Mostrar mensagens com a etiqueta #perfildatolerância. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta #perfildatolerância. Mostrar todas as mensagens

domingo, julho 13, 2025

#TOLERÂNCIA196 - PERFIL INTERNACIONAL DA TOLERÂNCIA

#TOLERÂNCIA196 - PERFIL INTERNACIONAL DA TOLERÂNCIA

Depois da Amora, na Unisseixal, na tarde do dia 10, com uma audiência maioritariamente formada por alunos da universidade sénior, foi em Mação, na manhã de ontem, dia 12, que uma audiência composta essencialmente por profissionais da Medicina e Enfermagem, da Psicologia, e de diversas áreas da Cultura e da Gestão Autárquica produziu o primeiro perfil internacional da Tolerância. Também no âmbito do III ENCONTRO DE SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL, que correu sob o lema "Educação e Saúde, Valores de Transmissão Intergeracional. No apontamento da jornada de ontem desta saga (#TOLERÂNCIA195), escrevi uma espécie de acta do painel em que fiz a minha comunicação "A Educação da Tolerância" (em francês).

Como o prometido é devido, trago agora notícia do perfil da Tolerância que no painel "Humanismo" se começou a construir. Digo começou porque houve apenas tempo para se produzir a primeira fase de toda a dinâmica da Triagem Sucessiva (nem qualquer coisa mais se contava à partida que pudesse acontecer). Como este relato vai ser longo, passo imediatamente à apresentação do apuramento de dados e ao esboço duma espécie de análise sistemática dos resultados obtidos.

1) Tamanho da população estudada: 48 pessoas. Sim, é população, não é amostra. Como tenho insistido em dizer, cada grupo em que realizo esta dinâmica de grupo vale por si mesmo, não é amostra de qualquer grupo de pessoas ou categoria de pessoas. O perfil da Tolerância construído por um grupo vale para esse grupo, não vale para outro, nem por extrapolação, analogia ou qualquer outra forma de partilha ou agrupamento de dados.

Cada perfil nasce e morre no grupo que o produz. O seu objectivo é facilitar a discussão entre pessoas que constroem entre si um universo de referência que é do conhecimento de todos, porque foram todas as pessoas do grupo que construíram esse referencial comum.

2) Obtiveram-se respostas dadas por sujeitos de 8 países, falantes de 7 línguas diferentes; e que responderam em 6 línguas diferentes (sendo uma delas o inglês, que não é língua oficial de nenhum dos 9 países identificados: Alemanha, Argélia, Dinamarca, Espanha, França, Itália, Luxemburgo, Polónia e Portugal. Nota: o Encontro teve ainda participantes do Brasil (à distância) e de Cabo Verde (que não estavam presentes na altura da minha comunicação)).

3) Foram listados 110 conceitos diferentes, num total de 249 respostas obtidas. 84 destes conceitos foram mencionados apenas uma vez (65%).

4) As palavras mais frequentemente mencionadas (mais de 10 vezes) foram: respeito (22), aceitação (20), compreensão (18), empatia (14). As 6 palavras mais frequentemente escolhidas, por ordem decrescente, são: "Respeito", "Aceitação", "Compreensão", "Empatia", "Amor#, "Humanidade/Humanismo".

5) Se o apuramento, o agrupamento e o tratamento das respostas fosse feito na presença das pessoas que responderam ao meu pedido, solicitava-se a sua participação activa em alguns procedimentos de clarificação, emparceiramento e simplificação, de maneira a tornar mais ágil a passagem à segunda fase da triagem sucessiva. Alguns exemplos:

5.1) «Respondeu "compreender". Já temos aqui "compreensão". Podemos considerar a mesma coisa, podemos juntar?» Já agora, peço a quem respondeu "compreensão": «Fica "compreender" ou fica "compreensão"?». Basta uma das pessoas não aceitar a junção para se manterem as duas formas. Seguramente que o nível seguinte do processo de triagem optará por uma ou outra forma — mes desta maneira garante-se o respeito por todas as sensibilidades individuais.

5.2) Em vez duma palavra, alguém escreveu uma expressão ou uma frase. Um exemplo: «aceitar a diferença dos outros». Mais uma vez, perante todo o grupo, se pergunta ao autor se consegue dizer a mesma coisa numa palavra só; e pede-se a ajuda de todo o grupo, pode ser que alguém sugira alguma palavra que seja aceite pelo autor da expressão verbal ou frase. Se se conseguir essa palavra única, óptimo!; se não se conseguir essa palavra, mas uma expressão ou frase mais curta, boa!; se não se conseguir, deixa-se ficar o que está para o nível seguinte da Triagem.

