sábado, dezembro 20, 2025

#TOLERÂNCIA356 - QUE VENÇA A TOLERÂNCIA, A JUSTIÇA, E A SOLIDARIEDADE

#TOLERÂNCIA356 - QUE VENÇA A TOLERÂNCIA, A JUSTIÇA, E A SOLIDARIEDADE

Não gosto de Alexandra Leitão. Simplesmente, detestei a arrogância, prepotência, sobranceria e, sobretudo, as injustiças que cometeu com os professores enquanto foi Secretária de Estado Adjunta e da Educação no XXI Governo Constitucional entre 2015 e 2019, governo liderado por António Costa que também não gostava dos professores e também os tratou mal. Lembram-se de que ele ameaçou demitir-se se os outros partidos, nomeadamente os outros da Geringonça, aprovassem normas favoráveis à recuperação do tempo de serviço dos professores?

Foi tolerantemente que li o texto de despedida que a senhora escreveu na edição desta semana do

Expresso. Curiosamente, nele fala de tolerância — valor de que a senhora secretária de estado não deu mostras de possuir e usar.

Reconheço entre ela e mim um ideário político de Esquerda (já o disse várias vezes, o PS foi o meu limite, pela Direita, em qualquer votação nacional e europeia) — e tomo consciência de que isso me dá satisfação, se calhar, porque os ideários da Direita Liberal, Neo-liberal e de Extrema-Direita dominam e arrasam na avidez de apropriação de recursos e rendimentos tudo o poderia e deveria ser de jeito mais solidário, com repartição mais justa de tais recursos e rendimentos.

Por outro lado, os textos de despedida são geralmente tocados por uma emotividade especial e as pessoas confessam valores que, contudo, enquanto estiveram activas, não pugnaram como agora, no escrito derradeiro, dizem sempre terem defendido.

Vamos, então, à transcrição da minha leitura tolerante de um texto algo confessional em que a autora fala de tolerância. Tem por título "Até sempre".

«Na última crónica do ano de 2025 e também a última que escrevo nestas páginas, não poderia deixar de fazer um curtíssimo balanço do ano que agora acaba e deixar também votos para o ano de 2026.

»2025 foi um ano intenso, com duas eleições em Portugal (duas e meia, se contarmos com as presidenciais que já vão adiantadas), e no mundo sentem-se as consequências dos resultados das várias eleições que ocorreram em 2024, sendo claro que a vitória de Trump nos Estados Unidos da América (EUA) tem um impacto muito negativo a vários níveis.

»Vivemos hoje num mundo menos tolerante, menos humanista, menos solidário, menos pluralista e menos democrático.

»A guerra que começou com a invasão da Ucrânia pela Rússia não parece próxima do fim e, muito por causa da intervenção dos EUA no processo, o infractor pode sair beneficiado. Em Gaza o genocídio continua. Os EUA parecem ter voltado à doutrina Monroe e considerar a Europa qualquer coisa entre um parceiro menor e um inimigo declarado.

»Em Portugal, a extrema-direita continuou a crescer e as suas ideias parecem contaminar a direita tradicional.

»Neste panorama, tivemos uma boa notícia esta semana com a decisão do Tribunal Constitucional que considerou inconstitucional, quase sempre por unanimidade, várias normas da Lei da Nacionalidade e a alteração ao Código Penal, que previa a possibilidade de perda da nacionalidade pela prática de certos crimes.

»A verdade é que o actual Governo parece apostado em governar contra a Constituição: foi assim na primeira versão da lei dos estrangeiros, em Agosto deste ano, e se o Governo porfiar na reforma laboral que anunciou também aí haverá seguramente inconstitucionalidades.

»Neste contexto, as futuras eleições dos juízes do Tribunal Constitucional e do provedor de Justiça no próximo ano afiguram-se decisivas para proteger o Estado de direito e o regime democrático consagrado na Constituição de 1976.

»O ciclo que vivemos é hostil para as ideias progressistas e pluralistas, descartadas sempre como "radicais”. Nesse contexto, o que modestamente desejo para 2026 é que não haja mais retrocessos nos direitos dos cidadãos, independentemente da sua origem, e que vença a tolerância, a justiça e a
solidariedade.

»Despeço-me agradecendo a todos os que durante três anos dedicaram algum tempo a ler o que fui escrevendo nesta coluna, concordando ou discordando. [Nestes 2 anos, eu nunca li qualquer texto de Alexandra Leitão, só mesmo este.] Agradeço também à Direcção do Expresso pelo convite para esta colaboração que agora termina.

»A todos muito obrigada e até sempre.»

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