terça-feira, junho 24, 2025

#TOLERÂNCIA177 - A PRÁTICA DEMOCRÁTICA DE ESCUTAR

 #TOLERÂNCIA177 - A PRÁTICA DEMOCRÁTICA DE ESCUTAR

Continuo a caminhar com Paulo Freire. No seu livro "Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa" (São Paulo: Paz e Terra, 1996. – (Coleção Leitura)), ele escreve assim (mantenho a grafia original do livro):

«Escutar é obviamente algo que vai mais além da possibilidade auditiva de cada um. Escutar, no  sentido aqui discutido, significa a disponibilidade permanente por parte do sujeito que escuta para  a abertura à fala do outro, ao gesto do outro, às diferenças do outro. Isto não quer dizer,  evidentemente, que escutar exija de quem realmente escuta sua redução ao outro que fala. Isto  não seria escuta, mas auto-anulação.

»A verdadeira escuta não diminui em mim, em nada, a capacidade de exercer o direito de  discordar, de me opor, de me posicionar. Pelo contrário, é escutando bem que me preparo para  melhor me colocar ou melhor me situar do ponto de vista das idéias. Como sujeito que se dá ao  discurso do outro, sem preconceitos, o bom escutador fala e diz de sua posição com desenvoltura.  Precisamente porque escuta, sua fala discordante, em sendo afirmativa, porque escuta, jamais é autoritária.

»Não é difícil perceber como há umas tantas qualidades que a escuta legítima demanda do seu  sujeito.

»Qualidades que vão sendo constituídas na prática democrática de escutar.

»Deve fazer parte de nossa formação discutir quais são estas qualidades indispensáveis, mesmo  sabendo que elas precisam de ser criadas por nós, em nossa prática, se nossa opção político pedagógica é democrática ou progressista e se somos coerentes com ela. É preciso que saibamos que, sem certas qualidades ou virtudes como amorosidade, respeito aos outros, tolerância, humildade, gosto pela alegria, gosto pela vida, abertura ao novo, dispobilidade à mudança, persistência na luta, recusa aos fatalismos, identificação com a esperança, abertura à justiça, não é possível a prática pedagógico-progressista, que não se faz apenas com ciência e técnica.

»Aceitar e respeitar a diferença é uma dessas virtudes sem o que a escuta não se pode dar. Se  discrimino o menino ou menina pobre, a menina ou o menino negro, o menino índio, a menina  rica; se discrimino a mulher, a camponesa, a operária, não posso evidentemente escutá-las e se  não as escuto, não posso falar com eles, mas a eles, de cima para baixo. Sobretudo, me proíbo  entendê-los. Se me sinto superior ao diferente, não importa quem seja, recuso-me escutá-lo ou escutá-la. O diferente não é o outro a merecer respeito é um isto ou aquilo, destratável ou desprezível.»

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