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domingo, janeiro 05, 2014

Ser bom professor com Ricardo Araújo Pereira

E, de repente, aparece Ricardo Araújo Pereira a trazer-me à consciência a pergunta:
http://problemasteoremas.wordpress.com/2008/07/22/
dois-comboios-e-duas-cidades/
- Será, na verdade, possível ser-se bom professor se não se entender isto e se não se lidar com prudência e sabedoria com estas diferenças?...
Vem na Visão, na edição de 2 de janeiro de 2014:
"O escritor brasileiro Luís Fernando Veríssimo percebeu que se interessava mais por letras do que por números quando, em criança, o professor de matemática lhe colocou aqueles problemas do costume. "Um comboio parte do ponto A às 8h00 e viaja a uma velocidade média de 100 km/h. Outro comboio parte do ponto B duas horas mais tarde e depois segue a 80 km/h. Determine a que horas vão os comboios encontrar-se no ponto C, sabendo que, etc." Em vez de calcular a resposta, Veríssimo punha-se a imaginar quem seriam os passageiros dos comboios, por que razão iriam do ponto C àquela hora da manhã, ou quem os esperaria lá."

sábado, abril 20, 2013

Oa alunos-peixes das nossas escolas

http://fictionthatmatters.tumblr.com/post/23042909665/
techedblog-everybody-is-a-genius-but-if-you
Falei ontem, ao final do dia, ao telefone, com a mãe de um aluno de uma escola de Lisboa.
A senhora ligou-me, essencialmente queria desabafar a tensão em que a conversa que tivera com a diretora de turma do seu rapaz mais uma vez a deixara. Conheço a senhor e o rapaz já há tempo suficiente para se terem consolidado relações de amizade pessoal entre nós.
O rapaz anda no ensino básico; é muito inteligente, mas a escola, como se diz popularmente, tem sido madrasta para ele. Lembrei-me, enquanto conversava com a mãe dele, do peixe da história de Einstein.
A Internet, na complexidade espantosa de que tantos de nós se tornaram dependentes, divulga uma afirmação cuja autoria, como quase sempre, é disputada por vários cientistas e pensadores importantes, a maioria dos quais sem sequer saber como foram chamados para tal disputa. No caso da afirmação em questão, quem leva, por agora, a camisola amarela é Albert Einstein.
A frase é poderosa, a situação real que ilustra é dramaticamente verosímil - é mesmo uma situação comum nas nossas escolas. Eu diria, é cada vez mais comum nas nossas escolas, onde eu vejo a qualidade e a competência dos professores aproximar-se da apreciação geral que sempre, ao longo de toda a sua vida, Rómulo de Carvalho foi fazendo acerca dos professores; e que eu me tenho obstinado, até agora, a não aceitar.
Diz assim a frase:

“Everybody is a genius. But if you judge a fish by its ability to climb a tree, it will live its whole life believing that it is stupid.”

(Toda a gente é um génio. Mas se julgamos um peixe pela sua capacidade de subir uma árvore, ele passará toda a sua vida a pensar que é estúpido.)

É essencialmente isto que, no meu entender, acontece em tantas escolas, com tantos professores: só têm a árvore para oferecerem aos seus alunos e quem não é macaco... pois é, está lixado!
Nem a malfadada Crise justifica o comodismo (agora não se diz comodismo, diz-se incapacidade de sair da sua zona de conforto), a falta de esforço - e de respeito! - dos professores pelos seus alunos e pela qualidade das suas aulas.
Lembro-me, agora de uma outra afirmação, que ouvi atribuída a Salazar, que diz mais ou menos assim:
"O grande problema nem é as coisas que se dizem ou que se fazem; o grande problema é as coisas que se inventam para justificar o que se diz ou o que se faz..."
É, é verdade, o que é confrangedor - e muito dramático! - é o que se inventa para justificar as coisas com que aos poucos vamos desgraçando a vida de tantos dos nossos alunos - que têm o azar de serem diferentes de nós e de não corresponderem imediatamente à imagem do que a gente quer que eles sejam.

domingo, fevereiro 26, 2012

O Professor Daniel Sampaio, a aprendizagem construtiva dos alunos, as aulas e os professores.

