#TOLERÂNCIA 43 - OS LIVROS E A TOLERÂNCIA DOS PORTUGUESES NO NOVO MUNDO
O "Novo Mundo", designação certamente europeísta, por oposição ao "Velho Mundo" (a própria Europa), é a América do Sul e a América do Norte. Mas já lá vamos.
Naturalmente, pela natureza do caminho que escolhi para a aventura na Tolerância, constantemente procuro informações, conhecimentos, opiniões, perspectivas, experiências, investigações, enfim, tudo o que me possa tornar conhecedor mais informado e habilitado no assunto.
Há dias, cheguei a uma pequena "estação de conhecimento". Não parei nela, mas guardei-a para lá voltar. Trata-se de um 'site' chamado "World Literature Today" (A Literatura Mundial Actual).
No apontamento de 15 de Novembro de 2023, escrevem assim os editores:
"Durante anos, um prognóstico de Johann Wolfgang von Goethe apareceu na página de rosto da World Literature Today: “Estas revistas, ao atingirem um público mais vasto, contribuirão mais eficazmente para a literatura mundial universal que esperamos. Não se trata, porém, de que as nações pensem da mesma maneira. O objetivo é simplesmente que se conheçam, se compreendam e, mesmo que não se possam amar, possam pelo menos tolerar-se mutuamente” (On Art and Antiquity, 1828).
Em 2017, o WLT publicou uma edição especial dedicada à “Crença numa Era de Intolerância” e, em 2018, uma lista de livros intitulada “11 Livros para a Tolerância e a Compreensão”. A edição e a lista de livros tinham como objetivo facilitar a reflexão, promover a tolerância e fomentar a compreensão. O WLT publicou a lista a 16 de novembro, em conjunto com o Dia Internacional da Tolerância e no espírito da Declaração de Princípios sobre a Tolerância da UNESCO de 1995.
Cinco anos mais tarde, os editores do WLT decidiram compilar uma nova lista de livros para o Dia da Tolerância deste ano, elaborada a partir de recomendações de professores/estudantes de pós-graduação da Universidade de Oklahoma e apresentando livros didácticos sobre o tema da tolerância, especialmente numa perspetiva literária, cultural e/ou histórica. (N.B. Os links para os doze livros podem ser encontrados na página da Livraria do WLT).
A etimologia de tolerância em inglês tem raízes no latim tollere (levantar) e no grego tlēnai (suportar). Neste tempo de intolerância assassina, os editores esperam que a seguinte lista de livros dê aos leitores uma razão para se erguerem uns aos outros e para suportarem o peso das injustiças históricas e da violência atual."(1) (2)
É aqui que entram o Velho e o Novo Mundo, os Portugueses e os Índios do Padre António Vieira.
Quando li os títulos dos livros, o que ganhou prioridade na minha atenção foi o que aparece em 5.º lugar na lista, de que é autor o Professor Stuart B. Schwartz: "All Can Be Saved: Religious Tolerance and Salvation in the Iberian Atlantic World", da Yale University Press, 2008.
O Professor Raphael Folsom, Professor Associado, do Departamento de História da mesma
universidade, apresenta assim o livro: «Utilizando registos das Inquisições espanhola e portuguesa, Schwartz argumenta que os impérios ibéricos eram as sociedades mais tolerantes do ponto de vista religioso no início do mundo atlântico moderno. Centenas de casos atestam a presença de culturas vernáculas de tolerância religiosa baseadas em máximas práticas como “Todos, se levarem uma vida boa, podem ser salvos na sua própria lei”. Assim, os diversos povos do Brasil e do México comercializavam, discutiam, casavam entre si e davam-se bem, apesar das fés díspares. O livro, espirituoso, sexy, hilariante em alguns pontos, conta a história mortalmente séria de pessoas comuns que vivem juntas em circunstâncias duras e complicadas.»(2)Confesso que, não obstante ter ficado contente com a referência elogiosa à colonização portuguesa, fui tomado também por um afecto de rejeição impulsiva, automática, pela referência, primeiro, à Inquisição"; e depois aos espanhóis — lembrei-me imediatamente (estereotipadamente?) de Hernán Cortés, "o Conquistador", e pouco alívio encontro no meu sentimento de rejeição por saber que foram as doenças que os europeus levaram para as Américas que mais nativos mataram, mais do que as armas de fogo, já que os nativos das Américas não tinham defesas para os vírus levados pelos europeus — nem os europeus tinham consciência das armas biológicas tão letais que levavam com eles.
Quanto ao Padre António Vieira, é claro que não sei (Ainda não sei!) se o autor fala do Padre António Vieira, mas estou curioso sobre se o faz ou não.(3)
Sim, fica guardado o registo. Sim, vou ler os resumos, as análises e as críticas dos livros. Para além do livro, é claro. Uma das coisas que pude já ler, e que achei muito interessante, do lado das críticas, é sobre se o autor não estará a misturar três coisas diferentes e a dar a todas elas um único nome. Essas coisas são, então, a tolerância, a indiferença e o pragmatismo. Interessante... Fica-me a apetecer falar sobre estes 3 conceitos, talvez já amanhã, quem sabe.
Agora, não há dúvida de que há aqui qualquer coisa que me agrada, enquanto português. Sim, que tem a ver com a proverbial, estereotipada, imagem de que os portugueses têm uma facilidade muito grande em aceitar os Outros e de se misturarem com os Outros. Lembro-me, por exemplo, que isso me disseram empresários, rotários ou não, na África do Sul, em 1992, quando visitei a região de Joanesburgo, a convite da Fundação Rotária Internacional, na qualidade de Embaixador da Boa Vontade. Várias vezes o ouvi durante as 4 semanas que lá estive. Diziam-me isso, desesperando que eles, de ascendência inglesa e neerlandesa, não conseguissem o mesmo, não tinham esse jeito.
Cá está, a Pedagogia e a Educação não podem alimentar-se apenas de opiniões, suposições, intuições e criatividade abstracta. Temos de baixar à terra e alimentarmo-nos de informação fidedigna, abalando os estereótipos, preconceitos e demais distorções históricas necessárias. A bem da Tolerância, bem diferenciada da indiferença e do pragmatismo.
(2) Traduzido com a versão gratuita do tradutor - DeepL.com
(3) Passaram poucas horas da escrita deste apontamento. Num bocadinho, folheei o e-livro. Sim, são muitas as referências ao padre António Vieira. Mais uma razão para, assim que puder, mergulhar mais profundamente neste livro.
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