quinta-feira, julho 10, 2025

#TOLERÂNCIA193 - "EDUCAÇÃO PARA A TOLERÂNCIA": 1.ª APRESENTAÇÃO PÚBLICA

 #TOLERÂNCIA193 - "EDUCAÇÃO PARA A TOLERÂNCIA": 1.ª APRESENTAÇÃO PÚBLICA

Pressionado pelo sentido de oportunidade, e utilidade, da publicação (e com manifesta falta de tempo para fazer as publicações de acordo com a "linha editorial" da viagem pelo universo da Tolerância), escrevi primeiro o texto da #TOLERÂNCIA195, só agora escrevo este.

Sendo assim, fico a desejar que leiam em primeiro lugar esse texto (o da #TOLERÂNCIA195, de 12JUL25), só depois este.

Foi na UNISSEIXAL - Universidade Sénior do Seixal, na Amora, que fiz a primeira apresentação pública de algumas coisas que tenho vindo a juntar na viagem que iniciei a 30 de Dezembro do ano passado.

A audiência era praticamente toda composta por alunos da Universidade, seniores, todos eles, excepto dois jovens estudantes do 11.º ano, dum curso profissional, estagiários na Universidade.

Procurei ser claro e dinâmico, envolvendo toda a gente na construção do Perfil de Tolerância daquele universo específico e concreto: a audiência completa da comunicação "A Pedagogia da Tolerância" do auditório da Unisseixal.

A adesão foi animada, foi empenhada, produziu o que eu desejava que produzisse: pedi à minha assistência que escrevessem uma lista de 6 palavras que associassem ao conceito, à ideia de Tolerância. Como fiz no 2.º período com as minhas 5 turmas do secundário na Eça de Queirós.

Como não havia tempo para fazer toda a dinâmica de exploração do primeiro conjunto de respostas e, a seguir, as outras fases do método da Triagem Sucessiva, guardei comigo as respostas da minha assistência e continuei a apresentação com as respostas e os perfis das 5 turmas da Eça de Queirós.

Entretanto, comprometi-me a fazer o apuramento das respostas e a divulgá-lo. A toda a gente, e especialmente aos meus empenhados ouvintes na Amora. É isso que venho fazer agora. Vamos a isso:

1) Número total de participantes: 27

2) Número de respostas válidas: 27

3) Número total de conceitos expressos: 68

4) Depois de se recolherem os contributos individuais, escrevem-se todos num quadro, de maneira a que todos os participantes contribuidores os possam ver.

5) Há sempre coisas que pedem esclarecimento, antes de se passar à segunda fase do trabalho. Por exemplo: "boa dicção" — o que é que o autor deste adjectivado conceito quer realmente dizer? Assim, pede-se que o autor se identifique e explique ao grupo o que quer significar com a sua escolha. Mediante a explicação, o animador do grupo (no caso, eu) pode aceitar que se mantenha assim ou pode propor uma palavra alternativa (no fundo, defendo que se deve, tanto quanto possível, usar palavras únicas) que signifique o mesmo. Atenção! Só se uma uma palavra alternativa se o autor concordar, sem a sua concordância mantém-se a forma original. Sempre! É imperioso, na condição pedagógica da dinâmica da Triagem Sucessiva, não convencer, não endoutrinar, não impor consensos, não exercer autoridade de quem pode e manda.

6) Um exemplo em que é fácil os autores porem-se de acordo entre eles: fica "saber ouvir", "ouvir", ou "ser bom ouvinte"? Até agora, tem sido fácil o acordo de que basta "ouvir".

7) Um caso interessante: a mesma pessoa escreveu "amor ao próximo" em 2.º lugar na lista, e a seguir, em 5.º lugar, escreveu "amor". Se eu tivesse lido estas respostas na sessão, naturalmente teria pedido ao autor que esclarecesse o grupo acerca do que ia na na cabeça dele para estabelecer a diferença. Como não tive oportunidade de fazer isso, no apuramento de resultados que hoje fiz mantive os dois amores.

8) Fácil é também juntar, por exemplo, "perdão" e "perdoar"; ou "respeito" e "respeitar". Mas se o autor de "perdão" ou "respeito" não aceita a forma "perdoar" ou respeitar", ou vice-versa, mantêm-se ambas a formas.

