#TOLERÂNCIA181 - SONO, ESCOLA E EDUCAÇÃO
Continuo a ler muito sobre o sono, os autores são sempre especialistas médicos, é a estes clínicos que gosto de ir buscar informação. Não sei se eles se lêem uns aos outros (não basta procurar nas bibliografias), mas parece haver um jeito de escrita que lhes é próprio, parece que "escrevem para as pessoas", como um dia um dos filhos pediu ao dr. João dos Santos para assim fazer. Alguns escrevem, inclusivamente, com especial bom humor.
Os horários da organização da vida social (escola e trabalho) continuam, em geral, a não ser amigos da boa higiene de sono dos estudantes, especialmente os adolescentes.
Do livro "Why We Sleep: Unlocking the Power of Sleep and Dreams", de 2017, de Matthew Walker, eu trago para aqui a seguinte passagem:
«SONO E EDUCAÇÃO: Mais de 80 por cento das escolas secundárias públicas nos Estados Unidos começam antes das 8h15min da manhã. Quase 50 por cento dessas escolas começam antes das 7h20min da manhã. Os autocarros escolares para uma hora de início às 7h20min da manhã começam normalmente a recolher as crianças por volta das 5h45min. Como resultado, algumas crianças e adolescentes têm de acordar às 5h30min, às 5h15min, ou ainda mais cedo, e fazem-no cinco dias em
cada sete, durante anos a fio. Isto é uma loucura.»Conseguiria concentrar-se e aprender alguma coisa depois de ter acordado tão cedo? Não se esqueça que 5h15min da manhã para um adolescente não é o mesmo que 5h15min da manhã para um adulto. Lá mais atrás, dissemos que o ritmo circadiano dos adolescentes avança drasticamente entre uma a três horas. Portanto, a pergunta que eu deveria fazer-lhe, se for um adulto, é a seguinte: conseguiria concentrar-se e aprender qualquer coisa depois de ter sido acordado à força às 3h15min da manhã, tantos dias uns a seguir aos outros? Estaria de bom humor? Seria fácil dar-se bem com os seus colegas de trabalho e comportar-se com graça, tolerância, respeito e um comportamento agradável? Claro que não. Por que razão, então, pedimos isto a milhões de adolescentes e crianças dos países industrializadas? Certamente que esta não é uma boa concepção de educação. Nem tem a ver com qualquer modelo de promoção de boa saúde física e mental nas crianças e nos adolescentes.
»Forçado pelo tão prematuro início das aulas, este estado de privação crónica do sono é especialmente preocupante se tivermos em conta que a adolescência é a fase da vida mais susceptível de desenvolver doenças mentais crónicas, como a depressão, a ansiedade, a esquizofrenia e o suicídio. Levar desnecessariamente à falência o sono de um adolescente pode fazer toda a diferença no precário ponto de viragem entre o bem-estar psicológico e a doença psiquiátrica para toda a vida. Esta é uma afirmação forte, e não a escrevo de forma irreflectida ou sem provas. Nos anos 60, quando as funções do sono eram ainda largamente desconhecidas, os investigadores privaram selectivamente os jovens adultos do sono REM, e, portanto, do sonho, durante uma semana, permitindo-lhes ainda o sono NREM. [...]
»[...] Não foram necessárias as sete noites de privação do sono (e dos sonhos) para que os efeitos sobre a saúde mental começassem a manifestar-se. Ao terceiro dia, os participantes estavam já a expressar sinais de psicose. Tornaram-se ansiosos, mal-humorados e começaram a alucinar. Começaram a ouvir coisas e a ver coisas que não eram reais. Também se tornaram paranóicos. Alguns acreditavam que os investigadores estavam a conspirar contra eles de forma conivente — tentando envenená-los, por exemplo. Outros ficaram convencidos de que os cientistas eram agentes secretos e que a experiência era uma conspiração governamental mal disfarçada de algum tipo perverso. [...]
»[...] Os nossos filhos nem sempre foram para a escola a esta hora biologicamente pouco razoável. Há um século atrás, as escolas nos EUA começavam às nove da manhã. Como resultado, 95 por cento de todas as crianças acordavam sem despertador. Agora, o inverso é verdadeiro, causado pelo recuo incessante das horas de início das aulas — que estão em conflito directo com a necessidade evolutivamente pré-programada das crianças de estarem a dormir durante estas preciosas horas da manhã, ricas em sono REM.»(1)
Ora bem, se a tudo isto juntarmos a praga dos telemóveis, 'tablets' e companhia que grassam na vida da rapaziada nova, veja-se bem de que maneira se está a trazer danos para a saúde mental das gerações mais novas.
Podemos dizer que o sistema escolar, os melhor, os sistemas escolares são perigosamente intolerantes para com a saúde mental das crianças e dos jovens? A minha resposta é «Sim!».
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(1) Traduzi com a ajuda do Deepl.com
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