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segunda-feira, abril 18, 2011

A força de vida do Padre José Fernando

Queridos alunos,
Ao contrário da minha vontade, não pude estar presente na Moagem, no Fundão, no lançamento do livro do "nosso" Padre José Lambelho. Entretanto, com a benevolência e a amizade da dr.ª Maria Antónia Vasconcelos, representante da editora Estrela Polar, pude saudar o Padre Motard, com uma mensagem escrita, que foi lida na sessão por um velho companheiro de aventuras da nossa escola, o agora Comandante da GNR, João Figueiredo.
Com a devida autorização do Padre José Fernando, aqui vos deixo a mensagem que o João Figueiredo leu:
"O primeiro contacto que tive com o Padre José Fernando não foi com a sua pessoa, foi com a sua amizade e com a sua entusiástica força de viver. Mais espantado fiquei com esta força porque tão depressa fui tocado por ela, tão depressa fui informado que o Padre José Fernando era um homem condenado por uma doença irremediável.
É fácil vermos uma criança seduzida pela atenção, pelo carinho, pelo sorriso e pelas palavras amáveis e elogiosas de um adulto, de mais a mais, um adulto que é padre, que é motard, que veste um casaco de cabedal, que aparece na televisão e que arrasta multidões de gentes e de motas magníficas atrás dele. Só que esta criança era uma criança especial, daquelas que também têm alguma coisa de mágico, espalhando vida, espalhando sonhos, ambições e entusiasmos à sua volta. Por isso concluí que o Padre José Fernando teria mesmo de ser uma pessoa especial.
Pouco tempo depois, na escola onde dou aulas, o sonho concretizado a partir do esforço coletivo investido num concurso nacional, pôs-me a caminho de Estrasburgo com colegas e alunos para que estes pudessem ver o seu trabalho consagrado no Parlamento Europeu. À saída do País, na Guarda, constatei que a inquebrantável amizade que os laços fortes da juventude sempre geram ligava, também, mesmo que com a distância de mais de 30 anos, o Padre José Fernando a um dos meus colegas professores participantes na viagem a Estrasburgo. Pela segunda vez, o Padre José Fernando surgia na minha vida social e despertava em mim afetos intensos, agora a partir da presença viva desta amizade de mais de 30 anos entre dois velhos colegas de escola.
Às escondidas, logo mesmo ali, ainda a ver a Guarda atrás de nós, lancei-me num segredo e numa jura com a tal criança, um rapazinho fantástico, amigo do nosso padre: nós os dois congeminámos que os adolescentes seminaristas Lambelho e Acúrcio se reencontrariam muito em breve. Assim o pensámos, assim o fizemos. Foi um acontecimento humano muito rico e muito intenso. Até o conseguimos documentar muito razoavelmente, com uma máquina de filmar discretamente apontada a partir de um canto da entrada de uma pequena sala de espetáculos de uma povoação dos arredores de Lisboa.
Foi nessa altura que conheci a pessoa do Padre José Fernando. Logo aconteceu ele e eu tornarmo-nos aliados na mesma luta, pela saúde, pela vida, pelo bem-estar. A afinidade que nos juntou não tinha a ver apenas com o nome. De algum modo, pudemos espelhar-nos um no outro nas ameaças que as doenças prodigalizam à saúde e à vida.
Hoje, estou em condições de depor as mãos onde quiserem que eu as junte para testemunhar a inteira verdade do que passo já a dizer:
  • O exemplo do Padre José Fernando, na evidência pública que a condição da sua saúde pessoal o mantém, não é a repetição do exemplo do Papa João Paulo II, que suportou estoicamente todo o sofrimento que a vida lhe trouxe nos seus últimos anos de vida;
  • O esforço do Padre José Fernando não é o esforço fantasista, qual fuga para a frente, do doente que nega a sua condição clínica e procura vencer, pela magia ou pela rebeldia, a inexorabilidade do destino que as metástases traçam.
  • Isso sim, o esforço do Padre José Fernando é o esforço intenso e dominado de quem olha de frente para a sua doença e escalpeliza todas as oportunidades de saúde; solicita a firmeza dos médicos e estimula-os a arriscarem um cuidado clínico – novo ou renovado -, onde o cardápio de tratamentos possíveis não mostra mais soluções; sensibiliza os serviços hospitalares para os procedimentos clínicos oportunos, amigos da saúde. Na pessoa do Padre José Fernando, a máxima do “Enquanto há vida, há esperança”, não é apenas um consolo feito de muita fé. É, isso sim, um exemplo tremendo de lucidez pessoal empenhada.
Fernando Pessoa deixou-nos o poeta fingidor que chega a fingir a dor, a dor que deveras sente. Não tenho dúvidas nenhumas que a doença que condena os homens está baralhada com o doente em que o Padre José Fernando se tornou. Já não sabe onde ele sente ou “des-sente”, onde ele dói ou onde ele tenta vencer a doença.
Hoje seremos todos muito amigos e solidários com o Padre José Fernando. Mas, na nau da sua vida, é mesmo ele que vai à proa, é ele que puxa o vento que agita o pano, é ainda ele que vai ao leme.
A gente olha-o e espanta-se com ele. Tão pregados ficamos com a sua força admirável que tantas vezes deixamos por fazer o que tanto bem lhe faria: tocar-lhe os ombros num abraço; mesmo em silêncio lhe mostraríamos o quanto estamos com ele.
A Vida precisa do exemplo do Padre José Fernando! De alguma forma, viver como ele vive, é viver no fio da navalha, tensão que ele todos os dias transforma segundo uma fórmula que ele apurou com a sabedoria que se alimenta da experiência feita: "O dia de Hoje, era o dia de Amanhã, que eu Ontem tanto temia!..."
Querido amigo, consegues sentir, aqui de longe, o abraço do jovem José Geadas, do velho amigo Acúrcio e deste teu homónimo?
Força, hoje e sempre! Vá, não te esqueças, põe aí de lado três exemplares do teu livro, autografado com curvas de letras bem elegantes… e também alguma acelerada vertigem."
Um beijinho de parabéns à jornalista Rosa Ramos pelo papel decisivo na realização de este precioso documento biográfico!

