segunda-feira, março 17, 2025

#TOLERÂNCIA78 - VOCABULÁRIO TOLERANTE E INTOLERANTE

 #TOLERÂNCIA78 - VOCABULÁRIO TOLERANTE E INTOLERANTE

A Tolerância está nas atitudes, nas acções, nos projectos de intenções, nas estratégicas comunicacionais; e nas palavras do dia-a-dia.

Numa escola está também na atenção que se dá à pessoa da criança, ao seu estádio de desenvolvimento psicológico, ao seu nível de maturidade emocional e social.

Hoje, estava eu de saída da escola, uma mãe ligou-me pelo telemóvel, estava muito chocada com a maneira como a directora de turma tinha ralhado com o filho, usou termos que faziam parecer que o filho era um criminoso. Com algum humor, saudável, disse-me mais ou menos assim: «Felizmente, ele é tão pequenino, que não deve ter entendido dois ou três dos termos que ela usou e eu disse-lhe "Esquece, vê lá se tens juízo, tu é que te puseste a jeito, a falha foi tua, a professora tinha razão, não repitas a gracinha, não voltes a fazer o que fizeste", mas acho que não era preciso ela ter usado aquele vocabulário todo, espero mesmo que ele esqueça algumas daquelas palavras.»

Grão a grão enche a galinha o papo, sermão a sermão enche o aluno o saco.


À pressa, tentei rabiscar uma lista de palavras, ou melhor, duas listas de palavras. A primeira lista é de frases típicas da comunicação professor-aluno em sala de aula, em ambiente normal de sala de aula; a segunda lista é de frases típicas que os professores usam quando ralham com os alunos.

Tenho ideia de que o vocabulário tolerante é construtivo e promove o respeito e a inclusão; o intolerante é agressivo e promove o desencorajamento e o desrespeito pelo aluno.

Da primeira lista, as frases tolerantes:

"Boa tentativa! Agora vamos tentar melhorar, vá, estou por perto."
"Não há pressa, cada um aprende ao seu ritmo."
"Olha que boa pergunta!"
"Foi bom teres tentado, agora talvez a gente consiga fazer doutra maneira."
"Vá, o erro faz parte da aprendizagem, ninguém nasce ensinado."
"Parece-me que vais lá, tens jeito, precisas é de treinar mais um bocadinho."
"Se precisares de ajuda, estou por aqui."
"O teu esforço está a mostrar resultados!"
"Gosto da tua curiosidade sobre este tema."
"No fundo, todos têm alguma coisa a ensinar e a aprender."
"Tens alguma sugestão ou ideia?"
"Bem, não tenho a mesma opinião que tu, mas percebo o teu ponto de vista."

Agora, da primeira lista, as frases intolerantes:

"Isso é básico, já devias saber."
"Nem vale a pena tentares."
"Que pergunta sem sentido!"
"Se não aprendes assim, o problema é teu."
"Nunca vais conseguir."
"Não tens jeito para isto."
"Já expliquei mais do que uma vez, se não entendeste, paciência."
"Fazes sempre tudo errado! Será que não sabes mudar?"
"Olha como os outros conseguem e tu não."
"Desisto de te tentar ensinar, és um caso perdido."
"Sim, és diferente dos outros, mas olha que não é no bom sentido."
"Mas como é possível que não entendas esta coisa que é tão simples!"

Da segunda lista (a do ralhar), as frases tolerantes:

"Sei que consegues fazer melhor do que isto, tu consegues controlar-te."
"O que fizeste não está certo, já percebeste, não foi?, mas podes corrigir, certo?."
"Confesso que fiquei desapontado com essa tua atitude, mas podemos falar um bocadinho sobre isso."
"Tens capacidade para fazer diferente na próxima vez. Diferente e melhor, mais justo, tenho a certeza."
"O respeito é fundamental, e preciso que colabores, sei que és capaz."
"Sabes que isto não é aceitável, vamos pensar numa solução para que não se repita?."
"Estou aqui para te ajudar, sim, mas preciso que me ouças."
"Entendo que tenhas dificuldades, mas precisamos de encontrar um caminho melhor."
"Vamos tentar resolver isto sem prejudicar ninguém, o caminho é esse."
"O que aconteceu hoje foi um erro, mas todos podemos aprender com os erros."
"Todos cometemos erros, o que é importante é aprender com eles."
"Anda cá, precisamos de pensar sobre as consequências das nossas acções."

Da segunda lista, as frases intolerantes:

"És sempre um problema na turma!"
"Estou farto de ti!"
"Nunca vais aprender!"
"És um desastre como aluno."
"Não quero saber das tuas desculpas!"
"Não tens respeito por ninguém!"
"Se continuares assim, não vais a lado nenhum na vida."
"Já não há remédio para ti, vais ser sempre assim."
"Não passas de um irresponsável."
"Se não queres aprender, então desiste de vez!"
"Nunca fazes nada bem, estás sempre a meter a pata na poça!"
"Isso é inaceitável, não tens desculpa alguma."

São doze frases de cada, para não me acusarem de filhos e enteados. Se quiserem juntar mais algumas, todas são bem-vindas!

Penso que estas listas podem ser o mote para conversas entre os professores nas reuniões do início do ano lectivo; e nem é preciso chamar à escola peritos destes assuntos. Bastará que os professores conversem entre si, departamento a departamento, ou grupo disciplinar a grupo disciplinar; ou mesmo nos conselhos de turma. Bastará uma hora! Acredito no potencial educativo dessa hora!

Confesso que o que me levou a escrever hoje este apontamento foi também uma ocorrência numa das aulas que tive de manhã: a pretexto de ser autêntico e sincero, um aluno fez uma apreciação muito intolerante do trabalho dum seu colega, ainda por cima um trabalho bastante bem feito, já que o colega cumpriu todas as minhas instruções e produziu de acordo com o seu potencial. Não seremos nós, professores, os modelos destas atitudes intolerantes? Paremos para pensar. Pensar com clareza e honestidade.

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