#TOLERÂNCIA353 - PODE-SE TOLERAR ISTO? NÃO, NÃO E NÃO!
Fiz questão de ouvir toda a intervenção(1) do sr. Ministro da Educação, Fernando Alexandre, a intervenção que provocou grandes reacções, polémica e oposições. Sim, o sr. Ministro pôs-se a jeito, não foi claro, acho legítimos os protestos de desrespeito e discriminação social e cultural dos estudantes universitários de condição económica mais baixa.
A meio do discurso, o sr. Ministro diz de maneira muito enfática que é defensor da escola pública. Mas o melhor estava mesmo guardado para o fim. E desse fim, tanto quanto me parece, nenhum partido político e nenhum órgão de comunicação social fez eco!
Vou transcrever:
«Vamos implementar e depende do governo aquilo que vai acontecer às residências, depende das universidades e dos politécnicos de todos, não é só de reitores e dos Presidentes. E também muito dos
estudantes, porque aquilo que eu estou a dizer sobre o meu cepticismo em relação à capacidade com este modelo de gestão universitária de transformar verdadeiramente aquelas residências em espaço de bem-estar. Pode ser que eu me engane, porque se há alguma coisa em que eu acredito é de facto nos jovens e nos estudantes e as sessões académicas têm aqui uma oportunidade para mais uma vez mostrarem que têm que ter, têm que ser exigentes. Eu já vos disse, eu gostava de vos ouvir falar mais sobre a ação social, porque é a acção social que faz a diferença, a acção social.»Aqui vou dobrar o eco: «É a acção social que faz a diferença.»
Continua o sr. Ministro da Educação: «Nós em Portugal discutimos muitas vezes temas que não interessam nada, que são completamente laterais. E aquilo que faz a diferença, aquilo que conta para o acesso ao ensino superior é a acção social. O resto... Vejam aquela discussão que o Professor Nicolas Bar apresentou aqui é uma discussão que nós nem queremos ter em Portugal. Não vale a pena... não vale a pena...»
E com o que o sr. Ministro da Educação vai dizer a seguir, eu pergunto se pode haver alguma tolerância para o estado de coisas que ele diz. Não, não pode haver qualquer tolerância! Nenhuma! Vai alguém pegar nestas palavras, desafiá-las e resolver a profundamente injusta situação? Qual partido? Qual organização de estudantes? Qual movimento cívico? Mas estas palavras, as verdadeiramente importantes, foram abafadas, quem sabe, intencionalmente pelas outras, as da polémica das residências de estudantes.
Oiça-se bem o sr. Ministro da Educação:
«Nós não conseguimos sequer falar de propinas com a desigualdade que temos em Portugal, com a desigualdade que nós temos no nosso sistema de ensino superior, em que as famílias que não colocam os filhos no ensino superior andam a pagar as propinas, andam a pagar os estudos dos das famílias mais ricas. É isto que nós temos em Portugal! Nós somos um país profundamente desigual, porque nós somos extremamente insensíveis à desigualdade! Não tenham dúvidas sobre isso. Obrigado!»
Apetece-me escrever este parágrafo mais 1000 vezes: «As famílias que não colocam os filhos no ensino superior andam a pagar as propinas, andam a pagar os estudos dos das famílias mais ricas. Nós somos extremamente insensíveis à desigualdade!»
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