sábado, agosto 21, 2010

Terapia Verde. Quem não precisa desta terapia sei eu bem quem é, é o Zé Geadas

Regresso à natureza. O seu filho vai ser mais saudável se brincar ao ar livre

por Marta F. Reis, Publicado em 21 de Agosto de 2010 | Actualizado há 11 horas
O medo e a tecnologia mataram as brincadeiras na praceta e as subidas às árvores. E também criaram crianças mais obesas, agressivas e descontroladas. A terapia verde está a ganhar adeptos - muitos deles cientistas
José Carlos Cunha leva a filha a brincar ao estádio do Jamor
José Carlos Cunha leva a filha a brincar ao estádio do Jamor
Em 2003, um estudo em 109 escolas primárias do Reino Unido concluiu que as crianças de oito anos conseguiam identificar 83% de 150 personagens dos desenhos animados japoneses Pokémon mas não reconheciam a fotografia de um escaravelho, de um veado ou de um carvalho. "O nosso estudo tem duas mensagens: a primeira é que as crianças têm uma capacidade enorme para aprender acerca de criaturas, sejam elas naturais sejam artificias. A segunda é que parece que os defensores da natureza estão a sair-se pior que os criadores do Pokémon", provocaram os investigadores em entrevista ao jornal britânico "The Independent".

Na última década a investigação do impacto da natureza no desenvolvimento ganhou novo fôlego, com dezenas de estudos a tentarem mostrar o papel protector da natureza na saúde, mas também na fortalecimento de competências como a criatividade ou a concentração, ou até na diminuição da taxa de criminalidade.

Mas estas lições científicas só aos poucos vão entrando na rotina familiar.
(continuação da notícia: seguir a hiperligação do título deste apontamento)

domingo, maio 02, 2010

Nasci Para o Fado | José Geadas - Rouxinol da Caneira (Semi-Final)

Comentei assim, no blogue do Zé:
Querido Zé, depois desta tua tão brilhante atuação, e com a ideia da final da próxima sexta-feira na cabeça, cantarei o teu nome e a tua arte até que a voz me doa!
Força, Zé! Um abraço de muita amizade e votos de grande êxito!


sexta-feira, abril 30, 2010

José Geadas, na RTP1, com o Fado


Hoje vou estar no Casino do Estoril, a torcer pelo Zé, fazendo votos de que tudo lhe corra bem, que ele fique muito satisfeito com a sua participação. Às dez horas da noite, na RTP1.
Se pudesse, não deixaria de votar, votar, votar!

quinta-feira, dezembro 24, 2009

Cadeia de poemas de Natal - 10, para o Alentejo do Zé Geadas

Escrevi assim no blogue do Zé, em resposta aos seus votos natalícios:

Obrigado, Zé, pelos teus votos.
Aqui te deixo, como se de um abraço grande se tratasse, para ti, teus pais, mano e avós, um poema de Natal, que colhi ontem na linda Biblioteca Municipal da Horta, para onde corri a proteger-me da valente chuva.
Diz que o Natal é de todos, em todo o lado. É em Dezembro, mas pode ser em todo o ano. O que é verdade.

