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segunda-feira, setembro 08, 2025

#TOLERÂNCIA253 - SÃO TODAS AS RELIGIÕES INTOLERANTES?

 #TOLERÂNCIA253 - SÃO TODAS AS RELIGIÕES INTOLERANTES?

O Instagram trouxe-me hoje de volta este pensamento cuja autoria é comummente atribuída ao famoso Arthur Clarke (1917-2008), autor e inventor britânico: «Uma das grandes tragédias da humanidade é que a moralidade foi sequestrada pela religião. Por isso, as pessoas agora assumem que a religião e a moralidade têm uma ligação necessária. Mas a base da moralidade é, na verdade, muito simples e não requer de todo uma religião.»

Seja qual seja o autor, sim, penso que é preciso fazer pedagogia que separe o que tanto está incrustado nas mentes culturais dos Povos, sobretudo, arrisco-me a dizê-lo, de credos religiosos essencialmente monoteístas, como é o caso do nosso País.

Ao princípio da tarde, li uma notícia no The Times (edição de hoje, sendo autor Kaya Burgess), com o título "Pessoas não-religiosas mantêm a fé em Deus e na vida após a morte — algumas até rezam.", que diz o seguinte:

«Um estudo concluiu que nem todos os britânicos que afirmam não seguir qualquer fé religiosa podem ser classificados como não-crentes totais, constatando que um terço acredita numa vida após a morte e um quarto acredita num deus. Quase metade da população, 46%, pode ser classificada como 'não

afiliada religiosamente', mas menos de metade deste número não possui crenças espirituais, de acordo com um relatório que analisa especificamente as opiniões daqueles que não pertencem a qualquer fé, descritos como 'religious nones' (não-religiosos). [...]

»[...] O Reino Unido tem a quarta proporção mais alta de ateus entre os países estudados, atrás da França, Suécia e Austrália. Tem a sexta maior proporção de pessoas não-religiosas, atrás do Japão, Países Baixos, Suécia, Austrália e Coreia do Sul. As pessoas não-religiosas no Reino Unido estão entre as mais propensas no mundo a afirmar que a religião 'encoraja a intolerância', ocupando o quinto lugar globalmente, em conjunto com os Países Baixos e a Grécia.

»No censo de 2001, 15% da população afirmou não ter religião. Em 2011, este número aumentou para 25%. Em 2021, atingiu 37,2%. Foi predominantemente o aumento de pessoas não-religiosas durante este período que fez com que a proporção de cristãos caísse abaixo de metade pela primeira vez.

»Os investigadores afirmaram: 'Apesar de o ateísmo ser comummente entendido como não acreditar em Deus, pequenas percentagens de inquiridos em muitos locais dizem ser ateus em resposta a uma questão de identificação religiosa, mas afirmam acreditar em Deus ou outras crenças religiosas ou espirituais noutras questões. Alguns académicos da religião argumentam que a inconsistência ou "incongruência" é na verdade a norma, e não a excepção, quando se analisa a fundo as identidades, crenças e práticas religiosas das pessoas em todo o mundo.'» [...]

Como tenho provavelmente um preconceito contra as religiões monoteístas, já que as considero as mais intolerantes de todas (as que têm na Bíblia e na Torá os textos sagrados fundamentais), fui fazer uma pesquisa rápida na Net, que me falou de intolerância religiosa na China e no Japão contra... os católicos. Imediatamente imaginei os missionários cristãos a tentarem a conversão dos gentios, de todos os gentios e de todos os poderosos, à fé monoteísta.

Independentemente de eu estar certo ou não, o que parece que é certo é, como mostra o estudo, a ideia de que a religião encoraja a intolerância afasta as pessoas dos credos e dos templos. Curiosamente, pessoas que querem acreditar em Deus e na vida depois da morte, só que querem viver a sua crença numa ambiência de tolerância que não encontram nas igrejas e templos tradicionais.

Entre as igrejas monoteístas, há alguma que não mantenha permanentemente o fito da conversão dos "infiéis"? Há alguma que não mantenha permanentemente o fito da obediência total? Obediência, mais do que a Deus, aos chefes religiosos bem terrenos? Para mim, um dos reptos mais desafiantes para os que creem em Deus é o dito que encontrei logo na primeira página dos "Ditos e Feitos dos Padres do Deserto": "Dizia o abade Mios: «Obediência por obediência. Se alguém obedece a Deus, Deus obedece-lhe.» Uau!... O dito reflecte uma relação pessoal, individual, entre Deus e o crente: «Deus obedece-lhe», o que é isto?

