O R. tinha-me pedido ajuda a Física e a Matemática. Está no 8.º ano.
Na reunião do Conselho de Turma do dia 13 de maio (a que assisti excepcionalmente, a pedido da D.T.), alguns professores afinaram pelo mesmo diapasão: o R. está a estudar menos, está completamente desinteressado. Na discussão, empenhada, do seu caso, um de entre os presentes, teve a franqueza de pôr em cima da mesa que algum dos professores lhe disse que ele estaria já chumbado. O R. terá medido as palavras ouvidas, terá medido o tempo que faltava para o final do ano lectivo, terá medido as suas dificuldades em algumas disciplinas e, finalmente, terá medido o esforço que se sentia ainda capaz de fazer para mudar o rumo dos acontecimentos até ao resultado final, antecipadamente anunciado. E o que os professores passaram a ver na sua atitude nas aulas (desinteresse, desatenção e desinvestimento) denuncia a conclusão e a decisão que o R. nessa altura tomou.
Só que, na discussão deste Conselho, constatou-se que, afinal, o R. ainda não estaria chumbado, e que foi pena ele ter deixado de se empenhar. (!... ?... !... ?...)
A colega H., directora de turma, é uma professora afectivamente muito empenhada no bom funcionamento da sua turma e no sucesso escolar dos seus alunos.
Falou com o colega A., de E.M.R.C., que tem uma grande capacidade de escuta e de audiência junto de rapazinhos como o R., e o R. lá foi falar com o colega A.
A situação do R. tem muitos nós. São nós no seu desenvolvimento pessoal, e são nós no bem-estar do seu ambiente familiar. O colega A. não sei se terá pensado no que um dia D. Winnicott disse num convento a uma plateia de frades que se interrogavam sobre os limites e as dimensões da ajuda pessoal e da ajuda profissional, mas o que é certo é que recomendou-me que me ocupasse do R.
No dia a seguir, o R. agradecia-me no Messenger ter-lhe trazido de volta o entusiasmo pela escola e por aprender.
Já não faltam sequer duas semanas para as aulas acabarem, e o R. veio hoje mais cedo de casa para ter uma aula de apoio "não-curricular" comigo, a ver se ainda safa o que ouviu há cerca de um mês dito por alguém que o vai avaliar: que não valia a pena, que não havia mais nada que ele conseguisse safar.
O R., hoje de manhã, na aula extra, deu-se conta que, afinal, era fácil fazer o acerto das equações químicas; e viu-me pular dele para o seu colega D., que estava ali também naquela aula, para o ajudar com o "plus-que-parfait" que vai ser o grande tema do teste de Francês que vai ter na próxima quinta-feira. E não resistiu a perguntar-me: "Mas, afinal, que disciplina é que o 'stôr' dá?..." Pelo modo como a pergunta foi feita, tomei essa interrogação como um elogio. Adiante.
Assim que saímos da sala, uma hora e meia depois de termos começado a trabalhar, cruzei-me com a directora de turma dos dois rapazes. Ela queria contar-me uma coisa: o D. estava a faltar ao apoio a Físico-Química, não podia ser, estava a portar-se mal assim. Nem de propósito, o D. quase esbarrou connosco nesta altura, ali na escada; e não deixei de aproveitar para esclarecer o assunto entre os três: a D.T., o D. e eu próprio. Que boa oportunidade se tinha ali deparado!...
Esse é o assunto do apontamento seguinte deste blogue.
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