Natal, e não Dezembro
..........................
Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio,
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa , em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.
..........................
Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos despojados , mas entremos.
Das mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.
David Mourão-Ferreira (Cancioneiro de Natal.1960-1987)

terça-feira, novembro 24, 2009

Dia do Patrono na Escola Secundária Eça de Queirós

Sinto muita alegria e sinto-me muito honrado por participar na organização deste evento.
Aqui, neste meu espaço pessoal, quero saudar com muito carinho o Zé Geadas, a criança/jovem prodígio que teve o jeito de me "prender" a "palmos de gente" tão entusiásticos e interessantes, que nos põem os sentidos e a curiosidade absolutamente dedicados ao encanto que são as capacidades humanas em desenvolvimento e expansão em gente assim pequena.

Conto trazer o Zé à minha escola ainda neste ano lectivo, nem que tenha de ir "roubá-lo" um dia à escola dele!...

No próximo dia 25, será com uma emoção muito especial que receberei o Miguel Guerreiro na sessão festiva da Escola, escola que este ano tem a particularidade de fazer a inauguração oficial das suas novas instalações.

Lá de longe, de Macau, o pequeno Marc Yu falará connosco através da Internet e, se calhar, vamos ouvi-lo dizer que virá à nossa Escola ainda durante este ano lectivo.

Na verdade, são as potencialidades humanas, o entusiasmo e a paixão de aprender e ser-se cada vez melhor que estas crianças expressam tão bem (e que estão sempre presentes na forma de capacidades escondidas em todas as crianças) que são a razão de ser do empenho sério - e apaixonado também - de tantos professores nas escolas.

Quando a gente os vê a expressar os seus dons, as suas aprendizagens - êh, pá! - é tão saboroso o que a gente sente cá dentro!...

São estes e os outros"putos" que fazem os professores esquecer tantas contrariedades, tantos escolhos ao seu trabalho. São eles que põem os professores a dizer em coro, como Fernando Pessoa, que "o melhor do mundo são as crianças".

Entretanto, a sessão será exclusiva aos membros da Escola (alunos, professores, encarregados de educação e funcionários) e a alguns convidados. Infelizmente, mesmo que estejamos todos muito contentes com o novo auditório, o espaço é limitado. Se todos os alunos quiserem estar presentes... bem, vai ser complicado...



sexta-feira, outubro 02, 2009

Marc Yu, um hino à natureza humana

Nas aulas desta semana tive o prazer de partilhar com os meus alunos o fascínio das potencialidades humanas expressas no desenvolvimento feliz e cativante de algumas crianças. Com destaque especial para o José Geadas, o Marc Yu e o Miguel Guerreiro (por ordem alfabética dos seus nomes próprios).
Penso que os meus alunos gostaram. Eu adorei. Tenho o privilégio de conhecer pessoalmente o Zé e o Miguel.
No que diz respeito ao Marc Yu, bem que gostaria eu de poder estar no Carnegie Hall, no próximo dia 27, para o ouvir ao lado do assombroso Lang Lang!

quinta-feira, junho 04, 2009

Muito obrigado, Zé Geadas!

Deixei assim escrito, há momentos, no blogue do Grupo Desportivo e Cultural de Rio de Moinhos, e no blogue do Grupo Jovem de Rios de Moinhos, também:

O "Fadinho Serrano" da Amália Rodrigues diz que "lá na minha terra há bons cantadores e boas cantadeiras".

Na minha opinião, que já tive a felicidade de ouvir a voz bem motivada do Zé, bem pertinho de mim, bem ao vivo, o Zé é bem mais do que um magnífico cantador de fado e de outras cantigas.

Pessoalmente pude testemunhar, bem longe do seu Rio de Moinhos, o amor e o encanto que ele tem pela sua terra e pela cultura da comunidade a que pertence. Já vi brotar-lhe das mãos, como que por magia, a deliciosa figuração de uma ceifeira alentejana, feita da delicadeza de uma papoila e outros pequenos farrapitos do campo. Deliciosa era a ceifeira e deliciado estava o rosto do Zé a mostrá-la a quem estava ao pé dele.