9) Análise de superfície dos resultados (digo de superfície porque não submeti os dados a tratamentos estatísticos ou de qualquer outra organização sistemática dos resultados. Posso mesmo dizer que se trata duma análise de merceeiro, mas um merceeiro que já começa a dominar razoavelmente o assunto. No fundo, o que é importante é que seja fácil as pessoas, em geral, entenderem, é que assim envolvem-se mais em dinâmicas comportamentais positivas, de que todos possam beneficiar):

9.1) Os conceitos dominantes, os termos mais citados revelam como pilares da tolerância para este grupo/universo os seguintes: compreensão (14); aceitação (12); amor (9); empatia (8); respeito (7). POSSÍVEL INTERPRETAÇÃO: a ênfase em "compreensão" e "aceitação" sugerirá uma visão prática e relacional da tolerância, focada em entender e integrar o outro. O "amor" em terceiro lugar destaca uma abordagem afectiva e humanista, típica de gerações mais velhas (em contraste com jovens, que citam mais "limites". Tenho em mente os 5 perfis do secundário). A "empatia" aparece com força (8 citações), reforçando a importância de colocar-se no lugar do outro — um valor mais citado aqui do que nos tais grupos mais jovens.

9.2) Os valores complementares, que são os conceitos com 2 a 5 citações, mostram dimensões adicionais: "paciência" (5), "amizade" (4), "perdão" (4), "saber ouvir" (4), "igualdade" (3), "inclusão" (3), "calma" (3). POSSÍVEL INTERPRETAÇÃO: "saber ouvir" e "calma" reflectem uma tolerância paciente e atenta, ligada à experiência de vida. "Perdão" e "amizade" indicam que a tolerância é vista como um acto relacional, não apenas individual. Finalmente, "igualdade" e "inclusão" aparecem, mas com menos relevância do que "amor" ou "compreensão", sugerindo que a base é mais interpessoal do que política/social.

9.3) Menções únicas e curiosidades: as palavras citadas uma única vez incluem: "solidariedade", "humildade", "gentileza", "compaixão" (que podemos considerar valores positivos); "falar pausadamente", "contextualizar", "não culpar" (que se referem a acções concretas); finalmente, conceitos como "obediência", "dicção" (a tal...), e "anuência" pedirão, repito, esclarecimento antes de se passar à etapa seguinte da Triagem Sucessiva.

9.4) A presença de gestos específicos (por ex.: "ouvir", "falar pausadamente") mostrará que a tolerância é vista como um comportamento do dia-a-dia, não apenas um princípio filosófico ou ideal de vida abstracto.

9.5) Uma especulação um pouco mais ousada, a resvalar a ilegitimidade: será que os conceitos de "obediência" e "anuência" reflectem uma visão mais hierárquica ou conformista, típica de gerações mais antigas? Pois, fica uma pergunta, para já, sem resposta.

9.6) Também não resisto a mais uma comparação: há pouco foco em conflitos —quase não há menções a "discriminação" ou "diversidade", ao contrário de grupos mais jovens.

9.7) Mais uma especulação: se estes resultados fossem já os resultados da triagem final, será que poderíamos concluir que para este grupo/universo a Tolerância é um acto de amor e compreensão, mais do que uma obrigação moral? É praticada no dia-a-dia através de paciência, da escuta e do perdão? Está menos vinculada a debates sociais (por ex.: inclusão, diversidade) e mais a valores sociais e relacionais? «A idade, essa grande escultora...» diria eu, inspirando-me outra vez em Marguerite Yourcenar.

Finalmente, na hipótese de exploração pedagógica deste perfil numa sessão de Dinâmica de Grupo, talvez pudéssemos lançar para a discussão as seguintes questões (são meramente sugestivas): a) "Por que razão conceitos como "igualdade" ou "inclusão" têm menos peso do que "amor" ou "perdão" nesta faixa etária?" b) "Será a tolerância, para os mais velhos, uma questão de 'coração' mais do que de 'mente'?"

Destaque final (arbitrário, se calhar, denunciando as minhas preferências pessoais): a proposta "saber ouvir" (4 citações) resumirá bem a visão deste grupo: tolerância como escuta activa, não apenas silêncio passivo.

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