quinta-feira, março 06, 2025

#TOLERÂNCIA67 - TOLERÂNCIA, EDUCAÇÃO E PSICOTERAPIA

 #TOLERÂNCIA67 - TOLERÂNCIA, EDUCAÇÃO E PSICOTERAPIA

É só mesmo uma abordagem muito superficial do tema: a Tolerância na Educação e a Tolerância na Intervenção Clínica — o Educador e o Terapeuta.

Penso que são mais frequentes do que que seriam de desejar as ambiguidades entre a acção educativa e a acção psicoterapeuta. As ambiguidades e as incursões — pela minha experiência, as incursões são muito mais da Educação na Intervenção Psicoterapêutica. Sempre na minha opinião, os psicoterapeutas tendem a pecar por omissão, por afastamento excessivo da Acção Educativa.

Como já disse, este é, neste tema, um texto ainda muito primitivo, mais esboço que ensaio, tese, ou constatação sistematicamente procurada, constatada e validada.

Basicamente, proponho algumas linhas de fronteira entre ambas as áreas de acção (que se podem ocupar com a tolerância):

  • Uma coisa é a Tolerância que o agente da acção (o educador e o terapeuta) deve ter no acto que pratica; outra coisa é a Tolerância que pretende estimular no sujeito da acção (o aluno e o paciente).
  • O foco da acção educativa diz respeito à diversidade e inclusão social; e aos erros de aprendizagem. O foco da acção psicoterapêutica diz respeito à regulação emocional, ao autoconhecimento, à severidade crítica sobre si mesmo; e à fruição do bem-estar pessoal.
  • A Tolerância à frustração: aqui está uma área que reclama acção em ambas as áreas, a da Educação e a da Psicoterapia. Na Educação, a reacção ao erro (fazer erradamente), ao insucesso na realização (não ser capaz de fazer), ao insucesso na avaliação (não atingir o desempenho desejado). Na Psicoterapia, a relação com a imagem de si mesmo e da distância entre o que se deseja atingir e o que de facto se atinge (implica aceitar-se nas suas competências actuais e tolerar os próprios limites pessoais).
  • A Educação lida com objectivos e metas determinados ou impostos por entidades exteriores ao indivíduo; a Psicoterapia lida com objectivos e metas auto-impostos. Quais são os mais exigentes ou desafiantes? Que tipo de Tolerância pedem os outros ao sujeito e que tipo de Tolerância reclama o sujeito de si para si mesmo?
  • O manejo das questões que solicita Tolerância na Educação é essencialmente público, exterior ao indivíduo; o das questões da Tolerância na Psicoterapia é essencialmente recatado e do foro privado. (Este é um dos aspectos em que os Educadores mais tendem a falhar: expõem publicamente, muitas vezes em sala de aula, o que deveria ser inteiramente lidado na esfera do privado.)
  • A Tolerância à ambiguidade e à incerteza: já falei noutro apontamento que tendemos a ter mais tolerantes com a ignorância do que com a ambiguidade. Ora, mesmo que a Psicoterapia, mesmo que seja próprio da Psicoterapia lidar com questões complexas e sem respostas claras, em que está em causa a promoção do autoconhecimento e da auto-regulação dos afetos e a tomada de opções e decisões pessoais (assim exigindo que tanto o terapeuta quanto o paciente desenvolvam tolerância à ambiguidade, por exemplo, o terapeuta ajudando o paciente a aceitar que nem todas as situações da vida têm uma solução imediata ou definitiva; dizia eu, mesmo que a Tolerância à ambiguidade e à incerteza seja um terreno muito próprio à Psicoterapia, a Educação tem também de ser capaz de ajudar o aluno, o estudante, a lidar tolerantemente com a ambiguidade e a incerteza da natureza do conhecimento científico.

Pronto, este é mesmo o primeiro apontamento numa questão que é especialmente difícil. A ela voltarei noutro apontamento (ou noutros apontamentos) e admito voltar a este e preceder a algum acrescentamento ou revisão. Pelo menos fica assumido que a Tolerância na Educação e a Tolerância na Psicoterapia são coisas diferentes; confundi-las e não lhes clarificar as diferenças é improdutivo e pode ser perigoso para os sujeitos sobre quem recai a acção educativa e a acção psicoterapêutica.

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