sábado, março 25, 2023

Educação - Frases Inspiradoras: Deus e os Homens

 «Não é importante se as pessoas acreditam ou não em Deus; o que conta é como tratam os outros homens.», era o que Hans Rosling ouvia, em criança, aos seus pais. Quase seguramente, na década de 50 do séc. XX, na Suécia.

(Hans Rosling, "Como Aprendi a Compreender o Mundo", p. 21. Temas e Debates, Lisboa, 2021)

Aprender o valor do trabalho, a justiça e a equidade ao colo do pai

Hans Rosling tornou-se conhecido pelo livro que teve de concluir à pressa. A sentença dum cancro do pâncreas não lhe deixava alternativa. O livro apareceu em 2018, tendo o autor morrido em 2017. O livro foi escrito em colaboração cm o filho e a nora. É o Factfulness [Factualidade, ou Os Factos].

Diz o autor na Introdução ao outro livro escrito na mesma altura que «Depressa percebi que havia material suficiente para dois livros», o Factfulness e outro que «é sobre mim e sobre como cheguei a esse conhecimento», isto é o conhecimento que apresentou no Factfulness.

O segundo livro tem como título, em português, "Como Aprendi a Compreender o Mundo", tradução que segue à risca o título em inglês. Logo no princípio do primeiro capítulo, "Da Iliteracia à Excelência Académica", o autor e cientista sueco diz-nos assim:

© Shutterstock
Quando o meu pai voltava para casa do trabalho, à noite, cheirava sempre a café. Trabalhava na torrefação Lindvalls Kaffe em Uppsala. Foi assim que aprendi a gostar do cheiro do café muito antes de começar a bebê-lo. Muitas vezes ficava na rua à espera que ele chegasse do trabalho, a vê-lo aproximar-se de bicicleta pela rua fora. Ele saltava da bicicleta, vinha abraçar-me e eu fazia-lhe sempre a mesma pergunta:
«Encontraste alguma coisa hoje?»

Quando os sacos de grãos verdes de café chegavam para a torrefação, eram despejados para um tapete rolante e, em primeiro lugar, havia a triagem por um potente íman. O objectivo era remover quaisquer objectos metálicos que pudessem ter ido parar ao saco durante o processo de secagem e embalamento. O meu pai trazia-os para casa, dávamos e contava-me uma história sobre cada um deles. As histórias eram emocionantes.

Às vezes trazia uma moeda. «Olha, esta é do Brasil», dizia ele. «O Brasil produz mais café do que qualquer outro país.»

O meu pai deixava-me sentar no colo dele, abria o atlas do mundo à nossa frente e começava a contar a história: «É um país grande e muito quente. Esta moeda apareceu dentro de um saco que veio de Santos», explicava ele, apontando para a cidade portuária brasileira.

E descrevia os homens e mulheres trabalhadoras, elos na cadeia que terminava com pessoas na Suécia a bebericar o seu café. Cedo percebi que quem apanhava o café era quem ganhava menos.