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domingo, setembro 21, 2025

#TOLERÂNCIA266 - TOLERÂNCIA E INCERTEZA, OUTRA VEZ

 #TOLERÂNCIA266 - TOLERÂNCIA E INCERTEZA, OUTRA VEZ

É a terceira ou quarta vez que chego, nesta viagem, ao lugar da incerteza. Hoje volto também a uma autora de que já falei aqui. Trata-se de Leor Zmigrod.

A edição desta semana do semanário Expresso apresenta a investigadora assim: "Nascida nos Estados Unidos em 1995, a neurocientista e psicóloga política combina estas áreas com a genética para compreender o que conduz à radicalização. O ‘segredo’ pode estar no cérebro, explica Leor Zmigrod, que em 2020 a revista “Forbes” incluiu na sua lista de pessoas mais importantes com menos de 30 anos." A entrevista é conduzida pelo jornalista Luís M. Faria, o qual, na minha opinião, vai muito bem ao longo da conversa, fazendo perguntas muito pertinentes à jovem cientista, não deixando de a confrontar com a necessidade de clarificar o que é hipótese científica, especulação filosófica e conhecimento objectivo adquirido.

Pergunta: As redes sociais, como o TikTok, que parecem ter grande impacto na radicalização política, o que fazem ao cérebro?

Resposta: O que vemos é que, do ponto de vista tecnológico e económico, é muito lucrativo produzir conteúdos extremos que se tornam virais. E os algoritmos estão desenhados de forma quase cirúrgica

para explorar os factores que tornam as pessoas vulneráveis: mentes mais rígidas, mais impulsivas emocionalmente. Porque são esses que geram mais interacções e, consequentemente, mais lucro. Exploram as fragilidades do cérebro humano: a rigidez cognitiva, a impulsividade emocional. Por exemplo, quando alguém já tem tendência para ser cognitivamente mais rígido, as redes sociais vão apresentar-lhe cada vez mais conteúdos que confirmam essa visão do mundo, fechando-o numa bolha. A pessoa sente-se recompensada a curto prazo — através de 'likes', partilhas, dopamina —, mas, a longo prazo, fica mais vulnerável à radicalização.

Pergunta: Podemos dizer que as redes sociais amplificam aquilo que já existe num cérebro de forma latente?

Resposta: Sim. Elas não criam do zero a vulnerabilidade, mas amplificam-na e aceleram-na. O cérebro, sobretudo em adolescentes, ainda está em desenvolvimento e é particularmente sensível a recompensas rápidas, a reconhecimento social imediato. As redes sociais fornecem isso de forma incessante.

Pergunta: Então, como podemos proteger as gerações mais novas (e a nós próprios) desse efeito?

Resposta: Uma parte da resposta passa por literacia digital, por ajudar jovens e adultos a compreender como funcionam os algoritmos e como podem manipular a nossa atenção. Mas há também um aspecto psicológico e cerebral: fortalecer a flexibilidade cognitiva, treinar a capacidade de tolerar a incerteza, cultivar o pensamento crítico. Se conseguirmos desenvolver essas competências, estaremos mais bem
preparados para resistir ao apelo das respostas absolutas que as ideologias extremas oferecem. E isso pode ser trabalhado tanto em contexto educativo como familiar, ajudando as pessoas a lidar com a complexidade em vez de fugirem dela.

Pergunta: Ou seja, a chave é combinar conhecimento social com compreensão científica do cérebro.

Resposta: Precisamente. É ao integrar estas duas perspectivas — a social e a neuropsicológica — que conseguimos uma visão mais completa. Só assim poderemos criar estratégias eficazes para fortalecer a resiliência individual e colectiva contra o extremismo ideológico.

Pergunta: Voltando àquela questão da maior ou menor capacidade de absorver informações…

Resposta: A informação é aquilo que circula mais rapidamente e de forma mais popularizada, e parece que os algoritmos que ditam que conteúdos, informação e entretenimento as pessoas recebem estão exactamente focados em criar essa informação mais radicalizante para as mentes mais vulneráveis.

Leor Zmigrod faz o que lhe compete: estuda, investiga e partilha conhecimentos. O que diz em relação às pessoas, em especial, os jovens e os adolescentes, cabe depois aos educadores, aos pedagogos, aos professores, tecerem estratégias de intervenção a partir das suas artes, do seu trabalho nas escolas e nas salas de aula. Que a confiança lhes seja dedicada na justa medida que necessitam. Ninguém mais que os próprios professores deseja habilitar os alunos em aprendizagens e capacidade de decisão pessoal, com as velhas e as novas ferramentas de ensino e aprendizagem.

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quinta-feira, agosto 28, 2025

#TOLERÂNCIA242 - TOLERÂNCIA, CÉREBRO, BIOLOGIA

 #TOLERÂNCIA242 - TOLERÂNCIA, CÉREBRO, BIOLOGIA

Não significa nada, nem antecipei qualquer intenção de falar disto hoje. É apenas uma constatação que me apraz, nem sequer a classifico como coincidência: falar de mente, cérebro, fisiologia e biologia precisamente no dia em que atinjo os dois terços de caminhos diários pela geografia da Tolerância.

