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domingo, agosto 12, 2012

Citius, altius, fortius - BALANÇO 2012. A próxima vez será no Rio de Janeiro, em 2016

Os Jogos Olímpicos, a edição de Londres, vão acabar hoje.
Dediquei-lhes tempo e atenção como há muito não fazia. E sinto-me contente do o ter feito.
Num balanço puramente pessoal, de alguém que pouco ou mesmo nada sabe da vida dos atletas e das teias desportivas, políticas, económicas, e sei lá que mais, que envolvem esta festa desportiva, faço o seguinte balanço:
MOMENTO MAIS ALTO
- Liu Xiang. O que fez depois da maldade com que o seu "calcanhar de Aquiles" (em sentido praticamente literal da expressão, para além, evidentemente, do sentido metafórico) o traiu foi notável. Já falei muito disto no Facebook. Penso que nunca mais me esquecerei do comportamento notável do atleta. Fez-me apetecer reclamar perante todo o mundo a minha costela chinesa: sou natural de Macau, na freguesia da Sé.
RESERVAS PARA TODOS OS MOMENTOS SEGUINTES
- Não conheço e nunca conhecerei as histórias pessoais, únicas, específicas de cada um dos atletas que participa nos Jogos Olímpicos. Se as conhecesse, certamente modularia as minhas impressões sobre estes Jogos e sobre os atletas da minha simpatia e os outros. O pouco que conheço fez-me acarinhar especialmente Tom Daley, Gladey Tejada e Lin Dan. Confesso que fiquei desapontado (esperançosamente  desapontado, ele é ainda muito novo) com Tom Daley, e temo que ele esteja a ficar refém da máquina de marketing que funciona poderosamente à volta dele; gostei muito que Gladey Tejada tivesse competido e terminado a Maratona feminina e tivesse batido o seu record pessoal; gostie que Lin Dan tivesse ganho a medalha de ouro na prova de Badminton, numa final tremenda!
AS VARIÁVEIS DO SUCESSO NOS JOGOS OLÍMPICOS:
- Parece que se confirma a importância de se ser um país grande (geograficamente falando, e populoso) e poderoso economicamente.
- Continua a dizer (quem tem obrigação de estar bem informado sobre isso, os jornalistas da especialidade) que é graças ao desporto que muitos atletas negros dos Estados Unidos vencem as dificuldades e a segregação sócio-económica que continuam a viver.
OS SINAIS, OS AVISOS, AS ESPERANÇAS
- Os sucessos dos países pequenos (por exemplo, a Holanda) e o sucesso dos países pobres (africanos, por exemplo) continuam a mostrar que a sabedoria e o valor humano básico está bem para além do poder dos dólares, dos euros, das moedas orientais e outras. E tudo isso é uma lição para a tacanhez intestina e interesseira, mais do que dos atletas portugueses - que sofrem e se esforçam tanto quanto os outros -, dos dirigentes desportivos e políticos do nosso país.
A DIMENSÃO HOMO PSICHOLOGICUS (de carne e osso; e coração apertadinho; cheio de fé e crenças)
- O choro convulsivo de Felix Sanchez, que correu a sua prova com a fotografia da sua avó e o nome da avó escrito nos sapatos. E que disse que se choveu no momento da entrega das medalhas foi porque, no céu, a avó chorou de alegria com ele.
VIVA O PRAZER DO DESPORTO!
- Provavelmente não é "apenas" assim, mas ver a bonomia de Usain Bolt, depois confirmada por um colega seu, que disse, numa entrevista, que o segredo é correr para se divertir, correr pelo prazer de correr, é, sinceramente, bonito de ouvir e muito mais bonito de ver! Qual aviso à navegação, vale bem a pena que a generalidade dos desportistas, sobretudo os de alta competição, pensem no que o atleta jamaicano disse. Por isso não posso estar de acordo com Rosa Mota que diz que quer que não seja Bolt a ganhar a prova dos 100 (ou dos 200?, já não sei bem...) por causa do jeito brincalhão dele. Com franqueza, Rosa Mota!...
APREENSÃO, A MINAR TUDO O QUE QUERO PENSAR SOBRE OS J.O.
- As notícias do continuado, reiterado e cada vez mais sofisticado doping, feito por gente que conehce as coisas por dentro.
O PODER DA CONDIÇÃO PSICOLÓGICA
- Várias vezes pude ver que a pequena diferença entre o grande vencedor olímpico e os outros competidores foi a força da convicção psicológica, da crença, da resistência e da recuperação psicológica; e do auto-domínio.  Neste campo, os atletas americanos, em geral, foram os melhores de todos! Fantástica, a preparação psicológica que os americanos trazem para as grandes competições! Mesmo para quem não morre de amores - bem pelo contrário, como é o meu caso - pela sociedade americana e a sua cultura dominante.
A VERDADE DESPORTIVA
- O recurso frequente ao registo vídeo, ao "olho de falcão", para que a verdade desportiva não fose adulterada e o erro humano fosse controlado.
A FALHA MONUMENTAL DA ORGANIZAÇÃO INGLESA
- Tem a ver com a chama olímpica. Lindíssima! Muito bela!... Mas fundamentalmente imperfeita e ao arrepio do ideal olímpico que manda que esteja sempre vigorosamente acesa e visível desde que os Jogos começam até que acabem: condicionada pelo espetáculo, foi acendida no centro do relvado; para ser posta no seu devido lugar teve de ser reduzida à dimensão de um facho (e mesmo esse, não sei...). Depois, ao invés de ficar altaneira para ser referência dentro e fora do estádio olímpico, qual farol sinalizador, foi colocada num espaço discreto dentro do estádio, irremediavelmente empobrecida.
AS PRÓXIMAS OLIMPÍADAS
- 2016. Seguramente, muita coisa estará diferente na minha vida. Para já, desejo poder vibrar como fiz com estas. O tempo o dirá. Talvez alguns dos "filhos queridos" de agora estejam também presentes no Rio de Janeiro. E certamente criarei outros.