5.3) Alguém escreve "escutar", já se escreveu no quadro "ouvir". Mais uma vez, os autores e, eventualmente, o grupo, são ouvidos.

5.4) Quando alguém escreve "suportar" está a querer dizer o quê: carregar um peso?, aguentar o contacto com alguém ou alguma coisa de que se não gosta?, ou dar suporte emocional a alguém que dele necessite?

5.5) Só depois de todas as situações passíveis de clarificação e simplificação serem esclarecidas, e depois de todo o grupo se dar como bem informado, se passa à fase seguinte da Triagem (como já lá bem para trás, noutra estação desta viagem, eu disse, um dia dedicarei um apontamento integralmente ao Método da Triagem Sucessiva, mas esse não é o foco deste apontamento).

5.6) "Humanismo" e "Humanidade" são a mesma coisa? Que nos esclareçam os autores... Mantêm-se ambos ou fica um só destes conceitos? Já sabemos que, em mantendo-se ambos, o segundo nível da triagem sucessiva determinará qual deles terá a preferência do grupo, não tem de se tomar uma decisão nesta fase, seja a decisão autoritária (do condutor da sessão) ou democrática (votação pelo grupo).

5.7) Análise Qualitativa: Os dados recolhidos são ainda poucos, mas como o nosso objectivo é a reflexão e a aprendizagem, vamos especular, vamos avançar numa hipotética análise qualitativa. Não nos comprometemos com ela, apenas vamos lançar pistas de análise de acontecimentos, produções individuais e de grupo; vamos estimular a nossa capacidade de observação, interpretação e análise; vamos acrescentar palavras, conceitos, termos, ao nosso vocabulário, vocabulário pessoal e comum (partilhado), assim promovendo a possibilidade de nos entendermos melhor uns com os outros.

5.7.1) Análise Qualitativa - Núcleo Semântico Principal: as palavras mais recorrentes estão ligadas a três eixos principais (as designações são completamente arbitrárias, informadas pela experiência de merceeiro experiente que já invoquei no Perfil de Tolerância da Amora, no apontamento #TOLERÂNCIA193; e sem a preocupação de a ele me ligar numa espécie de coerência conceptual interna):

- 1.º eixo: Relações interpessoais: respeito, empatia, amizade, escuta, solidariedade, compaixão.
- 2.º eixo: Abertura ao outro: aceitação, compreensão, abertura, diferenças, diversidade.
- 3.º eixo: Virtudes morais: paciência, amor, humanidade, humildade.

5.7.2) Análise Qualitativa: Valores Cognitivos e Reflexivos: palavras como conhecimento, educação, inteligência, reflexão, curiosidade e argumentar sugerem que, para alguns, tolerância também é uma construção racional e crítica, não apenas emocional. Concordam comigo?

    5.7.3) Análise Qualitativa: Menções a Conceitos Sociais ou Políticos: termos como igualdade, direitos humanos, racismo, imigração, sociedade, diversidade, inclusão, universalidade demonstram que a tolerância é também percebida como uma questão social e política, ligada a justiça e convivência em diversidade. Mais uma vez: concordam comigo?

    5.7.4) Análise Qualitativa: Termos Ambíguos ou Surpreendentes: indiferença e ignorar surgem como possíveis interpretações de tolerância como distanciamento emocional, o que contrasta com o restante. Termos como pois-pois, em extinção e monopólio sugerem percepções críticas ou irónicas do conceito. Finalmente, não-negativista ou respeito por si mostram que algumas pessoas interpretam tolerância também como postura interna, ou mesmo limites da tolerância. O que acham disto?

    5.7.5) Uma ousadia especulativa: dado que o grupo é internacional e com média etária elevada, será que pode haver uma tendência mais humanista e relacional, com forte peso em valores clássicos como "respeito", "aceitação" e "amor"? E que a diversidade cultural contribua para a amplitude semântica observada (muitas palavras únicas)?

    5.7.6) Outra ousadia especulativa: sendo a média de idades elevada, e sendo que muitas das pessoas viveram na pele tragédias europeias (guerras coloniais - França e Portugal -, a queda do Muro de Berlim e o desmoronamento da União Soviética, a guerra nos Balcãs; e ainda os ecos da 2.ª Grande Guerra), estarão algumas das respostas inspiradas em possíveis experiências pessoais acumuladas com conflitos, reconciliações, convivência intergeracional e intercultural, como termos como "sabedoria", "disciplina", "educação", "limites" podem sugerir?

      Pronto, não estique eu, sozinho, sem interlocutores que interajam comigo, a especulações que raiem a ilegitimidade e o excesso.

