segunda-feira, agosto 25, 2014

Os drones, à entrada do novo ano escolar

Está prestes a começar outro ano escolar.
Oficialmente, deliberadamente, por imperativos políticos, económicos e financeiros, a condição do professor apouca-se, degrada-se; em proporcionalidade inversa às exigências que o Ministério da tutela impõe e que largos grupos da Sociedade, carentes cada vez mais de cada vez mais coisas, aceitam - umas vezes passivamente, mas acomodadamente; e outras vezes, mesmo agressivamente.
http://www.alexchiodi.com.br/vereador-
retoma-discussao-sobre-o-ciclo-educacional/
Entretanto, ao lado desta triste e lamentável situação sócio-profissional, as crianças e os jovens continuarão a ir para a escola dispondo-se, desejando, confiando; quiçá mesmo, ansiando - sempre legitimamente! -, que os professores os ajudem a aprender e a entender um pouco melhor o Mundo - o que os rodeia, na casa e na escola; e o que sem parar, intensivamente, agressivamente, lhes entra pelos sentidos e pelos poros, nas televisões, na Internet, por todo o lado! 24 horas por dia.
Nova Iorque é a cidade que não dorme, acaba de mo confirmar, por testemunho pessoal, o meu amigo Luís Moniz. O Mundo transformou-se, ele, também, numa gigantesca Nova Iorque, e hoje em dia podemos estar em nossas casas a assistir o que acontece, seja onde seja, seja a que horas seja. O Mundo é uma Nova Iorque também cheio de bairro periféricos, pobres, degradados, anónimos, impessoais; o Mundo é a cidade de Nova Iorque que tanto desconforto deu a Eça de Queiroz, e que, provavelmente, ele nunca compreendeu, nem assimilou totalmente, fosse nas marcas da Civilização que lá encontrou, fosse nas marcas da negação da Civilização que também lá encontrou abundantemente, e que tão longe estava da Civilização que ele tinha como ideal; muito lucidamente, Eça percebeu que Nova Iorque não era modelo para ninguém, que o Progresso e o Bem-Estar teriam - se algum modelo de Progresso e Bem-Estar fosse desejável - de ser procurados noutro lado.
Num interessante e curto artigo publicado hoje no jornal Público, Francisco Louça fala de "este progresso são drones a bombardear aldeias, são consolas a comandar guerras, são algoritmos financeiros a arrasar o mundo."
Precisamente, é Nova Iorque uma das grandes capitais mundiais destes drones, destas consolas e destes algoritmos financeiros. Nunca fui a Nova Iorque, nem tenho vontade de lá ir. De Nova Iorque, a única coisa que verdadeiramente gosto é a interpretação deste miúdo, que nem o próprio autor da canção conseguiu alguma vez interpretar com tanta alma, com tanto dar de si mesmo, simbolicamente visível nas traições que a mudança de voz exibe em desafinações aqui e ali, e, sobretudo, naquele vaso sanguíneo do pescoço que a todo o instante parece que vai rebentar; e que no final, perante os aplausos, diz "Obrigada!"
A generalidade das crianças e dos jovens que os professores apanham nas escolas são assim, ou estão dispostos a sê-lo: entusiastas, ávidos por desenvolverem as capacidades pessoais; prontos para nisso serem ajudados por quem tem competência para os educar e confiando, de boa fé; e nenhum professor se pode negar a corresponder a estas expectativas! Sejam quais sejam os obstáculos e as dificuldades que governantes, inspecções, encarregados de educação e outros lhes plantem no caminho.
Na nossa sociedade, não é mais possível viver sem drones, consolas e algoritmos financeiros. Quem sabe falar deles?... Quem os entende?... Quem os domina?... Quem não se sente incomodado por eles?... Quem não foi já, de alguma forma, atingido e prejudicado por estas coisas que os poderosos políticos e financeiros do Mundo, da capital Nova Iorque, a verdadeira e as simbólicas, sem dormirem, criam e infiltram perversamente nas nossas vidas?...
Mas é aos professores que cabe sempre a tarefa de enfrentar, com lucidez, e mesmo que com medo, estas interrogações, estas realidades, ao pé dos seus alunos. Se ninguém entende, a nós, professores, cabe o desafio de ir um pouco mais além; além do que os pais também, cheios de angústia, não sabem explicar aos filhos. Não recusemos nunca este combate!
Os professores é que estão sempre na linha da frente, num frente a frente institucional e formal, que parece cada vez mais uma trincheira de guerra. Aos professores cabe a desafiante e irrecusável tarefa de fazer da trincheira, em que a sala de aula e a escola quase se tornaram, o espaço de encontro que notavelmente, há 100 anos, os soldados alemães e russos tomaram a iniciativa de fazer no Natal de 1914, aproximando-os dos franceses e seus aliados, num exemplo real, vivo, que deve ser para nós, em todos os encontros das nossas vidas , modelo de diálogo, tolerância e convívio humano; sobretudo por nos terem mostrado, em bem concreto risco de vida ou morte, a profunda humanidade que está antes e depois dos mais vis absurdos da guerra dos poderosos do Mundo.

quinta-feira, agosto 14, 2014

We don't need no education

OUTSIDE MAGAZINE, SEPTEMBER 2014
TUESDAY, AUGUST 12, 2014
We Don't Need No Education
At least not of the traditional, compulsory, watch-the-clock-until-the-bell-rings kind. As a growing movement of unschoolers believe, a steady diet of standardized testing and indoor inactivity is choking the creativity right out of our kids. The alternative: set 'em free.

By: BEN HEWITT

domingo, agosto 10, 2014

EDUCAÇÃO, "IMPERATIVOS BÁSICOS DE ADAPTAÇÃO" - 01

EDUCAÇÃO, "IMPERATIVOS BÁSICOS DE ADAPTAÇÃO"
São exigência biológicas de qualquer espécie, até - e uso a preposição para ironizar - a espécie humana.
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"Qualquer biólogo da vida animal sabe que os animais dos jardins zoológicos não se desenvolverão normalmente se o ambiente em que estiverem não for compatível com as necessidades sociais próprias das suas espécies Mas nós esquecemo-nos disto a propósito da nossa própria espécie. Alterámos radicalmente o curso natural do comportamento da nossa espécie segregando artificialmente as crianças em grupos organizados por idades, pelas mesmas idades, em vez de grupos organizados em comunidades compostas por diferentes idades; e forçámo-las a actividades sedentárias nos espaços fechados das escolas, na maior parte do dia, e pedimos-lhes que aprendam com base em materiais escritos, que são artificiais, em vez de actividades contextualizadas no mundo real, e estabelecendo horários arbitrários para aprenderem, em vez cuidarmos seguir o curso natural das aptidões que o desenvolvimento infantil comporta." (Annie Murphy Paul)
(Any wildlife biologist knows that an animal in a zoo will not develop normally if the environment is incompatible with the evolved social needs of its species. But we no longer know this about ourselves. We have radically altered our own evolved species behavior by segregating children artificially in same-age peer groups instead of mixed-age communities, by compelling them to be indoors and sedentary for most of the day, by asking them to learn from text-based artificial materials instead of contextualized real-world activities, by dictating arbitrary timetables for learning rather than following the unfolding of a child’s developmental readiness.)