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sábado, setembro 13, 2025

#TOLERÂNCIA258 - TOLERÂNCIA AOS ERROS, TOLERÂNCIA À CORRUPÇÃO

 #TOLERÂNCIA258 - TOLERÂNCIA AOS ERROS, TOLERÂNCIA À CORRUPÇÃO

Já há alguns anos, um jornalista (tenho ideia de que era italiano...), vendo que todos os especialistas se tinham enganado com as previsões económicas e financeiras e o mundo sofreu um forte abalo com o curso que a evolução económica e financeira, afinal, de facto teve, esse jornalista reclamou para si o direito de opinar, já que não iria, de certeza, errar mais que os especialistas.

Hoje sinto-me assim, com o direito à opinião de um não-especialista. É a propósito de a Comunicação Social em Portugal ter trazido muito recentemente resultados de sondagens que colocam o partido Chega, pela primeira vez, no primeiro lugar das intenções de voto.

O líder, os deputados e os adeptos do partido Chega continuam a ser apanhados em 'gaffes', erros, "esquemas" e crimes. Entretanto, parece que adesão de cidadãos continua forte e as intenções de voto no partido Chega, repito, parece que continuam a subir.

Talvez ajude a entender o que se passa se se olhar para o que tem dominado as notícias na Comunicação Social. A percepção que se tem é de que um mandatário ligado ao Chega provoca incêndios; outro elemento do Chega rouba malas no aeroporto; o líder confunde, com grande espectáculo, festa de cidadãos com festa de hamburgueres; e mais outras coisas deste tipo. Num certo sentido, são coisas episódicas, a cada um o seu erro ou patacoada.

Do lado dos partidos tradicionais (o PS, o PSD, o CDS — essencialmente, os partidos tradicionalmente ligados à governação desde o 25 de Abril de 1974; mas também, por, digamos, omissão e consentimento, os outros partidos mais pequenos, sobretudo o PCP e o BE), tem-se a ideia de que fizeram crescer o "Polvo da Corrupção", que se mantém bem vivo e que escapa a toda e qualquer acção

da Justiça. O último caso será o da anulação da multa de 200 milhões de euros ao cartel dos principais bancos portugueses: provou-se que houve cartel, provou-se a culpa merecedora de multa, mas... mas com a fina engenharia judicial que os partidos tradicionais foram montando na Justiça Portuguesa (a partir da Assembleia da República, ao longo dos 50 anos que decorreram desde o 25 de Abril), excedeu-se o tempo de aplicação da justiça e a multa foi anulada.

Outros casos são o eterno julgamento de José Sócrates e seus apaniguados; e, por exemplo, também o chamado "caso Spinumviva", que envolve directamente o actual 1.º-Ministro, homem do PSD. Ora estes casos (o dos bancos, o de José Sócrates do PS, o de Luís Montenegro do PSD; e outros...) não são episódicos, são continuados, arrastam-se no tempo, e tem-se a percepção social de que sugam o erário público, prejudicam a redistribuição justa da riqueza do País, exigem mais esforços fiscais aos contribuintes, reduzem a retribuição justa dos trabalhadores, e constantemente aumentam os lucros dos bancos e das grandes empresas.

Penso que a percepção dos cidadãos em relação aos danos e delitos que a classe política comete depende, em geral, da natureza do dano (ou delito), da visibilidade que comporta (neste caso, por exemplo, a corrupção tende a ocultar-se atrás de burocracias e “favores”, gerando nos cidadãos a sensação de impunidade), o julgamento moral segundo a cultura tradicional dominante (em países europeus, a infidelidade matrimonial continua a provocar demissões, em Portugal há muito que não).

A corrupção tende a ser vista como falta grave contra a cidadania (mesmo que em contextos de crise ou “costumes enraizados”, poder ser relativizada como “mal menor” ou necessária para “desenrascar"). A corrupção de "topo" (líderes políticos e governativos; directores de bancos e grandes empresas) deixa a imagem de que se apropria dos recursos públicos (assim prejudicando os cidadãos) e retira aos cidadãos a confiança no Estado, no fundo, o efeito de tanta corrupção de "topo" manifesta-se em perdas para toda a comunidade nacional.

Não me quero alongar, vou escrevendo enquanto vou caminhando. Sim, parece-me que os cidadãos toleram melhor os erros e as 'gaffes' do que a corrupção, que tende a ser vista como permanente, sistémica, estrutural. E não se vêem esforços e acções claras dos partidos tradicionais para alterar estas percepções.

Exemplificando: o líder que "denunciou" a ida do Presidente da República à "Festa dos Hamburgueres" teve de se desdizer; o mandatário incendiário foi logo afastado; mas os Ricardos Salgados, os Josés Sócrates, os Luíses Montenegros continuam desfrutando de condições de vidas e protecção dos seus bens patrimoniais a que nunca na vida a generalidade dos cidadãos, honestos trabalhadores cumpridores, nunca chegarão.

Repito, esta será a percepção social. Para agravar as coisas, vê-se por esse mundo fora que as coisas não acontecem apenas no nosso País. Dizem que é o tempo do neoliberalismo capitalista ávido e desenfreado... respaldados nas regras de funcionamento democrático das sociedades! Que ironia...

