira palavra que os seus bebés disseram, quando começaram a falar, foi "mamã".
Seguro apenas é que terá dedicado "à minha mamã" os seguintes versos:

Eis-me aqui em Portugal
Nas terras onde eu nasci
Por muito que goste delas
Ainda gosto mais de ti

Há uma diferença grande entre dizer "ainda gosto mais de ti" e "de quem (do que) eu gosto mais é de ti." A forma escolhida por Pessoa é muito mais interessante do ponto de vista da expressão das emoções. Na forma por ele escolhida, o acento tónico é posto na emoção em si, Pessoa toma consciência da intensidade da emoção que experimenta; na outra forma, o acento tónico ficaria mais centrado na perceção afectiva do objecto sobre o qual recaía a emoção. Pessoa não quis simplesmente louvar a mãe, quis mesmo transmitir-lhe o que tinha consciência que sentia por ela dentro dele.
A mãe terá gostado da carinhosa declaração do filho, com sete anos de idade, mas não terá deixado de lhe observar que em vez de "ti" deveria ser "si", é que não se devia tratar a mãe por tu!...
Espero que a mãe tenha feito esta censura com muita brandura e sem se esquecer de o aconchegar com um miminho.

quinta-feira, maio 13, 2010

O burro carregado de livros, o verdadeiro é este

Esta é daquelas coisas que pedem que a gente passe a palavra.
Recebi-a de António Eça de Queirós, passo-a a quem a quiser pegar.
É sobre as crianças,
é sobre os professores dedicados,
é sobre os burros pacientes e esforçados,
é sobre a pobreza que se combate,
é sobre a ignorância que se abate.
Em "Poetas de Hoje e de Ontem", os autores do livro dizem que Afonso Lopes Vieira organizou no seu palácio vários espetáculos para as crianças do bairro. O poeta leiriense, que nasceu em 1878 e faleceu em 1946, escreveu o seguinte poema, que parece talhado para este vídeo. Felizmente não é!... Mas é só por causa do dono!... O dono de que o poeta fala não é o professor colombiano.
Cuidadosos,
os burrinhos
vão andando
por caminhos.

Levam sacos,
levam lenha...
pesa a carga
que é tamanha!

Levam coisas
p'ra o mercado
no alforge
tão pesado.

E transportam
tudo, tudo
no seu passo
tão miúdo.

Tão miúdo,
tão esperto.
que anda tanto
por ser certo.

Do seu dono
que seria
sem o burro?
que faria?

E esse dono,
quando é mau,
dá-lhe, dá-lhe
com um pau!

E o burrinho
sofre então...
tem nos olhos
o perdão!

terça-feira, maio 11, 2010

O sono dos adolescentes

Diz a edição de Maio da National Geographic (Portugal), sobre o sono dos adolescentes:
"Apenas um em cada cinco adolescentes dorme as nove horas ideais de sono na véspera de um dia de aulas. Os estudantes do secundário com classificações medianas dormem menos do que aqueles com notas mais altas. Os adolescentes ficam menos sonolentos à noite, e acordam mais tarde, o que lhes causa problemas em cumprir os horários escolares matinais (p.72). Os ritmos naturais de sono dos adolescentes exigiriam que eles se levantassem no final da manhã, mas eles são obrigados a começar a escola às 8 horas da manhã (p.75)"
Ora aqui está um conjunto de afirmações que merece reflexão e discussão. Dentro das famílias e nas escolas. E nos blogues, e nas redes sociais...

quarta-feira, maio 05, 2010

Dia da Língua Portuguesa, na Escola Secundária Eça de Queirós

05 Maio 2010 - 12h54, no Correio da Manhã

Dia da Língua e da Cultura da CPLP

Alunos de 35 nacionalidades acolhem Presidente

O Presidente da República, Cavaco Silva, visitou esta quarta-feira, a escola Secundária Eça de Queirós, nos Olivais (Lisboa) classificada como um exemplo no ensino do português.

A Escola Secundária Eça de Queirós, em Lisboa, acolheu esta quarta-feira as celebrações do primeiro ano em que é assinalado o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

A escola conta com alunos de 35 nacionalidades, sendo considerada a escola nacional com alunos de mais países.

A directora da escola, Maria José Soares, explica que "o aparecimento de alunos de tão diferentes países resulta dos estrangeiros comunicarem um aos outros a existência na escola dos Olivais de aulas de português para alunos com uma outra língua materna".

A directora acrescentou que "também os adultos que frequentam as aulas de português para estrangeiros optam por colocar os filhos a estudar na escola".

O sucesso do ensino do português resulta, segundo explicou a professora "da preocupação de prestarem um ensino de qualidade que visa a inclusão".

As comemorações contaram com a presença do Presidente da República, Cavaco Silva, e da ministra da Educação, Isabel Alçada.

O Presidente classificou o trabalho realizado pela escola como um exemplo de promoção da "integração multicultural".

A cerimónia contou também com a presença de embaixadores dos países de língua portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Princípe e Timor-Leste).

Cavaco Silva salientou que o português é uma língua em forte expansão pelo que dos "actuais 250 milhões de habitantes dos países de língua portuguesa dentro de 20 anos serão 350 milhões".

O português é a quinta língua mais falada no Mundo, sendo a língua mais falada no Hemisfério Sul e na América do Sul. É também a segunda língua mais falada na África Austral e em grandes cidades como Paris, Caracas e Joanesburgo. João Saramago


domingo, maio 02, 2010

Nasci Para o Fado | José Geadas - Rouxinol da Caneira (Semi-Final)

Comentei assim, no blogue do Zé:
Querido Zé, depois desta tua tão brilhante atuação, e com a ideia da final da próxima sexta-feira na cabeça, cantarei o teu nome e a tua arte até que a voz me doa!
Força, Zé! Um abraço de muita amizade e votos de grande êxito!


sábado, maio 01, 2010

Melhores cidades, maior qualidade de vida

Abriu hoje a Expo Shangai 2010.
Diz assim o sítio oficial português dedicado à participação de Portugal na Expo:
"Entre 1 de Maio e 31 de Outubro de 2010 realiza-se, na cidade de Xangai, China, a Exposição Universal – World Expo 2010 Shanghai, que irá atrair governos e povos de todo o mundo. A Exposição tem por tema "Melhores Cidades, Maior Qualidade de Vida", representando, assim, o desejo comum de toda a humanidade por uma vida melhor nos ambientes urbanos do presente e do futuro e uma preocupação central da comunidade internacional para a futura elaboração de políticas e de estratégias urbanas de desenvolvimento sustentável."
Já fui espreitar a exposição, tentei ver o Pavilhão de Portugal por dentro, mas - glup!... - ainda não se pode ver...
Confesso, entretanto, que o primeiro pavilhão que procurei ver foi o de Macau... por razões afectivas muitos especiais. E gostei muito do que vi.
Quanto ao Pavilhão de Portugal, sinceramente, agrada-me a ideia de explorar o conceito de "praça", acho que diz bem com o tema da exposição.
A mascote, Hai Bao [o Tesouro do Mar] de seu nome, é inspirada no carater chinês que significa "pessoa".