terça-feira, fevereiro 18, 2025

#TOLERÂNCIA 51 - TOLERA-SE MAIS A IGNORÂNCIA DO QUE A AMBIGUIDADE

 #TOLERÂNCIA 51 - TOLERA-SE MAIS A IGNORÂNCIA DO QUE A AMBIGUIDADE

Somos todos poeiras de estrelas, dizia Carl Sagan. A ideia é aparentada com a que, segundo a mitologia bíblica, foi dita por Deus ao homem quando o expulsou do Paraíso: «porque tu és pó e ao pó voltará.»

Antes Deus tinha castigado a mulher, só depois castigou o homem. Foi o homem que deu o nome Eva à mulher; e não é claro, parece-me, quem é que deu o nome Adão ao homem.

Gosto de me imaginar poeira de estrelas, sinto-me incomodado com o ditame de ser pó e de ao pó voltar quando morrer. Ver-me poeira das estrelas impele-me a ser humilde, o regresso ao pó é o castigo de não ter sido humilde, de não ter vencido o desejo e a ambição. As estrelas fascinam-me com a eternidade da viagem, o pó da terra é a expressão da inevitabilidade da minha morte. Atalhando o que não quero que aumente e se disperse, direi que sou dos que preferem olhar o copo meio cgeio do que meio vazio.

Carl Sagan era um cientista fascinado com a Vida e com o Cosmos, vivia uma e o outro como Louis Armstrong cantava «Yes, I think to myself, What a wonderful world, Ooh, yes...». Era profundamente afligido que ele falava dos biliões e biliões de dólares gastos em armas e em guerras.

Ele, o fabuloso astrónomo, diz-nos no Cosmos que somos mais tolerantes com a ignorância do que com a ambiguidade. Na Introdução, ele escreve assim:

«No Verão e Outono de 1976, como membro da equipa de voo da Viking Lander, estava empenhado, com uma centena de colegas cientistas, na exploração do planeta Marte. Pela primeira vez na história da humanidade, tínhamos conseguido pousar dois veículos espaciais na superfície de outro mundo. Os resultados, descritos mais pormenorizadamente no Capítulo 5, foram espectaculares, o significado histórico da missão era absolutamente evidente. E, no entanto, o público em geral não estava a aprender quase nada acerca destes grandes acontecimentos. A imprensa estava em grande parte desatenta; a televisão ignorou a missão quase por completo. Quando se tornou claro que não seria possível obter uma resposta definitiva sobre a existência de vida em Marte, o interesse diminuiu ainda mais. Havia pouca tolerância para a ambiguidade.»(1)

Mais à frente, no 4.º capítulo (Céu e Inferno), escreve Sagan: «Há alguns milhões de anos, quando os seres humanos evoluíram pela primeira vez na Terra, já era um mundo de meia-idade, 4,6 biliões de anos depois das catástrofes e impetuosidades da sua juventude. Mas nós, humanos, representamos atualmente um factor novo e talvez decisivo. A nossa inteligência e a nossa tecnologia deram-nos o poder de afectar o clima. Como é que como é que vamos usar esse poder? Estaremos dispostos a tolerar a ignorância e a complacência em assuntos que afectam toda a família humana? Será que valorizamos as vantagens a curto prazo acima do bem-estar da Terra? Ou será que pensaremos em escalas de tempo mais longas, preocupados com os nossos filhos e os nossos netos, para compreender e proteger os complexos sistemas de suporte de vida do nosso planeta? A Terra é um mundo minúsculo e frágil. Precisa de ser acarinhada.»(1)

No capítulo a seguir, Blues para um Planeta Vermelho, logo no primeiro parágrafo, Carl Sagan escreve isto:

«Há muitos anos, diz a história, um célebre editor de jornais jornal enviou um telegrama a um famoso astrónomo: JUNTE-ME AÍ RAPIDAMENTE QUINHENTAS PALAVRAS SOBRE A EXISTÊNCIA OU NÃO DE VIDA EM MARTE. O astrónomo respondeu obedientemente: NINGUÉM SABE, NINGUÉM SABE, NINGUÉM
SABE… 250 vezes. Mas apesar desta confissão de ignorância, afirmada com persistência por um perito, ninguém prestou atenção, e, de então para cá, ouvimos declarações autoritárias por aqueles que pensam ter deduzido a existência de vida em Marte, e por aqueles que pensam que a excluíram. Algumas pessoas querem muito que haja vida em Marte; outros querem muito que não haja vida em Marte. Tem havido excessos em ambos os campos. Estas paixões fortes de certa forma desgastaram a tolerância à ambiguidade que é essencial à ciência. Parece que há muitas pessoas que querem simplesmente que lhes seja dada uma resposta, qualquer resposta, e assim evitar o fardo de manter duas possibilidades mutuamente exclusivas nas suas cabeças ao mesmo tempo.»(1)

É quase a diferença entre o «Não quero saber, não me quero chatear...» e o «Mas não dá mesmo para saber? Que nervos!...»

A Tolerância do (des)conhecimento científico, a Tolerância da ambiguidade do To be or not to be tem de ser educada. Como vemos, a partir das citações anteriores, não apenas aos mais pequenos, mas também aos mais crescidos.

De volta ao Céu e Inferno do 4.º capítulo: «A ciência é gerada por e dedicada à livre livre investigação: a ideia de que qualquer hipótese, por mais estranha que seja, merece ser considerada pelos seus méritos. A supressão de ideias incómodas pode ser comum na religião e na política, mas não é não é o caminho para o conhecimento; não tem lugar no esforço da ciência. Não sabemos de antemão quem descobrirá novos conhecimentos fundamentais.»(1)

O caminho da aventura em que me meti, no mundo da Tolerância, está carregado de ambiguidades... Tolero-as? Enfrento-as? Ou descanso na ignorância?

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(1) Traduzido com a versão gratuita do tradutor - DeepL.com

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