Mostrar mensagens com a etiqueta comportamento. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta comportamento. Mostrar todas as mensagens

sábado, setembro 19, 2009

Boas-vindas aos alunos à entrada do novo ano escolar, 2009/10


É esta a mensagem com que abro o espaço de trabalho que cabe na plataforma informática da Escola a cada uma das turmas que vou leccionar em 2009/2010:

Os anos escolares vão e voltam, ciclicamente.
A mim trazem-me sempre novidades, mesmo que em programas e conteúdos "velhos".
Tenho a sorte e a felicidade de me caber iniciar os jovens no conhecimento sistemático do fascinante e infinitamente variado comportamento humano.
Hoje em dia estou muito apreensivo a propósito do futuro dos jovens que se sentarão nas aulas à minha frente, a partir da próxima semana. Criámos já para eles - para vós! -um mundo com riscos tremendos de limitações e perigos enormes para a vida humana, as outras espécies e o próprio Planeta Terra.
Falarei convosco, queridos alunos, destas coisas ao longo de todo o ano que se abre agora à nossa frente.
E, em jeito de homenagem à disciplina fundamental que lecciono, a Psicologia, refiro-vos aqui uma breve passagem do que a primatóloga (ela é muito mais do que isso!) Jane Goodall disse numa conferência em 2002 (e que poderão ouvir na íntegra, em inglês, nesta hiperligação).

Algumas crianças perguntaram-lhe se ela tinha esperança no futuro, ela que tanto viajava por todo o mundo e via tantas coisas terríveis a acontecer. Ela respondeu-lhes que sim, que tinha esperança. Que tinha esperança em três coisas:
  • o cérebro humano e as coisas que ele é capaz de fazer
  • a resiliência (ou capacidade de resistir) da Natureza, que ela consegue com tempo, ou com uma pequena ajuda.
  • e o indomável espírito humano
Perguntaram-lhe se a realização da esperança estava nos políticos. Ela respondeu delicadamente que a realização da esperança estava nas nossas mãos, nas mãos de todos nós e nas mãos dos nossos filhos. "Somos nós próprios, é cada um de nós que pode fazer a diferença. Se levarmos um estilo de vida em que conscientemente procuramos que a nossa pegada ecológica seja a mais leve possível, se comprarmos coisas que são eticamente legítimas para nós e não comprarmos o que não for, sim podemos mudar o mundo".

Insisto em recordar a seguinte afirmação, que, ciclicamente também, todos devemos trazer de novo ao pensamento:

(Esta pergunta foi a vencedora num congresso sobre vida sustentável)

"Todo a gente 'pensa' em deixar um planeta melhor para nossos filhos... Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"

É preciso começar... JÁ!...

Uma criança que aprenda o respeito e a honra dentro de casa [e na escola] e receba o exemplo vindo de seus pais [e dos seus professores], torna-se um adulto comprometido em todos os aspectos, inclusivé, em respeitar o Planeta em que vive...

Pessoal, desejo-vos um ano de trabalho produtivo, interessante e agradável; que vos faça crescer a vontade de viver com entusiasmo, com prazer em comunicar e partilhar; e em harmonia com o ambiente que vos rodeia.

sábado, maio 02, 2009

Chimpanzé inteligente, chimpanzé castrado

As notícias que os meios de comunicação nos põem todos os dias à disposição são sempre em número tremendamente superior à capacidade humana individual até de simplesmente as seleccionar. Quer dizer, todos nós vamos apenas lendo, vendo ou ouvindo umas coisas!...
Foi assim que só hoje, ao ler mais um bocadinho da edição portuguesa de Maio do "Courrier internacional", que recebi na semana passada, por correio mesmo, dei atenção a uma notícia publicada na secção dos "insólitos" (capítulo "Destaques"), na página 110.
Na hiperligação que fiz no título deste apontamento remeto para a notícia que o Público (na altura em que a notícia foi divulgada pela comunicação social, em geral; ou seja, por volta do dia 10 de Março) deixou na sua edição on line. Mas podem ser pesquisadas na NET outras, até mais pormenorizadas.
O que está em causa é de nos deixar a pensar... pensar seriamente!...
Voltarei a este assunto, mas não quis deixar de dizer já qualquer coisa.
Basicamente, o que está em causa é o seguinte: um chimpanzé (animal que na cadeia evolutiva está meis perto do espécie humana) mostrou-se inteligente, como antes nunca tinha sido observado (Atenção! Altamente inteligente, altamente antecipatório, altamente sofisticado). Foi estudado, e tiraram-se logo conclusões sobre a sua inteligência, e sobre a inteligência de TODOS os chimpanzés. Objectivamente, do ponto de vista do visitante humano (não enjaulado, não o esqueçamos; e não motivo de visita ao Zoo) o seu comportamento era perigoso: atirava pedras aos visitantes.
A notícia no Courrier internacional acaba de maneira semelhante à grande parte das notícias que foram publicadas, em todo o mundo, no dia 10 de Março, citando Mathias Osvath, o investigador que estudou Santino, o chimpanzé:
"Castraram o pobre coitado. Esperam que o nível hormonal baixe e que, assim, se sinta menos tentado a lançar pedras. Já ganhou peso e está muito mais brincalhão do que antes. Mostrar-se agitado não lhe estava a dar bons resultados".
"Mais brincalhão"?... Será que querem dizer que  passou a fazer mais daquelas macaquices que os responsáveis dos Jardins Zoológicos e dos circos pensam que é (apenas) o que os visitantes gostam de ver?...
"Mostrar-se agitado"?... Será que querem dizer que  tentava preservar - como nós, os humanos, bem gostamos de fazer - um pouco de "privacidade pessoal", e livrar-se de tantos mirones que o querem ver todos os dias - durante todo o dia! - a fazer "macaquices"?...
"Não (lhe) estava a dar bons resultados"?... Não estava a dar bons resultados... a quem, mesmo: ao chimpanzé?... aos tratadores?... aos visitantes?... aos responsáveis do Zoo?...
E, reparem: nem uma palavra mais sobre a sua inteligência, sobre o seu comportamento inteligente! Então não valeria a pena continuar a observar e a estudar este comportamento inteligente do chimpanzé?... Não ganharíamos nós, os humanos, com isso?...
Não consigo deixar que o "Voando sobre um ninho de cucos" me venha ao pensamento.
Não vou dizer mais nada sobre este "insólito", nem sobre o que penso que se poderia ter feito em alternativa; nem sobre o imperialismo ditatorial do Homem sobre as outras espécies e o ambiente.
Convido os meus alunos, e todas as outras pessoas mais que o queiram, a pensarem sobre esta notícia e a deixarem aqui a sua opinião.
Pela minha parte, um dia destes, quando tiver mais vagar, voltarei a este assunto.