sexta-feira, julho 27, 2012

Citius, Altius, Fortius

Começam hoje, oficialmente, os Jogos Olímpicos de Londres.
São coisas destas que o mundo, absurdo, da formalidade, da política, da organização dos grandes dinheiros e grandes lucros; e, finalmente, das conveniências televisivas vai fazendo: hoje começa, hoje inaugura-se, em jeito de cerimónia de abertura oficial, o que já começou, o que já está a acontecer há dois dias. Pensando bem, se calhar, já há muito tempo que é assim, a gente é que andará mais atentos a estas coisas e dá-lhes outra importância. Quem sabe, há mais tempo que deveríamos ligar a estas coisas...
Enfim, como desabafa tolerantemente o povo, que seja pelo bem das almas. Que seja pelo bem do espírito olímpico, que entrelaça simbolicamente, numa bandeira, cinco arcos coloridos, representando cada um deles  uma parte do mundo:
Citius, Altius, Fortius
Folheei há pouco um pequeno livro que, em 1999, pretendeu juntar alguma sabedoria do milénio. Reconheci um ou outro que já lá tinha lido noutra qualquer altura. Encontrei um provérbio chinês (pelo menos -  o seu a seu dono -, a autoria da sabedoria condensada no pequenino texto é no livrinho atribuída ao povo chinês) que, desta vez, me prendeu mais a atenção. Ruminei... Passei à Net. Encontrei outro provérbio chinês que li também com muita atenção.
Ao lê-lo, saltou-me ao pensamento uma uma analogia que aproxima o atleta do Jogos Olímpicos de Londres do espetador que, bem sentadinho, em qualquer parte do mundo o veja na televisão.
Diz assim o provérbio: 

If you want happiness for an hour -- take a nap. If you want happiness for a day --go fishing. If you want happiness for a month -- get married. If you want happinessfor a year -- inherit a fortune. If you want happiness for a lifetime -- help someone else.
(Se queres ser feliz por uma hora, dorme uma sesta. Se queres ser feliz por um dia, vai à pesca. Se queres ser feliz por um mês, casa-te. Se queres ser feliz por um ano, herda uma fortuna. Se queres ser feliz a vida inteira, ajuda alguém.)
Ora, a tragédia do atleta olímpico comporta estes momentos todos de felicidade: numa hora, num instante, joga a sorte daquele dia, a preparação de todo um mês, as circunstâncias de vida durante um ano; a interrogação da vida que um dia o poeta plasmou: "Valeu a pena?..."
É... talvez o que valha mesmo mais a pena na festa tremenda que hoje começa... oficialmente... seja o espírito olímpico que aproxima, em competição saudável e amiga, os atletas e os povos.
No tempo da Velha Grécia, suspendiam-se as guerras durante a realização dos Jogos, não era?
Londres está coberta de sofisticados equipamentos anti-mísseis.