#TOLERÂNCIA76 - O DILEMA DO AMIGO DE INFÂNCIA
Fui à Baixa, ao princípio da tarde, fazer o roteiro d' "O Último Cabalista de Lisboa". Cheguei cedo e, com a ajuda dum turista que por ali passou, tive oportunidade de tirar uma fotografia ao lado do Memorial às Vítimas do Massacre Judaico de 1506, no Largo de São Domingos. A fotografia está muito boa.
A fotografia pode ser vista com a aparência dum dilema: fico do lados dos judeus ou fico do lado dos palestinianos.
Bem, em relação ao que está a acontecer na Faixa de Gaza, não há dilema menhum: estou do lado dos palestinianos e contra o Governo de Israel e todos os que o apoiam, sejam ou não israelitas.
O que é certo é que, com o tempo que tive para olhar para as fotografias que o rapaz me tirou (repito, 3 boas fotografias, com máquina fotográfica. Ele sabe da poda.) pus-me a pensar nos dilemas, os velhos dilemas, e no valor pedagógico que eles têm.
Quando cheguei a casa, pouco depois pus-me ao computador e andei de chatbot em chatbot a pedir que me criassem dilemas que tivessem a ver com a tolerância. Olhando o primeiro de cada um dos chatbots (4, ao todo) que consultei, a primeira sugestão de cada um deles mostrou-me que andaram todos a comer sopa da mesma gamela. Quando lhes pedi um segundo, aí sim, apareceu variação entre eles.
A estrutura de apresentação e desenvolvimento dum dilema é simples. Entretanto, a forçados dilemas não está aí, na estrutura, mas na dinâmica de exploração pedagógica feita pelo professor ou dinamizador do grupo — felizmente, a competência para a orientação duma dinâmica de um grupo que se ocupa com um dilema é sensível ao treino e à aprendizagem.
Para já, neste campo, o dos dilemas, viva os chatbots!
Trago para aqui um de que gostei especialmente, já que tem muito a ver com questões que, assim mesmo ou por analogia, fazem parte da vida normal dos jovens que tenho nas aulas. Se quisermos, podemos pedir aos chatbots que alterem aqui, mudem ali, e assim afinamos a situação dilemática à medida do que mais especificamente pretendemos. Podemos pedir as vezes que quisermos, os chatbots são muito tolerantes com os seus utilizadores. Vamos ao dilema.
O Dilema do Amigo de InfânciaJoana e Pedro são amigos desde a infância. Eles cresceram juntos, compartilharam momentos importantes e sempre se apoiaram. No entanto, nos últimos anos, Pedro começou a expressar opiniões políticas e sociais que Joana considera profundamente problemáticas. Ele faz comentários discriminatórios sobre certos grupos étnicos e defende políticas que Joana vê como injustas e opressivas.
Joana se sente dividida. Por um lado, ela valoriza a amizade de longa data e acredita que o diálogo pode ajudar Pedro a refletir sobre suas visões. Por outro, ela se preocupa com que, ao manter a amizade, esteja implicitamente validando ou tolerando opiniões que considera moralmente erradas. Além disso, ela teme que a associação com Pedro possa afectar a sua própria reputação e relacionamentos com outras pessoas.
O dilema é:
alternativa 1: Se a Joana cortar laços com o Pedro, ela pode perder uma amizade importante e fechar a porta para possíveis mudanças no pensamento dele.
alternativa 2: Se ela mantiver a amizade, corre o risco de parecer concordar com suas opiniões ou de se sentir desconfortável com suas atitudes.(1)
Perguntas para reflexão:
pergunta 1: Até que ponto devemos tolerar opiniões divergentes em nossas relações pessoais?
pergunta 2: É possível manter uma amizade com alguém cujas visões consideramos moralmente questionáveis?
pergunta 3: Como equilibrar o respeito pela individualidade do outro com a defesa de nossos próprios valores?
Tema do dilema: este dilema explora os desafios de conviver com diferenças profundas, especialmente quando envolvem pessoas próximas a nós. O que você acha que Joana deveria fazer?
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(1) Quantas vezes situações análogas a esta surgem nos namoros dos jovens (e não só...), os quais, caso tivessem algum treino em situações dilemáticas, talvez soubessem resolver mais rapidamente relacionamentos tóxicos que se tornam desgastantes, sobretudo porque se prolongam demasiadamente no tempo.
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