sábado, dezembro 06, 2025

#TOLERÂNCIA342 - FILOSOFIA POLÍTICA E TOLERÂNCIA

 #TOLERÂNCIA342 - FILOSOFIA POLÍTICA E TOLERÂNCIA

Folheei um dos vários livros e que hoje de manhã me chegaram às mãos. Este é "O Descontentamento da Democracia, por que razão vivemos tempos perigosos e o que temos de fazer para mudar" (a 2.ª edição, de 2022), de Michael J. Sandel. Dele conheço "A Tirania do Mérito", que li em inglês.

No prefácio à segunda edição, Sandel escreve «Ver como estes debates [sobre a economia] evoluíram na era da globalização pode ajudar-nos a compreender como chegámos a este perigoso momento político.» Diz que «Nesta nova edição, que trata da história durante os anos de Clinton, Bush e Obama até à presidência [a primeira] de Donald Trump e à pandemia da COVID-19, tento explicar porquê» «o descontentamento face à democracia aprofundou-se, tornando-se tão agudo que levantou dúvidas sobre o próprio futuro da democracia norte-americana.»

No prefácio à primeira edição tinha dito que «A filosofia política parece frequentemente estar longe do mundo... Contudo, se, por um lado, a filosofia política é, por outro, é inevitável. A filosofia habita o mundo desde o início; as nossas práticas e instituições são encarnações da teoria... vivemos alguma 'teoria' a toda a hora.»

No início do capítulo "Introdução à nova edição, Democracia em Perigo", ele escreve «A nossa vida cívica não está a correr nada bem. Um presidente derrotado incita uma multidão furiosa a invadir o Capitólio norte-americano, numa tentativa violenta de impedir o Congresso de certificar os resultados eleitorais.»

A seguir, no capítulo 1, "A economia política da cidadania", no subcapítulo "A liberdade liberal e a republicana", Sandel escreve: «Ao afirmar a filosofia política dominante como uma versão da teoria política liberal, importa distinguir dois significados diferentes de liberalismo. Na linguagem comum da

política norte-americana, o liberalismo é o oposto do conservadorismo; é a perspectiva daqueles que favorecem um Estado social mais generoso e uma maior medida de igualdade social e económica. Na história da teoria política, porém, o liberalismo tem um significado diferente e mais vasto. Neste sentido histórico, o liberalismo refere-se a uma tradição de pensamento que enfatiza a tolerância e o respeito pelos direitos individuais e que vai desde John Locke, Emmanuel Kant e John Stuart Mill a John Rawls. A filosofia pública da política norte-americana contemporânea é uma versão desta tradição de pensamento liberal, e a maioria dos nossos debates prossegue dentro dos seus termos.»

Se uma das características desta viagem é partilhar imediatamente os textos diários que vou escrevendo, a delimitação do conceito "liberal" obrigou-me a parar o folheio do livro (leitura que prosseguirei lá mais para a frente, as prioridades são outras) e tentar esclarecer as diferenças entre, digamos, o liberal em Portugal e o liberal nos EUA. Considero isso importante porque, segundo o que Sandel escreve, o liberalismo norte-americano é m ais tolerante do que o conservadorismo.

Numa síntese rápida, não estarei errado ao dizer que os EUA operam num sistema bipartidário rígido. Embora existam outros partidos pequenos, o poder oscila quase exclusivamente entre os gigantes Partido Republicano e Partido Democrata. O Partido Republicano (The Republican Party / GOP) é o partido do "Elefante", e é associado à cor vermelha. É também conhecido como GOP (Grand Old Party). É a casa das correntes conservadoras. Por seu lado, o Partido Democrata (The Democratic Party) é o partido do "Burro" (símbolo não oficial) e é associado à cor azul. Historicamente, é o partido que abriga as correntes liberais e progressistas.

Em Portugal, um partido como a Iniciativa Liberal (IL) defende o mercado livre. Nos EUA, defender o mercado livre irrestrito é uma característica dos Conservadores (Republicanos). Portanto, um "Liberal" americano em Portugal estaria mais próximo do Partido Socialista ou do Bloco de Esquerda em termos sociais e de despesa pública, enquanto um "Conservador" americano estaria próximo do CDS ou da IL (na economia).

Apetece-me lançar aqui um tema para um dos grupos de discussão da formação extensiva, de longo prazo, da Tolerância: "A Tolerância tem uma cor política? A Intolerância é condição estruturante de determinadas filosofias políticas? Se sim, quais? Como se combate esta Intolerância?" (Atenção, estou a referir-me à tolerância ao respeito pelos direitos individuais de que Michael Sandel fala no excerto que apresentei em cima.)

P.S. - O apontamento da estação #TOLERÂNCIA189 - TOLERÂNCIA E (NEO)LIBERALISMO mostra-nos uma geografia semelhante à da estação de hoje.

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