Professor Daniel Sampaio,
Espero que não tenha dito exatamente assim a afirmação que lhe é atribuída pela jornalista Clara Soares no artigo "Um avô, dois netos, um livro", da edição n. 990 da Visão (p. 89): "É preciso ajudar os alunos a construir a aprendizagem e não pô-los sentados durante 90 minutos a ouvir o professor."
Tenho a opinião de o que os leitores precisam de pessoas, especialistas, consagradas na Comunicação Social, como é o caso do Professor Daniel Sampaio, é que o seu génio as ponha a dizer coisas bem para além, com muito mais valor, do que o que está contido naquela afirmação.
A dicotomia, radical, subjacente à forma "É preciso... e não...", convenhamos, é de utilidade e de eficácia muito duvidosas. Se, na verdade, queremos ajudar os alunos, os pais e os professores nessa coisa hipercomplexa e hiperdeterminada que é, hoje em dia, a gestão do direito de todos à educação, ao ensino e à aprendizagem; e se, de facto queremos dizer-lhes alguma coisa interessante e útil, que congregue a compreensão e o esforço de todos eles (já que os - eternos! - problemas com os decisores políticos são o que todos nós sabemos), tal dicotomia é - pelo menos, parece-me - absolutamente infrutífera, quiçá mesmo, pouco inteligente e contraproducente.
Concordará comigo que, no mínimo, a afirmação deveria ter sido formulada de maneira aberta e realmente viável, por exemplo, da seguinte maneira: "É preciso ajudar os alunos a construir a aprendizagem, para além de (ou, não basta) pô-los sentados durante 90 (ou 60... ou 45... ou 50... ou...) minutos a ouvir o professor."(1)
Professor Daniel Sampaio, é ou não é preciso pôr os alunos a ouvir os professores?... (2) Sim, concordo, está a ver, esta pergunta tem também o radicalismo que eu critico na sua.
É mesmo, as palavras às vezes são mesmo complicadas!... A gente tem mesmo de ter cuidado com as palavras que diz. Então no seu caso, que sabemos que muito gente o ouve e o lê. Não devemos bastar-nos a querer dizer coisas só porque produzem um determinado efeito, ou impacto, na comunicação social ou nos grupos alvo que temos em mente.
Entretanto, terei todo o prazer em conhecer as experiências pedagógicas que o senhor Professor conhece e que sustentam a afirmação, repito, que a jornalista lhe atribui.

(1) E isto é praticamente estar a dizer que os alunos que constroem a aprendizagem não o conseguem fazer nas aulas em que ouvem os professores, o que não é, de todo, verdade! Nem Piaget foi alguma vez tão radical, mesmo quando disse que "tudo o que se ensina à criança é um obstáculo à sua capacidade de descobrir e inventar!" Basta que não tomemos ensinar como sinónimo de ouvir, por exemplo.
(2) Tanto que o senhor Professor diz que os pais devem ouvir os filhos!... E o contrário, não?...

domingo, julho 17, 2011

TEDxJamesRiverRoad - Nathan Saxman - Leadership Alumnus 2011

Este rapazinho está claramente ainda nos seus verdes anos de conferencista.
Os meus alunos podem testemunhar que tantas vezes tenho insistido em que sejam capazes de fazerem apresentações aos colegas.
Isso mesmo, apresentações de cinco minutos, e que não tenham vergonha de ter um papel nas mãos para irem lendo, sempre que necessário.
O Nathan Saxman vai certamente longe na vida, nota-se nele, na maneira como olha, como fala e como se mexe, o entusiasmo e a energia de fazer coisas.
Ele, num programa de liderança juvenil, está a falar de quê?...
O que é que ele está a dizer que tem sido importante no seu desenvolvimento pessoal?
PERSPETIVA, COMUNICAÇÃO, OBSERVAÇÃO, EMPATIA
(o vídeo não tem legendas, mas o inglês dele é simples)

quarta-feira, março 03, 2010

O que é a educação - 01


Aprendemos com os poetas que o sonho comanda a vida.
Não sei se Randy Pausch conhecia ou não os poetas da Língua Portuguesa. Seguramente na sua própria língua, outros poetas cantaram também o sonho.
Quando ele deu a sua última aula, verdadeiramente última porque ele sabia que ia morrer dentro de pouco tempo, intitulou-a "Conquistar os nosso sonhos de infância".
Da aula, registada em vídeo (ver aqui) ele depois fez um livro, onde juntou outras coisas.
Por exemplo, um pequeno capítulo que a seguir transcrevo a partir da edição portuguesa. Este capítulo, no meu entender, relata maravilhosamente, com muita clareza e simplicidade, a essência da educação, do que aos agentes educativos (pais, escola e educadores sociais) cabe, com lógica, amor e bom senso.