Para quem, como eu, se ocupa há mais de 30 anos com a expressão da inteligência e a expressão dos afectos das crianças e dos jovens, é um prazer muito grande vê-lo a cantar, a brincar e a conviver.

Não quero fazer comparações em que ponho uns dos participantes do concurso mais acima e outros mais abaixo. Todos os que participaram no concurso da TVI são tesouros muito valiosos!

Mas, não posso também deixar de dizer que, na minha opinião, foi com o Zé que todo o País pode ver a vitalidade das diversas dimensões da vida de uma criança ou de um jovem: a alegria dos seus sonhos; a cumplicidade com os seus amigos, os mosqueteiros dos New Baxter, "um por todos, todos por um"; a fraternidade gaiata com o seu irmão; a presença benevolente e solidária dos seus pais; o entusiasmo envolvente dos seus patrícios; a valorização e o cumprimento assumido e responsável das suas obrigações escolares.

Além de tudo isto, o Zé trouxe-me novos amigos, que me apetece conhecer melhor, não é amigo Norberto?

A poetisa Florbela Espanca tinha mesmo razão, Zé: o ver o teu olhar, o ver a tua vida, faz bem à gente!

Neste blogue apareces várias vezes a dizer-nos obrigado.

Agora é hora de sermos todos nós a dizer-te, todos juntos, com força para te acordar da mais rija das tuas sestas...

ZÉ GEADAS, MUITO OBRIGADO! MUITAS FELICIDADES PELA TUA VIDA FORA!

segunda-feira, junho 01, 2009

O Zé Geadas subiu à montanha.

Hoje de manhã, na escola, alguns alunos, cada um de sua vez, vieram ter comigo e disseram-me todos, mais ou menos assim: “Stôr, o Zé Geadas não ganhou. Votei nele, stôr, mas mas ele não ganhou, foi pena!...”

A todos, na pressa habitual dos intervalos das aulas, tentei dar uma palavrinha de conforto e de solidariedade; e até de agradecimento, vá lá saber-se porquê…
A dois ou três tive tempo de olhá-los bem nos olhos, pôr-lhes a mão sobre o ombro e dizer-lhes, de cara animada: “Foi bom, o Zé esteve muito bem… O Zé subiu à montanha!...”

Todos a quem disse isto franziram a testa, denunciando que se interrogavam sobre a minha resposta, que os deixava perante um mistério, ou qualquer outra coisa carregada de simbolismo. “Deixa, não te preocupes com isso – dizia-lhes eu -, vou falar disto logo no meu blogue, nessa altura vais perceber”.

Eu sou dos muitos da minha geração que viram, vezes sem conta, o “Música no Coração”.
O filme tem mantido sempre um efeito tal sobre mim, que - repito-o constantemente - quando puder partilhar com os meus colegas professores o que realmente gosto de fazer na formação dos professores, nessa altura darei um curso sobre pedagogia usando apenas as letras das canções do filme.
Mas, curiosamente, só agora traduzi uma das letras. E por causa de quem?... Adivinhem lá…

Como já disse noutro lado, na primeira semana de Maio recebi um grupo razoavelmente grande de professores e alunos de vários países da União Europeia, num encontro sobre educação intercultural. A minha mensagem de despedida aos jovens que participaram no encontro foi simplesmente a apresentação de um pequeno vídeo com uma única fotografia, que tirei nos Açores (tirei como gosto muitas vezes de fazer, esperando que o sol nasça lá ao fundo, no horizonte; desta vez, é o Pico que se vê, majestoso, como sempre!...), e sobre a qual escrevi o poema de um dos temas musicais do filme “Música no Coração”, tema que, entretanto, se ouvia em fundo durante a apresentação da mensagem de despedida.
Bem, o sucesso foi de tal forma grande que uma semana depois tinha esse poema traduzido nas seis línguas do projecto (espanhol, francês, grego, italiano, romeno e português; a língua original é o inglês), traduções mandadas logo na semana a seguir, de todos os países participantes! Nunca, em três anos do projecto se tinha conseguido fazer igual!