O parágrafo anterior tem a ver com o texto que encontrei na edição de hoje da revista Visão, "CIÊNCIA,
Como o cérebro dita as nossas ideologias". A seguir transcrevo algumas frases do texto, que é o primeiro capítulo do livro de Leor Zmigrod, livro esse que tem em português o título "O Cérebro Ideológico, uma ciência radical das mentes susceptíveis" (a partir da edição inglesa), mas eu prefiro usar a outra forma, doutra edição em língua inglesa: "O Cérebro Ideológico, a ciência radical do pensamento flexível" (The Ideological Brais, the radical science of flexible thinking — edição americana). Na sua página do Linkedin, a autora põe ambas as capas lado a lado, sem qualquer comentário. No vídeo em que se apresenta (vi-o no Youtube)(1) apresenta-se com aquele «Olá, eu sou a doutora Leor...», com aquele "doutora" de nome que, enfim, devemos aceitar tolerantemente...

Pelo que vi numa busca breve na Net, a jovem cientista, que se apresenta como autora e cientista de Psicologia e Neurociência, nasceu nos EUA, em pequena foi viver para Israel; parece ser cidadã norte-americana.

Do artigo da Visão destaco as seguintes passagens:

«Os nossos corpos não são impenetráveis às ideologias que nos rodeiam: aquilo em que acreditamos reflecte-se na nossa biologia.»

«Os nossos corpos aprendem a corporizar as convicções ideológicas de maneiras profundas e preocupantes.»

«As batalhas sobre as ideologias assemelham-se a jogos de linguagem. Lançam-se palavras, são

arremessados dispositivos retóricos contra oponentes, que se evitam à justa. Reaccionário, revolucionário, conservador, progressista, conspiracionista, supremacista, racista, radical, intolerante. Raramente sabemos o que significam esses rótulos ou a quem eles se referem propriamente. George Orwell observou que “a linguagem política… está concebida para fazer as mentiras parecerem verdadeiras e o crime respeitável, e para dar uma aparência de solidez ao puro vento.”»

«Todavia, esses chavões linguísticos mascaram as realidades das ideologias tal como elas são vividas — desordenadamente, hipocritamente, orgulhosamente, autodestrutivamente — com perda, alegria,
humor, arrependimento, medo, com reversões, retratações, ruminações, intimidade e tristeza —, com lágrimas e lamentações, sorrisos radiantes e confusos olhares de soslaio.»

«Sejam elas nacionalistas, racistas ou religiosas, existem paralelos no modo como todas as ideologias se infiltram nas mentes humanas. Essas semelhanças não são coincidências; são inerentes à estrutura do pensamento ideológico.»

«Ao contrário da cultura – que pode celebrar excentricidades e reinterpretações –, na ideologia a não conformidade é intolerável e é essencial o alinhamento total. Quando o desvio das regras leva a punições severas e ao ostracismo, afastamo-nos da cultura e entramos na ideologia.»

«Do fascismo e do comunismo ao ecoactivismo e ao evangelismo espiritual, os grupos ideológicos oferecem respostas absolutas e utópicas para os problemas sociais, regras estritas de comportamento e uma mentalidade de grupo por meio de práticas e símbolos dedicados. Estes aspectos existem em todo o espectro das persuasões ideológicas. Tais características podem surgir mesmo quando a ideologia é guiada pelas intenções mais sinceras e pelos ideais mais nobres – mesmo que alegue proteger a dignidade ou o florescimento humanos.»

«As mentes individuais convertem as doutrinas sociais em pensamento ideológico, um estilo de pensamento que é governado por regras mentais estritas e por saltos mentais cuidadosamente controlados.»

«Se tivermos menor amplitude para a plasticidade e a mudança e menos acesso direto às nossas sensações, corremos o risco de nos desumanizarmos, a nós e aos outros. Tornamo-nos menos sensíveis, menos elásticos, menos autênticos.»

Tudo isto que li, e mais o que pesquisei da autora e do livro, deixou-me entusiasmado. Fico com a ideia de que no que à Pedagogia e à Educação diz respeito, a intenção da minha viagem na geografia da Tolerância foi, e está, bem dirigida: conhecer, conhecer, conhecer... Conhecer todos os matizes do conceito Tolerância e do conceito Intolerância: descascá-los, desenriça-los... Ir ao fundo deles, descobrir-lhes todos os matizes, os enredos, as formas, as fontes; onde eles estão, da nossa pele ao tutano dos ossos; nas nossas mentes, em pensamentos, preconceitos, estereótipos, percepções, aprendizagens, atitudes...

Mais! Que cada indivíduo, sendo respeitado na sua maneira de sentir, pensar, tomar consciência, optar, decidir, escolher, seja autor da sua própria mente flexível, a partir do treino e da aprendizagem auto-induzida da plasticidade das suas percepções, julgamentos e comportamentos.

É essa a grande razão das reflexões, actividades e jogos que tenho proposto por esta viagem fora: ajudar na autorregulação da aprendizagem das dinâmicas da Tolerância e da Intolerância.

Não sei se haveria melhor forma de fazer o ponto da situação da viagem no dia em que acontecem os dois terços da viagem... Pouco importa. Gostei muito de fazer hoje este balanço! Sim, estou em sintonia com o que a ciência que há praticamente 50 anos abracei, a Psicologia, está a ser capaz de produzir para ajudar a melhorar a vida dos indivíduos e das sociedades humanas.

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(1) https://www.youtube.com/watch?v=x7Ez1FUCDh4