#TOLERÂNCIA2010 - A TOLERÂNCIA E A INVEJA
Com sabor a homilia domingueira, bem poderia o padre celebrante discorrer a partir deste meio verso de Fernando Pessoa: «a minha alma não tolera». E o que é que a alma do sujeito poético não tolera? E quanta inveja alimenta a intolerância? Vale a pena ler o poema na íntegra. Num ambiente de reflexão comungada por várias pessoas, o proveito certamente será grande para todas elas. No fundo, como se deseja que sejam as celebrações religiosas de sábado ou domingo.
«O pensar, e o pensar sempre / Dá-me uma forma íntima e (…)(1) / De sentir, que me torna desumano. / Já irmanar não posso o sentimento / Com o sentimento doutros, misantropo / Inevitavelmente e em minha essência.
»Toda a alegria me gela, me faz ódio, / Toda a tristeza alheia me aborrece, / Absorto eu na minha, maior muito / Que outras. E a alegria faz-me odiar / Porque eu alegre já não posso ser, / E, conquanto
o não queira assim sentir / Sinto em mim que a minha alma não tolera / Que seja alguém do que ela mais feliz. / O rir insulta-me por existir, / Que eu sinto que não quero que alguém ria / Enquanto eu não puder! Se acaso tento / Sentir, querer, só quero incoerências / De indefinida aspiração imensa, / Que mesmo no seu sonho é desmedida. / E às vezes com pensar sinto crescer / Em mim loucuras de (…) / E impulsos que me transem de terror / Mas são apenas (…) e passam. / Mais de sempre é em mim (quando não penso / E estou no pensamento obscurecido) / Uma vaga e (…) aspiração / Quiescente, febril e dolorosa / Nascida do (…) pensamento / E acompanhando-o comovidamente / Nas inércias obscuras do meu ser.»(1) As reticências entre parêntesis significam palavras do autor que não se conseguiram identificar.
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