O que agora quero confessar é que a inspiração para esta forma de despedida veio-me da lembrança do Zé Geadas, das suas actuações no “Uma canção para ti”, dos apontamentos e dos comentários trocados nos blogues, e nas mensagens pessoais que surgiram entre nós. Dos sonhos que ele vai ter durante toda a sua vida.
Aqui deixo agora a fotografia, o poema, e a canção, tal como aparece numa das versões (versão original) do YouTube.
Sem mais palavras, que não sejam um grande abraço ao Zé, aos seus pais e ao seu mano.

Vai, sobe às montanhas, procura no topo e em baixo
Aproveita os atalhos, todos os caminhos que conheces
Sobe às montanhas, pula rio, ribeiro ou riacho
Até ao arco-íris, e lá os teus sonhos realizes.

Sonhos teus que vão precisar
de todo o amor que consigas dar
Toda a vida que levares,
Tantos os dias que viveres.

Sobe às montanhas, pula rio, ribeiro ou riacho
Até ao arco-íris, e lá os teus sonhos realizes.



terça-feira, maio 26, 2009

E pronto! Fiz a minha escolha!

GRANDE FINAL

“UMA CANÇÃO  PARA TI”

31 DE MAIO

(Clicando AQUI, para votar, no site da TVI.  Depois lá, clicar em cima do nome ou da fotografia do Zé e votar, seguindo as instruções.)

Liga para o seguinte número:
760 10 40 02     760 10 40 02     760 10 40 02

Conto com o teu apoio!

José Geadas

Obrigado!

domingo, maio 17, 2009

O José Geadas e a mística do Benfica

Carta aberta ao José Geadas (aberta, porque penso que fará bem a todos os benfiquistas lerem-na):
Hoje voltei a Cernache (Coimbra). Quando cá cheguei, o familiar que vim visitar ainda estava para a missa. Aproveitei e vim para a quinta onde o meu pai passou a sua infância e daqui te escrevo esta carta.
Não há quase dia nenhum em que não pense sobre o que leva as pessoas a aproximarem-se umas das outras; e também sobre o que as leva a afastarem-se. Ou não fosse eu psicólogo e professor. Por exemplo, penso muitas vezes sobre o que se poderá fazer para aproximar mais os professores dos alunos; ou o que se poderá fazer para que os casais não se desunam com a facilidade com que hoje em dia acontece, e assim prejudiquem a consolidação dos laços afectivos dentro das famílias.
Ora a história que te venho contar é precisamente a história de uma ocorrência que me fez aproximar de ti, sem deliberadamente o querer, ou o procurar. E tu aí, longe, no teu Rio de Moinhos, também sem fazeres ideia de nada!
É por isso, por este feliz acaso, que a única coisa que posso agora desejar é que, no fim de leres a história, sintas que gostaste, que é uma história gira.
Certamente já ouviste dizer que as conversas são como as cerejas, quer dizer, atrás de um assunto vem logo outro.
Bom, pode-se dizer que a conversa que deu em história - esta história - começou por causa do David Gomes, outro dos teus companheiros do concurso da TVI.
Mas a marca que faz desta história uma coisa única, absolutamente original; que faz desta história uma narração inimitável, é inteiramente tua. Tem a tua presença, tem a tua vivacidade. Sem saberes, deste-me a oportunidade de vivê-la na primeira pessoa, de ser eu o descobridor do tesouro guardado na memória do meu querido tio Francisco José que - como vais ver - decidiu tornar-se benfiquista sensivelmente com a idade que tu agora tens (cá está outra coisa que apareceu por acaso, e teve o condão de facilitar a tal aproximação pessoal).
Vamos à história. Quase me apetece começar a dizer “Era uma vez...”
A minha irmã vive nos Açores. No dia 19 de Abril estava por cá, por razões profissionais. Aproveitámos e viemos a Coimbra visitar o tio Francisco José, o decano da família.
Antes de lhe batermos à porta, passámos por um grande supermercado para pegar numa caixita de bombons para oferecer à tia Hermínia. Já lhe levávamos o chá tradicional dos Açores e quisemos juntar uma guloseima. (E foi precisamente nesta altura que se passou o que, logo nesse dia, relatei no apontamento deste blogue, no dia 19 de Abril, a propósito do David.)
Ainda agora não conseguimos falar com o tio Francisco José (o mais velho dos quatro irmãos, todos rapazes) sem falar do nosso pai, que morreu há pouco tempo. A certa altura eu disse que a última grande paixão que eu vi esmorecer na alma do meu pai foi a que tinha pelo seu Sporting. Nunca eu desejei tanto que o Sporting tivesse vitórias gloriosas, até contra o nosso Benfica, Zé, como no ano triste de 2007! Mas a vida já tinha tomado um certo caminho e não voltou atrás.
A seguir ao assunto do Sporting do nosso pai, veio o assunto das revistas que eu comprei sobre o David Gomes. Depois, o do momento televisivo delicioso que aconteceu quando te levantaste do teu lugar, foste para junto do Nuno da Câmara Pereira, falaste do Benfica e cantaste o Cavalo Ruço.
De repente, guiado por nada, num impulso, perguntei ao tio Francisco José como é que ele se tinha tornado adepto do Benfica, já que o pai deles, o nosso avô Pinto - ele, sim, um grande poeta popular! - nunca tinha mostrado qualquer interesse pelo futebol. Afinal, quem é que o tinha influenciado?... “Ninguém...” respondeu-me ele prontamente, muito convictamente. Ninguém o tinha influenciado, tinha sido uma opção pessoal. Mais, ele lembrava-se perfeitamente desse momento, teria esse sensivelmente a idade que tu tens agora, como já te disse, onze ou doze anos.