      De resto, foi uma dinâmica de grupo muito participada e bem acolhida pela generalidade de tão interessante mosaico de gentes europeias, saltitando de país em país, de região para região, não em viagens turísticas, mas em meritórias e voluntariosas acções de ajuda social e clínica (médico-sanitárias, psicológicas) curativas, remediadoras, mas também, muitas delas, preventivas.

      A todos os participantes o meu muito vivo e afectuoso agradecimento. Bem-hajam!

      #tolerância#tolerance#Tolerancia#tolérance#tolleranza#toleranz#tolerantie#宽容#寛容#관용#सहिष्णुता , #סובלנות#हष्णत#Ανοχή#Hoşgörü#tolerans#toleranță#толерантность#التس 

      quinta-feira, julho 10, 2025

      #TOLERÂNCIA193 - "EDUCAÇÃO PARA A TOLERÂNCIA": 1.ª APRESENTAÇÃO PÚBLICA

       #TOLERÂNCIA193 - "EDUCAÇÃO PARA A TOLERÂNCIA": 1.ª APRESENTAÇÃO PÚBLICA

      Pressionado pelo sentido de oportunidade, e utilidade, da publicação (e com manifesta falta de tempo para fazer as publicações de acordo com a "linha editorial" da viagem pelo universo da Tolerância), escrevi primeiro o texto da #TOLERÂNCIA195, só agora escrevo este.

      Sendo assim, fico a desejar que leiam em primeiro lugar esse texto (o da #TOLERÂNCIA195, de 12JUL25), só depois este.

      Foi na UNISSEIXAL - Universidade Sénior do Seixal, na Amora, que fiz a primeira apresentação pública de algumas coisas que tenho vindo a juntar na viagem que iniciei a 30 de Dezembro do ano passado.

      A audiência era praticamente toda composta por alunos da Universidade, seniores, todos eles, excepto dois jovens estudantes do 11.º ano, dum curso profissional, estagiários na Universidade.

      Procurei ser claro e dinâmico, envolvendo toda a gente na construção do Perfil de Tolerância daquele universo específico e concreto: a audiência completa da comunicação "A Pedagogia da Tolerância" do auditório da Unisseixal.

      A adesão foi animada, foi empenhada, produziu o que eu desejava que produzisse: pedi à minha assistência que escrevessem uma lista de 6 palavras que associassem ao conceito, à ideia de Tolerância. Como fiz no 2.º período com as minhas 5 turmas do secundário na Eça de Queirós.

      Como não havia tempo para fazer toda a dinâmica de exploração do primeiro conjunto de respostas e, a seguir, as outras fases do método da Triagem Sucessiva, guardei comigo as respostas da minha assistência e continuei a apresentação com as respostas e os perfis das 5 turmas da Eça de Queirós.

      Entretanto, comprometi-me a fazer o apuramento das respostas e a divulgá-lo. A toda a gente, e especialmente aos meus empenhados ouvintes na Amora. É isso que venho fazer agora. Vamos a isso:

      1) Número total de participantes: 27

      2) Número de respostas válidas: 27

      3) Número total de conceitos expressos: 68

      4) Depois de se recolherem os contributos individuais, escrevem-se todos num quadro, de maneira a que todos os participantes contribuidores os possam ver.

      5) Há sempre coisas que pedem esclarecimento, antes de se passar à segunda fase do trabalho. Por exemplo: "boa dicção" — o que é que o autor deste adjectivado conceito quer realmente dizer? Assim, pede-se que o autor se identifique e explique ao grupo o que quer significar com a sua escolha. Mediante a explicação, o animador do grupo (no caso, eu) pode aceitar que se mantenha assim ou pode propor uma palavra alternativa (no fundo, defendo que se deve, tanto quanto possível, usar palavras únicas) que signifique o mesmo. Atenção! Só se uma uma palavra alternativa se o autor concordar, sem a sua concordância mantém-se a forma original. Sempre! É imperioso, na condição pedagógica da dinâmica da Triagem Sucessiva, não convencer, não endoutrinar, não impor consensos, não exercer autoridade de quem pode e manda.

      6) Um exemplo em que é fácil os autores porem-se de acordo entre eles: fica "saber ouvir", "ouvir", ou "ser bom ouvinte"? Até agora, tem sido fácil o acordo de que basta "ouvir".

      7) Um caso interessante: a mesma pessoa escreveu "amor ao próximo" em 2.º lugar na lista, e a seguir, em 5.º lugar, escreveu "amor". Se eu tivesse lido estas respostas na sessão, naturalmente teria pedido ao autor que esclarecesse o grupo acerca do que ia na na cabeça dele para estabelecer a diferença. Como não tive oportunidade de fazer isso, no apuramento de resultados que hoje fiz mantive os dois amores.

