Há coisas muito engraçadas na participação deste miúdo!…
Parece trazer nele a experiência que lhe vem do chão, que sente a certeza do seu valor, mas tem sobre ele o obstáculo de que a sua condição natal o põe logo derrotado perante outros (não interessa se mais, igual ou menos capazes) certamente mais poderosos… São gerações e gerações de vidas duras e muito exploradas…
A espontaneidade do sotaque e da resposta rápida e oportuna a assumir e a defender o seu - o nosso!… - Benfica, a denunciar a integridade pessoal e o pensamento vivo…
O brilho dos olhos, olhando olhos nos olhos; e a expressão tristemente feita de empatia e carinho, com que agradeceu, não aos de Rio de Moinhos, concelho de Borba, mas sim aos de Rio de Moinhos e aos do concelho de Borba… Era o olhar, a firmeza e o afecto de quem sabia o que estava a dizer…
A explosão e a expressividade do salto e do abraço ao colega de concurso, assim que ouviu o Luís Goucha dizer o seu nome… muito claros da alegria sincera e saudável do feito que tinha conseguido alcançar…
Não quero ser tomado pelo virus da “concursite”, a ver quem fica em primeiro, mas o rapaz parece-me um daqueles atletas que os comentadores desportivos gostam de dizer que “correm de trás para a frente”. E assim, quem sabe?, se pelos seus próprios méritos ele não chegará onde ele próprio já considerou impossível chegar.
Hoje, na escola, quis brindar os meus alunos com um poema que celebrasse o 25 de Abril…
Entretanto, enquanto procurava esse poema, encontrei este outro, que achei à medida do Zé Geadas, que me faz lembrar o homem-criança que sonha na “Pedra Filosofal”. Gosto mesmo muito de ouvir o Zé cantar.
O poema. É de Fernando Pessoa (Ricardo Reis), escrito para ele:
Ode
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
Zé, força!…
Viva o Benfica!… (Desculpem os outros o facciosismo…)
Viva o 25 de Abril! 25 de Abril, sempre!
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