Passaram mais de 70 anos, é certo, mas, repetiu-nos ele, a memória é ainda muito clara:
Corria-se a Volta a Portugal em bicicleta, talvez a de 1933, ou 34. Naquele dia, a etapa ia terminar em Coimbra. Como pode, o tio Francisco José fintou as suas obrigações de trabalho (é verdade, como acontecia com muitos dos rapazes pobres daquela altura, ele trabalhava todo o dia para ajudar os pais) para ir ver a chegada dos ciclistas. E conseguiu-o.
Quando foi o sprint da chegada, ele reparou que havia um ciclista que sangrava abundantemente, mas não deixava de pedalar com muito vigor. “Naquele tempo, não havia nada do apoio médico que os atletas têm hoje”, frisou bem o tio Francisco José. Ele fixou a atenção nesse ciclista: reparou no sangue quente que nele escorria; reparou na ferida aberta na perna, que certamente ardia muito; reparou no suor sujo que lhe caía intensamente pela cara abaixo e testemunhava a queda brutal da bicicleta.
Os olhos do nosso tio fixaram-se finalmente no rosto do ciclista e na expressão de dor que ele mostrava. Mas não foi só isso que ele viu no rosto que o hipnotizava. Ele viu nele também a determinação, a garra bem vincada de quem queria acabar o que tinha de ser acabado, custasse o que custasse. E quando ele viu aquele ciclista cortar a meta, e só depois deixar-se cair e sofrer, o tio Francisco José viu-se tomado por uma sensação de profundo respeito e admiração por esse atleta. E logo ali decidiu que o emblema desse homem assombroso seria também, para sempre, o seu emblema.
O atleta, o ciclista lutador e determinado era o mítico José Maria Nicolau; e o emblema que brilhava no seu peito era o do Benfica.
E foi assim que o nosso tio se tornou adepto do Glorioso!
Não achas bonita esta história, Zé?...
E, se não fosses tu, quem sabe?, talvez nunca alguém chegasse a conhecer esta memória única e irrepetível deste benfiquista cheio de anos, que por acaso é meu tio; e que há muito tempo viveu a magia do crescimento que agora a ti cabe viver.

