#TOLERÂNCIA66 - «ELES SÃO CÃO E GATO»
«Eles são cão e gato.» Expressão bem popular, que tantas vezes é usada pelos pais quando lhes perguntam como se dão os dois irmãos entre si, sejam do mesmo sexo ou não, seja a rapariga mais velha, seja o rapaz mais velho.
As redes sociais (já agora, há as europeias e as não-europeias. Por mim, vou afastar-me aos poucos das
não-europeias, até já abri conta em duas europeias, a ver como funcionam) estão cada vez mais cheias de pequenos vídeos que mostram comportamentos entre os animais que rebentam completamente com essa imagem tradicional da relação entre o cão e o gato, e entre muitas outras espécies. Por exemplo, lembro-me de ver um em que cachorrinhos, ou gatinhos, já não sei bem, se anicham debaixo das asas duma galinha, que os acolhe com desvelo maternal enternecedor.Talvez possamos fazer uma arrumação entre a observação dos comportamentos dentro da mesma espécie (intra-específica. Por exemplo, os cães, os gatos, os leões, os golfinhos, os corvos, etc.) e entre espécies diferentes (inter-específica. Por exemplo, cães com gatos, lobos com cordeiros, etc.).
Que podem até as pessoas mais citadinas observar nos animais, mesmo que não tenham contacto directo com eles, ou não gostem mesmo deles? Basta que tais pessoas vão fazendo 'scroll' na sua página do Facebook, do Instagram (a propósito, estas são redes sociais não-europeias, as quais, por mim, quero ir aos poucos trocando por redes sociais europeias — Não! Não me venham dizer que, afinal, agora estou a ficar intolerante ao que não é europeu e que me estou a tornar num rígido defensor do 'made in Europe'!... Não, não estou. Isso sim, estou a abrir-me mais à diversidade e à valorização do que é nosso, e eu sou cidadão europeu.), e dediquem alguma atenção a esses tais pequenos vídeo que agora, tempo em que toda a gente tem um telemóvel na mão (o jornal Correio da Manhã, na edição de hoje, apresenta como título principal na capa "Vendidos mais de 4 telemóveis por minuto" (em Portugal, em 2024), se pode fotografar e filmar tudo e mais alguma coisa que aconteça à nossa volta.
Seja dentro das casas das pessoas, seja na rua em que se vive, seja na praia ou no campo onde se foi passar umas feriazinhas, seja num safari africano, tantas vezes se observam espécies instintivamente inimigas convivendo lado a lado ou mesmo em interacção harmoniosa, mostrando-nos uma muito pouco tradicional, contrária aos estereótipos que todos temos na cabeça, numa palavra: uma muito clara aceitação da diferença, sem qualquer preconceito de raça, espécie ou aparência.
As redes sociais mostram também muitos animais que adoptam crias ou filhotes órfãos de outras espécies (Estou a lembrar-me, por exemplo, duma leoa que passou a cuidar duma cria-macaco depois de ter acabado de matar a mãe desta para comer. Quando ouviu o gemido da cria, desistiu da presa e foi cuidar da cria que tinha acabado de tornar órfã). A raiz do cuidado da prole está fortemente gravada no cérebro, até no cérebro humano!, é preciso saber cuidar desse tão instintivo sentimento, ao mesmo tempo, animal e humano).
Fazendo jus ao famoso lema hippie dos anos 60, o "Make love, not war", sabe-se que chimpanzés, e especialmente os bonobos, depois de brigarem entre si muitas vezes reconciliam-se uns com os outros trocando gestos de afecto, como abraços ou carícias, ou mesmo copulando. Parece que os animais, muito mais do que os seres humanos, não guardam rancor (ou resentimento): aconteceu, resolveu-se, passou, esqueceu-se. Sim, obviamente, nem todos são assim, basta ver as estratégias, a prazo, na disputa da liderança em grupos de primatas entre os candidatos a macho-alfa, mas essa é uma situação muito específica.
Não guardar rancor e perdoar não são bem a mesma coisa, mas, como parecem viver perto um do outro, merecem que um dia lhe dedique algum tempo e reflexão.
O comportamento de cooperação da matilha de lobos é proverbial. Até para com os elementos mais fracos e fragilizados da matilha. Aqui a tolerância é intra-específica, neste caso, para com os mais fracos do grupo.
A harmonização dos espaços, dos territórios de vida, entre diferentes espécies é também um exemplo muito interessante para os grupos humanos. Na verdade, é muita vez a interferência da acção humana nesses espaços que quebra a harmonia, cria desequilíbrios e assiste-se ao recrudescimento da agressividade e da competição na luta pela sobrevivência.
Uma palavrinha final, por hoje, neste exploração, muito à superfície, do que os outros animais têm para ensinar ao Homem acerca da Tolerância, para o cão.
O cão é mesmo o melhor amigo do homem. O cão é um animal carregadíssimo de tolerância para com o seu dono! Cada vez mais, o cão, que é de afectos fáceis, substitui, compensa, na vida de cada vez mais pessoas, a presença de outras pessoas. As pessoas têm necessidade do afecto e da presença. ali ao lado, do Outro, mas estamos a perder a paciência e a Tolerância para as diferenças dele. O cão, grande ou pequeno, macho ou fêmea, continua a ser infinitamente tolerante para com o seu dono. Mas esse assunto não é para agora. Fica para depois.
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