Seja o que seja, o que ressalta é a necessidade da Educação: informar, ajudar a pensar, a conversar, a trocar ideias e pontos de vista; a tomar decisões, a fazer opções; a aceitar a naturalidade dos erros e das inflexões que eles sugiram ou determinem.

Num tom de brincadeira, a chamar a atenção para a importância da "catequização" (mais educação, menos catequização, esta aqui entendida como inculcação ideológica), hoje também vi no Instagram um pequeno vídeo em que o autor explicava como os japoneses se tornaram profundos apreciadores de café. Muito arreigados à tradição do chá, os japoneses resistiram a todas as estratégias de introdução do café nos hábitos de consumo na sociedade japonesa. Resistiram a todas menos a uma: a da Nestlé. Que fez a Nestlé? Diz o senhor (Atenção! Não fui ainda verificar se é verdade ou não, talvez um dia, quando for ao Japão, confirme a tese do senhor do Instagram) que a Nestlé apostou na distribuição de gomas, rebuçados, caramelos e quejandos com sabor a café entre as crianças. Estas, quando cresceram, estavam "viciadas" no café. Verdade ou mentira, o que este caso anedótico mostra, mais uma vez, é o valor da Educação. De pequenino é que se torce o pepino, não é?

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quinta-feira, julho 17, 2025

#TOLERÂNCIA200 - SOBRE O TREINO DA TOLERÂNCIA

#TOLERÂNCIA200 - SOBRE O TREINO DA TOLERÂNCIA

"Alguns irmãos que visitavam um santo ancião que vivia num lugar deserto depararam-se com algumas crianças à volta do seu mosteiro que estavam a guardar [animais] e a fazer comentários impróprios. Depois de revelarem ao santo homem os seus 'logismoi' [termo grego que significa pensamentos /impulsos /tentações intrusivos na mente, que podem levar a comportamentos condenáveis] e de terem beneficiado da sua sabedoria, perguntaram-lhe: «Abba [Pai], como é que toleras estas crianças e não lhes dizes para não serem tão barulhentas e inconvenientes?» O ancião respondeu: «De facto, há dias em que gostaria de lhes dizer [isso], mas repreendo-me a mim mesmo, dizendo-me: 'Se não consigo suportar este pequeno [incómodo], como poderei resistir a uma tentação grave se ela se abater sobre mim?' Por isso não lhes digo nada, para assim me fortalecer e conseguir tolerar as coisas mais sérias e difíceis que me sobrevenham.»

O parágrafo anterior contém um dito/feito dos Padres do Deserto (peguei-o no "The Anonymous Sayings
of the Desert Fathers" a Select Edition and Complete English Translation por John Wortley, Cambridge University Press, 2013).

Penso que o texto pode animar uma sessão de dinâmica de grupo à volta do tema da Tolerância, e proponho três linhas de exploração da história:

1) Chamando a atenção (a partir da atitude do velho sábio) para a evidência de que a Tolerância não está adquirida uma vez por todas, mas que precisa de ser treinada, sugerir que, em 2-3 minutos, cada participante escreva num papel uma situação do dia-a-dia que os irrite habitualmente. A seguir, cada um lê ao grupo o que escreveu. A tarefa do grupo consiste em os participantes proporem-se reciprocamente maneiras de transformar os incómodos apresentados em treino de Tolerância ou Paciência.

2) Com base no exemplo do santo ancião, que em vez de repreender as crianças se repreende a si mesmo, que estratégias pode cada um usar para autorregular as emoções, os sentimentos e os impulsos, antes de agir? (É novamente o grupo que reciprocamente sugere a um e a todos tais estratégias)

3) As crianças do texto estão fora do mosteiro, estão "à volta do seu mosteiro". Desafio para o grupo: como equilibrar a aceitação do outro (por ex: diferenças pessoais, de idade, barulho, linguagem rude) com limites saudáveis numa relação de vizinhança?

Bem, muito mais coisas se poderiam explorar, mas a nossa sessão é de apenas uma hora. Para outras coisas, precisaremos de mais horas. Assim elas surjam.

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