quarta-feira, março 19, 2025

#TOLERÂNCIA80 - PAI, AMOR, TOLERÂNCIA

 #TOLERÂNCIA80 - PAI, AMOR, TOLERÂNCIA

Na segunda-feira, o inusitado cruzamento de várias ocorrências permitiu-me dispor de tempo para ver a série de 4 episódios da série "Adolescência" da Netfix. Ui!, que obra! Gostei muito: enredo muito bem construído, história verosímil, muito actual, à volta do que é o descanso para os pais de os filhos estarem sossegados no quarto; alertas pedagógicos, vários!, para pais e professores; interpretações notáveis, sobretudo a do adolescente protagonista (o desempenho dele no 3.º episódio, o da conversa com a psicóloga, é de arrebatar um óscar) e o do pai; tecnicamente, sobretudo no 1.º episódio, construções artificiais que constantemente nos mostram que estamos a ver um filme, não estamos envolvidos numa realidade. Recomendo vivamente.

A série deixou-me a pensar no complexo de afectos que liga um pai a um filho, e como nesse complexo o afecto do Amor e o afecto da Tolerância se cruzam, é mesmo inevitável que se encontrem, se afastem, e o imenso vai-e-vem desses encontros e afastamentos.

Bem perto do fim da história, escutamos um telefonema do filho para o pai no dia em que este celebra os 50 anos. Depois ficamos a pensar.

Esta série, na minha opinião, tem a grandeza do "Close". Recomendo vivamente a série e o filme a todos os pais e professores.

Tornou-se clássico, quando falamos nas relações entre pais (sobretudo no caso dos pais mesmo, os homens) e filhos que criaram dependências adictivas (álcool e drogas, essencialmente), fazer surgir a recriminação do filho que diz assim ao pai: «Sim, agora preocupas-te muito, mas quando eu precisei que estivesses lá, ao pé de mim, tu nunca estiveste.» Nos tempos que correm, cada vez mais os filhos querem que os pais não estejam lá (quer dizer, quando estão fechados no quarto ao computador).

Hoje, a evocação do dia, a celebração do Dia do Pai (como posso eu passar ao lado da evocação do dia quando chego à escola e sou recebido carinhosamente por alunos que me dizem «Os seus filhos hoje já lhe deram os parabéns, não foi? Também lhe damos os parabéns, stôr), fez-me lembrar a parábola do Filho Pródigo.(3)

A parábola do Filho Pródigo deixa-me a pensar, mais uma vez, na maneira como o amor de pai e a Tolerância se cruzam na mente e no coração dum pai. No caso desta parábola, fico a pensar também no amor e na Tolerância do irmão, aquele que foi sempre obediente e cumpridor com o pai.

Na verdade, quantas vezes os afectos do Amor e da Tolerância são também um desafio exigente para os irmãos do filho pródigo?

A mini-série "Adolescência" e o filme "Close" não são ficções baseadas em casos reais concretos que assim tenham acontecido, mas são uma e outro construídos com bases em ocorrências menores, efectivamente reais, que exploram muito bem onde as coisas podem chegar quando a pressão social dos pares, carregada de intolerância, se torna avassaladora.

Explorar a mini-série, mais o filme, mais a parábola, em dinâmicas de formação de pais e professores — e dos próprios jovens! — são, no mínimo, 12 horas de trabalho, realizadas preferencialmente, de forma extensiva, ao longo do tempo. Há muito que falar, há muito que reflectir com estes 3 preciosos recursos pedagógicos da Educação da Tolerância.

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(1) "Adolescência" é uma minissérie britânica que acompanha uma família devastada pela acusação de assassinato contra seu filho adolescente.

Com uma narrativa intensa e actual, a série mergulha na vida da família Miller e seu filho Jamie, um garoto de 13 anos acusado de matar uma colega de escola. Além do mistério em torno do crime, a trama explora questões sociais profundas e acontecimentos que se aproximam de nossa realidade.
(https://observatoriodocinema.com.br/series/adolescencia-serie-da-netflix-e-baseada-em-historia-real/)

(2) "Close" é um drama emocionalmente intenso que explora a amizade profunda e a vulnerabilidade da adolescência. A história acompanha Léo e Rémi, dois rapazes de 13 anos que compartilham uma amizade íntima e inocente, cheia de cumplicidade e afecto. Os dois passam os dias um com o outro, brincam, riem-se num mundo que é deles e onde se sentem seguros e livres. Os pais de ambos aceitam agradavelmente e incondicionalmente a relação entre os dois amigos.

No entanto, ao ingressarem, depois das férias, numa escola nova, a relação dos dois começa a ser questionada pelos colegas, que insinuam que a sua proximidade vai além de uma simples amizade. Sob a pressão dos colegas de escola e confuso com as expectativas dos outros, Léo começa a distanciar-se de Rémi, buscando encaixar-se num modelo de rapaz socialmente mais "aceitável" (à vista dos colegas de escola).

Esse afastamento tem consequências devastadoras, levando a um desfecho trágico que força Léo a confrontar-se com os seus sentimentos, a culpa que sente e as complexidades dum luto que nunca esperaria. (DeepSeek, adaptado)

(3) Ver aqui a parábola do Filho Pródigo: https://www.bibliaonline.com.br/nvi/lc/15/11-32

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