domingo, fevereiro 02, 2025

#TOLERÂNCIA 35 - QUE EFEITOS TEM O TEMPO NA TOLERÂNCIA?

 #TOLERÂNCIA 35 - QUE EFEITOS TEM O TEMPO NA TOLERÂNCIA?

Algumas perguntas:

  1. Com o passar do tempo (quer dizer, a distância temporal em relação a um acontecimento ou conjunto de acontecimentos), a Tolerância aumenta ou reduz-se?
  2. A Tolerância tem um momento antes um momento depois, como se se ligasse um interruptor; ou ela aparece (ou desaparece) progressivamente, quase sem se dar conta da mundança?
  3. Se, como cantava Camões, «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades», o tempo histórico a passar muda as concepções acerca da Tolerância, e o que num tempo se tolera noutro tempo torna-se intolerável?

Certamente a Sociologia da Tolerância e a Psicologia da Tolerância têm trabalhado estas questões — e muitas outras, evidentemente —, e talvez um dia, lá mais para a frente, surja a oportunidade, nesta nossa aventura, de passarmos uma vista de olhos por estudos e investigações que versem estas questões.

O que quero concretamente nesta altura é pensar acerca, por um lado, no efeito positivo ou erosivo do Tempo sobre a Tolerância; por outro lado, no efeito efémero ou duradouro da Educação da Tolerância.

Que vale a Educação da Tolerância se o Tempo, mais cedo ou mais tarde, apaga os seus efeitos?

Provavelmente acontecerá com a Tolerância o que o milenar Tempo Histórico tem mostrado que acontece com a Paz, a Democracia e os Direitos Humanos: quando as pessoas, os grupos humanos, os países e as nações os atingem não é um ganho que depois não se perde nunca mais. Infelizmente, os exemplos das perdas e dos retrocessos são muitos e trágicos.

Sendo o Mundo assim, parece que a Educação tem de fazer a sua parte, tem de tentar sempre, nunca pensar que não há mais nada a fazer, que se fez tudo o que era possível. A Educação tem se de reinventar constantemente; e, mesmo em tempos de ventos favoráveis à Tolerância, à Justiça, ao Respeito e à Paz, a Tolerância tem estar sempre na primeira linha das preocupações e das acções dos educadores, em todos os níveis em que a Educação (estou agora a referir-me especialmente à Educação Formal, que é da responsabilidade dos Governos dos Países e das estruturas supra-nacionais mundiais) se exerce.

Hoje de manhã, num telejornal, uma técnica social envolvida na denúncia da e combate à violência doméstica dizia que é preciso educar as crianças e os jovens para que este flagelo — sim, é um flagelo. Em Portugal, só no mês de Janeiro que acabou há 2 dias, foram mortas 4 mulheres por crimes de violência doméstica —, o número de casos não está a baixar, pelo contrário.

Que não se caia da tentação, ou na ilusão, de pedir à Educação o que não é da sua competência. A obra de 1970, de Bordieu e Passeron, "A Reprodução: Elementos para uma teoria do sistema de ensino", não obstante as discussões e críticas de que foi depois alvo, pôs o dedo na ferida: a escola, a educação escolar, é filha da sociedade e é filha do Tempo em que se realiza.

A Educação, sim, que faça a sua parte; mas a Política também; a Economia também; a Justiça também.

A Tolerância pode ser impulsionada, semeada, germinada, pela Educação. A Educação pode sempre encontrar a boa Pedagogia da Tolerância. Mas os agentes nacionais e mundiais dos governos da Política, da Economia e da Justiça têm também de fazer a sua parte. A César o que é de César, e o César da Educação é o que tem menos recursos materiais, Tempo mais condicionado, menos poder legislativo; e a organização formal dos sistemas escolares está permanentemente ao sabor de quem pode mais politicamente e economicamente.

Em conclusão: em rigor, o Tempo não é o problema da Tolerância, o Tempo é o Tempo, e atrás dos Tempos vêm Tempos, como cantava o Fausto. O problema da Tolerância é o que acontece em razão dos ventos da Política, da Economia e da Justiça.

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