Foi assim que só hoje, ao ler mais um bocadinho da edição portuguesa de Maio do "Courrier internacional", que recebi na semana passada, por correio mesmo, dei atenção a uma notícia publicada na secção dos "insólitos" (capítulo "Destaques"), na página 110.
Na hiperligação que fiz no título deste apontamento remeto para a notícia que o Público (na altura em que a notícia foi divulgada pela comunicação social, em geral; ou seja, por volta do dia 10 de Março) deixou na sua edição on line. Mas podem ser pesquisadas na NET outras, até mais pormenorizadas.
O que está em causa é de nos deixar a pensar... pensar seriamente!...
Voltarei a este assunto, mas não quis deixar de dizer já qualquer coisa.
Basicamente, o que está em causa é o seguinte: um chimpanzé (animal que na cadeia evolutiva está meis perto do espécie humana) mostrou-se inteligente, como antes nunca tinha sido observado (Atenção! Altamente inteligente, altamente antecipatório, altamente sofisticado). Foi estudado, e tiraram-se logo conclusões sobre a sua inteligência, e sobre a inteligência de TODOS os chimpanzés. Objectivamente, do ponto de vista do visitante humano (não enjaulado, não o esqueçamos; e não motivo de visita ao Zoo) o seu comportamento era perigoso: atirava pedras aos visitantes.
A notícia no Courrier internacional acaba de maneira semelhante à grande parte das notícias que foram publicadas, em todo o mundo, no dia 10 de Março, citando Mathias Osvath, o investigador que estudou Santino, o chimpanzé:
"Castraram o pobre coitado. Esperam que o nível hormonal baixe e que, assim, se sinta menos tentado a lançar pedras. Já ganhou peso e está muito mais brincalhão do que antes. Mostrar-se agitado não lhe estava a dar bons resultados".
"Mais brincalhão"?... Será que querem dizer que passou a fazer mais daquelas macaquices que os responsáveis dos Jardins Zoológicos e dos circos pensam que é (apenas) o que os visitantes gostam de ver?...
"Mostrar-se agitado"?... Será que querem dizer que tentava preservar - como nós, os humanos, bem gostamos de fazer - um pouco de "privacidade pessoal", e livrar-se de tantos mirones que o querem ver todos os dias - durante todo o dia! - a fazer "macaquices"?...
"Não (lhe) estava a dar bons resultados"?... Não estava a dar bons resultados... a quem, mesmo: ao chimpanzé?... aos tratadores?... aos visitantes?... aos responsáveis do Zoo?...
E, reparem: nem uma palavra mais sobre a sua inteligência, sobre o seu comportamento inteligente! Então não valeria a pena continuar a observar e a estudar este comportamento inteligente do chimpanzé?... Não ganharíamos nós, os humanos, com isso?...
Não consigo deixar que o "Voando sobre um ninho de cucos" me venha ao pensamento.
Não vou dizer mais nada sobre este "insólito", nem sobre o que penso que se poderia ter feito em alternativa; nem sobre o imperialismo ditatorial do Homem sobre as outras espécies e o ambiente.
Convido os meus alunos, e todas as outras pessoas mais que o queiram, a pensarem sobre esta notícia e a deixarem aqui a sua opinião.
Pela minha parte, um dia destes, quando tiver mais vagar, voltarei a este assunto.
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