Se calhar, a ruminação de hoje [ligada à percepção social] é ainda parte da de ontem, a da estação da ira, ou raiva, ou cólera [ligada à vivência emocional]. É, aceito que sim. E também tem a ver com a estação dos jogos de resignação, negociação e cedência [ligada à pedagogia da interacção social]. Que os educadores não deixem de fazer a sua parte.

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quarta-feira, julho 23, 2025

#TOLERÂNCIA206 - QUANDO SE INVOCA A TOLERÂNCIA ZERO

 #TOLERÂNCIA206 - QUANDO SE INVOCA A TOLERÂNCIA ZERO

Na entrevista que a Sábado hoje publica ("Entrevista de vida a ÁLVARO BELEZA"), o entrevistado responde, a certa altura:

Pergunta: «Mas quando entrou depois de 2000, ainda fazia e faz sentido ser maçom?» Resposta: «Ah, claro que faz. Hoje em dia, então, faz mais sentido que nunca. Porque este é um mundo intolerante. Na maçonaria, pratica-se a tolerância pelas convicções dos outros.»

Ainda na Sábado, mais à frente, no artigo "Guia para ser candidato", escrito por Rita Rato Nunes, lê-se assim, no remate final: «Pedro Pinto [do partido Chega] acrescenta: "Tolerância zero à corrupção."»

Penso que vivemos tempos em que os sentimentos de insatisfação e de insegurança são de grande monta, e talvez se distribuam uniformemente por todos os países do mundo, pelo menos naqueles países em que se vulgarizou o uso do telemóvel e da Internet, e as notícias e as "desnotícias" chegam em abundante cascata aos murais das redes sociais e os confrontos entre líderes políticos e militares abrem os telejornais dos canais televisivos. Abrem e ficam quase até ao fim.

Nem o médico sueco Hans Rosling, nem o psicólogo canadiano naturalizado norte-americano Steven Pinker, nem quaisquer outros optimistas como eles, parecem capazes de convencer quem quer que seja do empolgante e promissor Futuro da Humanidade e da saudável Saúde do Ambiente do Planeta Terra.


Quase podemos dizer que a intolerância campeia. As pessoas, pelo menos as do chamado Mundo Ocidental, parecem viver na ânsia de retorno a uma (mítica?) sensação de tranquilidade e clima social sereno e seguro. Numa palavra, as pessoas querem paz de espírito, não querem acordar todos os dias com mais uma notícia de confronto, de oposição, de acusações e recriminações de grupos de pólos — e políticos! — contrários.

Quanto à Tolerância Zero, tem muito que se lhe diga, como já por aqui aflorei.

Conceito, ao que parece, com origem nos Estados Unidos, filho da "Broken Windows Theory" [Teoria das Janelas Partidas], inspiradora de estratégias policiais de contenção da criminalidade pública, é frequentemente usado quando, aparentemente fartos até à raiz dos cabelos, polícias e políticos procuram afirmar-se seguros e firmes na sua autoridade e gritam «Basta!» aos problemas.

Com tanta gente, de todo o espectro partidário, a propor-se combater a corrupção; e a, até agora, nunca ninguém o ter conseguido, talvez não seja uma perda de tempo fazer-se uma quase ingénua pergunta: «O que é a corrupção?»

Ao fim destas mais de 200 jornadas pela geografia da Tolerância, talvez o nosso pensamento rapidamente nos ponha a sugestão: «Como é, vamos fazer um perfil da Corrupção?» Por mim, acho a ideia interessante... A corrupção não castigada de uns poucos gerará a insatisfação legítima de muitos... Da insatisfação legítima da corrupção não castigada à conclusão de que isto está tudo mal a distância é reduzida...

Em Portugal, chegou-se a constituir uma "Alta Autoridade Contra a Corrupção"! A regulamentação legal foi publicada no Diário da República n.º 226/1986, Série I de 1986-10-01, páginas 2812 - 2814. Começava assim:

"A Assembleia da República decreta, nos termos da alínea (d) do artigo 164.º e do n.º 2 do artigo 169.º da Constituição, o seguinte: ARTIGO 1.º (Definição): Junto da Assembleia da República funciona a Alta Autoridade contra a Corrupção, tendo por incumbência desenvolver as acções de prevenção, de averiguação e de denúncia à entidade competente para a acção penal ou disciplinar dos actos de corrupção e de fraudes e cometidos no exercício de funções administrativas, nomeadamente no âmbito da actividade dos serviços da administração pública central, regional e local, das Forças Armadas, dos institutos públicos, das empresas públicas e de capitais públicos, participadas pelo Estado ou concessionárias de serviços públicos, de exploração de bens do domínio público, incluindo os praticados por titulares dos órgãos de soberania." Passaram 40 anos... No que à corrupção e à percepção dos cidadãos sobre a corrupção diz respeito, o que mudou?

Uma vista de olhos rápida por estudos que avaliam o sucesso das medidas de Tolerância Zero deixa-me decepcionado. Uma ideia que ficará na cabeça das pessoas é que a Tolerância Zero só apanha o peixe pequeno, nunca o peixe graúdo.

Parece-me que o conceito e a atitude da Tolerância Zero precisa também de Educação e de Pedagogia. Registo e guardo, vou ter de voltar a esta estação. É que, nesta altura, já temos ideia de que há coisas, há momentos, há comportamentos que a partir de determinado momento não podem contar mais com a nossa tolerância: qual é a distância entre esse momento e a Tolerância Zero? Não sei responder, tenho de ruminar mais sobre este assunto.

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