SONHAR EM GRANDE
Os homens pisaram a Lua no Verão de 1969, tinha eu oito anos. Soube então que quase tudo era possível. Era como se todos nós, em todo o mundo, tivéssemos obtido permissão para ter sonhos em grande.
Nesse verão tinha ido acampar e, quando o módulo lunar poisou, fomos para a casa principal da fazenda, onde tinham ligado uma televisão. Os astronautas estavam a demorar muito tempo a organizar-se antes de poderem descer a escada e andar na superfície da lunar. Eu compreendia. Tinham muito equipamento, muitos pormenores a tratar. Eu era paciente.
Mas as pessoas que dirigiam o acampamento não paravam de ver as horas. Já passava das onze. Eventualmente, enquanto se tomavam decisões inteligentes na Lua, foi tomada uma idiota aqui na Terra. Era muito tarde. As crianças foram todas enviadas de volta às tendas para dormir.
Estava profundamente irritado com os directores do acampamento. O pensamento que me atormentava era o seguinte: «A minha espécie saiu do nosso planeta e aterrou pela primeira vez num mundo novo e vocês estão preocupados com a hora de deitar?»
Mas quando cheguei a casa, algumas semanas depois, descobri que o meu pai tinha tirado uma fotografia à nossa televisão assim que Neil Armstrong pisou a Lua. Tinha preservado o momento para mim, pois sabia que podia ajudar a desencadear sonhos em grande. Ainda temos essa fotografia num álbum.
Compreendo quem argumenta que os milhares de milhões de dólares gastos para colocar homens na Lua poderiam ter sido utilizados para combater a pobreza e a fome na Terra. Mas pronto, sou um cientista que vê a inspiração como derradeira ferramenta para fazer o bem.
Quando utilizamos o dinheiro para combater a pobreza, isso pode ser de grande valor, mas, com demasiada frequência, trabalhamos à margem. Quando se colocam pessoas na Lua, inspiramo-nos todos para desenvolver o nosso máximo potencial humano, que é como eventualmente os nossos problemas serão resolvidos.
Permitam-se sonhar. Alimentem também os sonhos dos vossos filhos. De vez em quando, isso pode significar deixá-los ficar acordados depois da hora de deitar.
(in A ÚLTIMA AULA, Randy Pausch, Editorial Presença, 2008, páginas 153-155)

terça-feira, maio 26, 2009

Ir ou não ir ao apoio, eis a questão - 1/2

Hoje de manhã tive uma aula extra. Uma aula de apoio.
O R. tinha-me pedido ajuda a Física e a Matemática. Está no 8.º ano.
Na reunião do Conselho de Turma do dia 13 de maio (a que assisti excepcionalmente, a pedido da D.T.), alguns professores afinaram pelo mesmo diapasão: o R. está a estudar menos, está completamente desinteressado. Na discussão, empenhada, do seu caso, um de entre os presentes, teve a franqueza de pôr em cima da mesa que algum dos professores lhe disse que ele estaria já chumbado. O R. terá medido as palavras ouvidas, terá medido o tempo que faltava para o final do ano lectivo, terá medido as suas dificuldades em algumas disciplinas e, finalmente, terá medido o esforço que se sentia ainda capaz de fazer para mudar o rumo dos acontecimentos até ao resultado final, antecipadamente anunciado. E o que os professores passaram a ver na sua atitude nas aulas (desinteresse, desatenção e desinvestimento) denuncia a conclusão e a decisão que o R. nessa altura tomou.
Só que, na discussão deste Conselho, constatou-se que, afinal, o R. ainda não estaria chumbado, e que foi pena ele ter deixado de se empenhar. (!... ?... !... ?...)
A colega H., directora de turma, é uma professora afectivamente muito empenhada no bom funcionamento da sua turma e no sucesso escolar dos seus alunos.
Falou com o colega A., de E.M.R.C., que tem uma grande capacidade de escuta e de audiência junto de rapazinhos como o R., e o R. lá foi falar com o colega A.
A situação do R. tem muitos nós. São nós no seu desenvolvimento pessoal, e são nós no bem-estar do seu ambiente familiar. O colega A. não sei se terá pensado no que um dia D. Winnicott disse num convento a uma plateia de frades que se interrogavam sobre os limites e as dimensões da ajuda pessoal e da ajuda profissional, mas o que é certo é que recomendou-me que me ocupasse do R.
No dia a seguir, o R. agradecia-me no Messenger ter-lhe trazido de volta o entusiasmo pela escola e por aprender.
Já não faltam sequer duas semanas para as aulas acabarem, e o R. veio hoje mais cedo de casa para ter uma aula de apoio "não-curricular" comigo, a ver se ainda safa o que ouviu há cerca de um mês dito por alguém que o vai avaliar: que não valia a pena, que não havia mais nada que ele conseguisse safar.
O R., hoje de manhã, na aula extra, deu-se conta que, afinal, era fácil fazer o acerto das equações químicas; e viu-me pular dele para o seu colega D., que estava ali também naquela aula, para o ajudar com o "plus-que-parfait" que vai ser o grande tema do teste de Francês que vai ter na próxima quinta-feira. E não resistiu a perguntar-me: "Mas, afinal, que disciplina é que o 'stôr' dá?..." Pelo modo como a pergunta foi feita, tomei essa interrogação como um elogio. Adiante.
Assim que saímos da sala, uma hora e meia depois de termos começado a trabalhar, cruzei-me com a directora de turma dos dois rapazes. Ela queria contar-me uma coisa: o D. estava a faltar ao apoio a Físico-Química, não podia ser, estava a portar-se mal assim. Nem de propósito, o D. quase esbarrou connosco nesta altura, ali na escada; e não deixei de aproveitar para esclarecer o assunto entre os três: a D.T., o D. e eu próprio. Que boa oportunidade se tinha ali deparado!...
Esse é o assunto do apontamento seguinte deste blogue.