#TOLERÂNCIA187 - A TOLERÂNCIA E O SONO
Este escrito devia fazer parte dum conjunto de escritos acerca da Tolerância da pessoa consigo própria, com as suas características, as suas idiossincrasias, as suas fraquezas, forças, defeitos e virtudes.
Continuo a ler o muito interessante e animado livro "Dormir Bem, para viver melhor - tudo o que precisa de saber para ter noites tranquilas e dias felizes", de W. Chris Winter (que é apresentado na capa como neurologista e especialista mundial do sono).
Um dos capítulos onde se joga provavelmente um dos maiores desafios à tolerância duma pessoa
consigo própria é o sono, os seus problemas, as suas perturbações. A principal perturbação é a insónia, e é cada vez maior o número de pessoas que diz que sofre de insónias, tem dificuldade em dormir ou em adormecer, dizem mesmo que não dormem absolutamente nada.Na primeira metade do livro, o autor esforça-se por mostrar que toda a gente dorme. Sim, compreende e aceita que muitos dos que se queixam não dormem como gostariam, que dormem pouco, ou que o sono não é retemperador. Mas toda a gente dorme!
Se quase podemos dizer "A cada um a sua insónia", o que ressalta da leitura da primeira metade do livro é a ideia de que cada pessoa deve fazer um esforço activo para se conhecer melhor nas suas características pessoais e não procurar visar modelos ideais disto ou daquilo (um corpo esbelto ou forte; alegrias e prazeres constantes; saúde e harmonia interior sem abalos; etc.).
Diz o autor, definindo limites muito amplos (que podem ser, por exemplo, a pessoa sentir-se insatisfeita com a qualidade do seu sono duas ou três vezes por semana durante um período superior a três meses; ou dificuldades a dormir uma vez por mês) que a insatisfação ou a dificuldade acontecerem mais do que aquilo que gostamos ou conseguimos tolerar, estamos, nesse caso, a meio caminho de ter insónias. Daí que, precisamente, o melhor conhecimento das características pessoais de cada um e a capacidade para aceitar as perturbações do sono e para tolerar que elas aconteçam podem ser o primeiro passo para a solução da insónia. A tolerância reduz a ansiedade, que, com o tempo, aumenta porque se começa a sofrer por antecipação. E maior ansiedade, maior risco de insónia, é o círculo vicioso.
Não ter informação adequada — São muitas, mesmo muitas, as percepções inadequadas, as ideias feitas e preconcebidas acerca do sono e das insónias! —, e marcadas pelo chamado viés da confirmação (a gente procura, só dá atenção ao que possa confirmar o que convictamente pensa, não interessa se bem ou mal informadamente) é meio caminho andado para sofrer de insónias... sem necessidade! Escreve o autor:
«Para alguns doentes que sofrem de insónia, é quase como se as boas noites de sono nunca acontecessem. Com pessoas que têm um sono saudável acontece o contrário. Prestam pouca ou nenhuma atenção às ocasionais noites mal dormidas.»
Escreve Chris Winter a seguir: «Creio que algumas pessoas podem sofrer desta percepção inadequada porque consideram intoleravelmente frustrante a dificuldade que sentem em adormecer.»
É, pois, o sono um campo do comportamento e da vivência individual de cada um aberto ao treino da Tolerância da pessoa consigo própria, em que se aprende, aos poucos, a olhar, enfrentar e aceitar as indesejadas imperfeições, as que se recusam ver ao espelho da casa-de-banho; e mais, ao espelho mental, interior e privado, da auto-imagem e da auto-estima que cada um cultiva de si para si próprio.
Não será que, aceitando-nos mais apaziguadamente no que somos na realidade, consequentemente toleraremos também mais os outros na realidade que eles são?
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