      8) Fácil é também juntar, por exemplo, "perdão" e "perdoar"; ou "respeito" e "respeitar". Mas se o autor de "perdão" ou "respeito" não aceita a forma "perdoar" ou respeitar", ou vice-versa, mantêm-se ambas a formas.

      9) Análise de superfície dos resultados (digo de superfície porque não submeti os dados a tratamentos estatísticos ou de qualquer outra organização sistemática dos resultados. Posso mesmo dizer que se trata duma análise de merceeiro, mas um merceeiro que já começa a dominar razoavelmente o assunto. No fundo, o que é importante é que seja fácil as pessoas, em geral, entenderem, é que assim envolvem-se mais em dinâmicas comportamentais positivas, de que todos possam beneficiar):

      9.1) Os conceitos dominantes, os termos mais citados revelam como pilares da tolerância para este grupo/universo os seguintes: compreensão (14); aceitação (12); amor (9); empatia (8); respeito (7). POSSÍVEL INTERPRETAÇÃO: a ênfase em "compreensão" e "aceitação" sugerirá uma visão prática e relacional da tolerância, focada em entender e integrar o outro. O "amor" em terceiro lugar destaca uma abordagem afectiva e humanista, típica de gerações mais velhas (em contraste com jovens, que citam mais "limites". Tenho em mente os 5 perfis do secundário). A "empatia" aparece com força (8 citações), reforçando a importância de colocar-se no lugar do outro — um valor mais citado aqui do que nos tais grupos mais jovens.

      9.2) Os valores complementares, que são os conceitos com 2 a 5 citações, mostram dimensões adicionais: "paciência" (5), "amizade" (4), "perdão" (4), "saber ouvir" (4), "igualdade" (3), "inclusão" (3), "calma" (3). POSSÍVEL INTERPRETAÇÃO: "saber ouvir" e "calma" reflectem uma tolerância paciente e atenta, ligada à experiência de vida. "Perdão" e "amizade" indicam que a tolerância é vista como um acto relacional, não apenas individual. Finalmente, "igualdade" e "inclusão" aparecem, mas com menos relevância do que "amor" ou "compreensão", sugerindo que a base é mais interpessoal do que política/social.

      9.3) Menções únicas e curiosidades: as palavras citadas uma única vez incluem: "solidariedade", "humildade", "gentileza", "compaixão" (que podemos considerar valores positivos); "falar pausadamente", "contextualizar", "não culpar" (que se referem a acções concretas); finalmente, conceitos como "obediência", "dicção" (a tal...), e "anuência" pedirão, repito, esclarecimento antes de se passar à etapa seguinte da Triagem Sucessiva.

      9.4) A presença de gestos específicos (por ex.: "ouvir", "falar pausadamente") mostrará que a tolerância é vista como um comportamento do dia-a-dia, não apenas um princípio filosófico ou ideal de vida abstracto.

      9.5) Uma especulação um pouco mais ousada, a resvalar a ilegitimidade: será que os conceitos de "obediência" e "anuência" reflectem uma visão mais hierárquica ou conformista, típica de gerações mais antigas? Pois, fica uma pergunta, para já, sem resposta.

      9.6) Também não resisto a mais uma comparação: há pouco foco em conflitos —quase não há menções a "discriminação" ou "diversidade", ao contrário de grupos mais jovens.

      9.7) Mais uma especulação: se estes resultados fossem já os resultados da triagem final, será que poderíamos concluir que para este grupo/universo a Tolerância é um acto de amor e compreensão, mais do que uma obrigação moral? É praticada no dia-a-dia através de paciência, da escuta e do perdão? Está menos vinculada a debates sociais (por ex.: inclusão, diversidade) e mais a valores sociais e relacionais? «A idade, essa grande escultora...» diria eu, inspirando-me outra vez em Marguerite Yourcenar.

      Finalmente, na hipótese de exploração pedagógica deste perfil numa sessão de Dinâmica de Grupo, talvez pudéssemos lançar para a discussão as seguintes questões (são meramente sugestivas): a) "Por que razão conceitos como "igualdade" ou "inclusão" têm menos peso do que "amor" ou "perdão" nesta faixa etária?" b) "Será a tolerância, para os mais velhos, uma questão de 'coração' mais do que de 'mente'?"

      Destaque final (arbitrário, se calhar, denunciando as minhas preferências pessoais): a proposta "saber ouvir" (4 citações) resumirá bem a visão deste grupo: tolerância como escuta activa, não apenas silêncio passivo.

      #tolerância#tolerance#Tolerancia#tolérance#tolleranza#toleranz#tolerantie#宽容#寛容#관용#सहिष्णुता , #סובלנות#हष्णत#Ανοχή#Hoşgörü#tolerans#toleranță#толерантность#التس