terça-feira, maio 12, 2009

O menino grande foi ao encontro do grande menino

No domingo passado fui à Orada. O Zeca Barroso tinha-me desafiado, e à nossa amiga Maria João, para outra vez irmos à feira das ervas aromáticas.
Eu tenho a mania de que sou um menino grande.
Peguei na moderna caneta e deixei um bilhetinho na caixa de correio do amigo Norberto, mais ou menos assim: "Diga ao Zé que vou tentar passar por casa dele amanhã, domingo."
No caminho do Redondo para a Orada falei com o Zeca sobre a minha intenção. "Isso arranja-se...", disse-me ele. E assim foi. À tardinha, chegámos a São Tiago de Rio de Moinhos.
O batedor Miguel prontamente nos conduziu, rua acima, com rijas pedaladas à frente do mercedes do Zeca, à casa da família Geadas.
A mãe do Zé reconheceu-me imediatamente e convidou-nos a entrar. Boamente, a senhora foi buscar o filho, e o senhor Geadas ficou ali, na entrada da casa, a acolher-nos.
O Zé, qual pardalito titubiante, destacou-se finalmente da penumbra da porta, que os pais insistiam que passássemos adiante, para dentro da casa.
O corpo e a consciência do Zé pediam o descanso que os olhos, a muito custo, contrariavam.
Ainda assim, o Zé arranjou concentração para o autógrafo; arranjou sorriso para a fotografia; e arranjou palavra para o compromisso de um dia irmos vibrar com o Benfica, na Luz.
Ao final do dia, quando cheguei a casa, em Lisboa, fui escrever ao Zé num bilhete apressado: "Desculpa a maldade que te fiz hoje." Assim que o carteiro electrónico confirmou que o bilhete tinha sido bem enviado, fui abrir o correio do dia. Logo à frente, sendo a mais recente mensagem que me tinha chegado, encontrei, escrito pelo Zé: "Será sempre benvindo à minha casa." Sorri e apaziguei.
Zé Geadas, eu não sou poeta, tal como o Manuel Correia, que contigo cantou; e a tua beleza interior merece que me justifique com as palavras, igualmente belas, de quem as sabe juntar. Aqui ficam. São do poeta Sebastião da Gama:

O MENINO GRANDE

Também eu, também eu,
joguei às escondidas, fiz baloiços,
tive bolas, berlindes, papagaios,
automóveis de corda, cavalinhos...

Depois cresci,
tornei-me do tamanho que hoje tenho.
Os brinquedos perdi-os, os meus bibes
deixaram de servir-me.
Mas nem tudo se foi:
ficou-me,
dos tempos de menino,
esta alegria ingénua
perante as coisas novas
e esta vontade de brincar.

Vida!
não me venhas roubar o meu tesoiro:
não te importes que eu ria,
que eu salte como dantes.
E se riscar os muros
ou quebrar algum vidro
ralha, ralha comigo, mas de manso...

(Eu tinha um bibe azul...
Tinha berlindes,
tinha bolas, cavalos, papagaios...

A minha Mãe ralhava assim como quem beija...
E quantas vezes eu, só pra ouvi-la
ralhar, parti os vidros da janela
e desenhei bonecos na parede...)

Vida!, ralha também,
ralha, se eu te fizer maldades, mas de manso,
como se fosse ainda a minha Mãe...

sexta-feira, abril 24, 2009

Escrevi assim hoje noutro blogue, o Pato Bravo (http://www.patobravo.com/), como comentário a um apontamento lá escrito sobre o José Geadas:

Há coisas muito engraçadas na participação deste miúdo!…
Parece trazer nele a experiência que lhe vem do chão, que sente a certeza do seu valor, mas tem sobre ele o obstáculo de que a sua condição natal o põe logo derrotado perante outros (não interessa se mais, igual ou menos capazes) certamente mais poderosos… São gerações e gerações de vidas duras e muito exploradas…
A espontaneidade do sotaque e da resposta rápida e oportuna a assumir e a defender o seu - o nosso!… - Benfica, a denunciar a integridade pessoal e o pensamento vivo…
O brilho dos olhos, olhando olhos nos olhos; e a expressão tristemente feita de empatia e carinho, com que agradeceu, não aos de Rio de Moinhos, concelho de Borba, mas sim aos de Rio de Moinhos e aos do concelho de Borba… Era o olhar, a firmeza e o afecto de quem sabia o que estava a dizer…
A explosão e a expressividade do salto e do abraço ao colega de concurso, assim que ouviu o Luís Goucha dizer o seu nome… muito claros da alegria sincera e saudável do feito que tinha conseguido alcançar…
Não quero ser tomado pelo virus da “concursite”, a ver quem fica em primeiro, mas o rapaz parece-me um daqueles atletas que os comentadores desportivos gostam de dizer que “correm de trás para a frente”. E assim, quem sabe?, se pelos seus próprios méritos ele não chegará onde ele próprio já considerou impossível chegar.
Hoje, na escola, quis brindar os meus alunos com um poema que celebrasse o 25 de Abril…
Entretanto, enquanto procurava esse poema, encontrei este outro, que achei à medida do Zé Geadas, que me faz lembrar o homem-criança que sonha na “Pedra Filosofal”. Gosto mesmo muito de ouvir o Zé cantar.
O poema. É de Fernando Pessoa (Ricardo Reis), escrito para ele:

Ode
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

Zé, força!…
Viva o Benfica!… (Desculpem os outros o facciosismo…)
Viva o 25 de Abril! 25 de Abril, sempre!

quinta-feira, abril 23, 2009

Fernando Pessoa, as emoções e as representações das crianças

Este apontamento é dedicado
ao José Geadas e ao João Lotra, do concurso "Uma Canção para Ti" da TVI,
quer dizer, é dedicado às crianças que eu imagino que eles são,
e dedicado também a todas as crianças que são
- repito - como imagino que eles os dois são.

