#TOLERÂNCIA 60 - TOLERÂNCIA E CARNAVAL
ado popular português mais conhecido é o que diz que "No Carnaval ninguém leva a mal". E com a tradicional tolerância de ponto, a que até o austero 1.º-ministro Cavaco Silva não resistiu, podemos dizer que "No Carnaval, a folia é geral e a tolerância é oficial."
Não, não vou falar das origens culturais e antropológicas do Carnaval, quero apenas manter o foco no que, no âmbito do caminho que estou trilhando, pode ligar o Carnaval à Tolerância.
O que vou listar não tem nada a ver com as 95 teses de Lutero, e mesmo que eu tivesse essa presunção, cá está: no Carnaval ninguém leva a mal.
- O Carnaval é, nos países em que é celebrado (penso que são os países de tradição católica e de forte influência europeia ocidental), a festa social e cultural do ciclo anual que, por um lado, mais excessos comportamentais exibe e também a que mais encontra nas pessoas a atitude da Tolerância.
- Pessoas felizes são mais tolerantes, logo, se mais satisfação (social, económica, profissional; de saúde pessoal) for proporcionada às pessoas, elas tornam-se mais tolerantes.
- O Carnaval é uma oportunidade de fazer a experiência de afinação dos limites dos excessos, e dos limites da Tolerância.
- Se a folia for livre, e o respeito for lei, o Carnaval é sucesso que nem sei! (De resto, esta tese eu plagiei, no Instagram encontrei — mas só a primeira parte!, até "lei")
- O tempo do Carnaval é curto, não podia ser doutra maneira, os excessos têm de ser sempre sol de pouca dura, no fundo é assim com todas as festividades,(1) os grupos sociais não aguentam funcionar sempre no vermelho. Mas o tempo do Carnaval mostra onde a intolerância pode estar reprimida e dá pistas para estratégias de promoção da Tolerância.(1)
- No Carnaval, a fantasia cobre o rosto e revela a alma. Desta ou doutra maneira, muita gente por aí diz a mesma coisa. No fundo, esta tese é irmã gémea da tese n.º 5.
- Quem não tolera o frevo(2) alheio, não dança no Carnaval. Também cacei esta tese aí pela Net. Talvez seja uma provocaçãozinha aos indefectíveis do samba, os que professam radicalmente que Carnaval é Samba. Seja como seja, esta tese deve fazer jurisprudência a tantas outras rivalidades que por todo o Mundo vão espicaçando a Intolerância e desafiando a Tolerância.
- Carnaval é dissolvência, Tolerância é excelência, Respeito é essência. Vem-me à cabeça os excessos a que chegaram algumas praxes académicas.
- Se o Carnaval é inebriante canção, a Tolerância é prudente refrão. Quem quiser, canta, goste ou não da canção; quem não quiser, deixa-se ficar quietinho ou passa ao lado, procura outra reinação.
- Carnaval salutar é fácil tolerar. Perverter o Carnaval, fazendo dele oportunidade doutras coisas que não sejam as ancestrais folias pagãs, é estragar a festa e a alegria que as pessoas nele procuram. (É, eu não podia deixar de fazer uma referenciazinha, por muito ao de leve que fosse, ao âmago antropológico da folia carnavalesca).
Fico-me por estas 10 teses, que, afinal, se aparentam mais em número com as Tábuas de Moisés do que com as Folhas de Papel de Lutero.
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(1) Talvez a celebração que mais se tem abastardado seja o Natal, muitas cidades estão já a preparar o Natal no início de Outubro! E porquê? Porque o Natal é cada vez mais uma "celebração" comercial, em que muito dinheiro se gasta, muito de tudo se consome — é a grande oportunidade de negócio para os comerciantes, sejam as grandes lojas sejam os retalhistas, há que esmifrar o subsídio de Natal que, afinal, tanto, ao longo do ano, custou a ganhar aos cidadãos-consumidores.
(2) Segundo o Livro de Registros das Formas de Expressão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) do Brasil, o frevo é “uma forma de expressão musical, coreográfica e poética, enraizada no Recife e em Olinda, no estado de Pernambuco”. É Património Cultural Imaterial Brasileiro desde 2007, e da Humanidade desde 2012.
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