Quando estava a preparar uma aula sobre a expressão das emoções e a pedagogia das emoções
nas crianças pequenas,
encontrei um poema de Fernando Pessoa, que me imaginei logo a usar
num hipotético nível avançado de formação para professores,
precisamente sobre a pedagogia das emoções.

O poema de Fernando Pessoa não tem título,
ao contrário da maioria dos poemas que estão publicados nos "Poemas Ingleses".
Tentei dar-lhe um título, 
mas todos me pareceram insuficientes e insatisfatórios.
Lembrei-me, então, de reescrever o início de um (pretencioso) poema,
que escrevi há anos,
e usar esses versos como título.

Aqui vão, então, em grata e cordial saudação ao José Geadas e ao João Lotra:
Para que as palavras falem de ti,
A todos digam o que senti,
É preciso escrevê-las
Alegres e travessas,
Às direitas e às avessas,
E brincar depois com elas.

Então, agora, depois deste "título", o poema de Fernando Pessoa:

Se eu pudesse em madeira meus versos fazer,
Os meninos os podiam então entender,

Tão rente ao sentido que tudo em Deus tem
Estão meus poemas e as crianças também.

Que um menino sabe que senso e razão
Só encobrem nada e o nada são,

E a criança possui, divina, a clareza
De que tudo é brinquedo e tudo é beleza.

Que um dedal, uma pedra, carrinho de linhas,
São coisas que podem sentir-se divinas,

E que, se destas coisas os homens moldados,
Homens são de certo, não imaginados.

Por isso eu queria meus versos tirar
De simples ideias e as representar

Em gravuras, formas, desenhos p'ra ver,
Coisas que meus versos pudessem parecer.

Poeta das crianças então viria a ser.
Embora talvez não o chegasse a saber

Com o senso exterior que faz triste a vida,
Em rostos inocentes alegre sentida

Deus daria à alma o senso perdido
Do saber de outrora, de prémio merecido -

O sentir das crianças, mais ainda, ao ver
Representar meus versos de livre querer,

De pernas cruzadas, brinquedos brincando,
No mundo visível levemente errando.

terça-feira, abril 21, 2009

José Geadas, de Rio de Moinhos, concelho de Borba

Escrevi assim, hoje, no blogue do Grupo Desportivo e Cultural de Rio de Moinhos, no concelho de Borba, na forma de comentário ao apontamento em que o José Geadas, que foi recentemente apurado para a final do concurso da TVI, "Uma canção para ti", agradece, perantes as câmaras da TV, o apoio que lhe foram manifestando, por todo o País:

Há uma coisa que tu fizeste quando agradeceste aos teus conterrâneos, mesmo antes da votação que te pôs na final - quando tu não acreditavas que lá chegarias!... -, que os rapazinhos da tua idade, que vivem em Lisboa, e nas outras grandes cidades, não percebem, porque não sentem da maneira como tu sentes. E como sentem todos em Rio de Moinhos e em Borba (e nos outros Rios de Moinhos e Borbas por esse País fora): a força gregária do "concelho". Nenhum rapazinho da minha escola, nenhum dos meus alunos, se reconhece como pertencendo ao concelho de Lisboa, nem se apresenta assim a ninguém. Como terão gostado de te ouvir as pessoas da tua terra!... Como diz a poetisa portuguesa que foi tua vizinha, ali de Vila Viçosa, a Florbela Espanca (que fala muito de tristeza e pouco de alegria. Ela teria tido mais alegrias se te tivesse conhecido e te tivesse ouvido cantar, ou visto a brincar com os teus amigos), "O ver o teu olhar faz bem à gente..."
Força, Zé! Canta, brinca... e não te esqueças dos trabalhos da escola!...

Se se clicar na hiperligação que está no título deste apontamento, ter-se-á acesso ao blogue do Grupo Desportivo e Cultural de Rio de Moinhos, que tanta satisfação e orgulho mostra pelo seu moço Zé.