«Vendo bem as coisas, nunca tocamos em nada. O que se sente como “sólido” é apenas a força eletromagnética dos átomos que se atiram contra os nossos. Não é a nossa mão que bate na mesa – são forças invisíveis a dizer: “Vá, chegas até aqui".»
O 'Astrophilesz' é um perfil do Instagram, que sigo regularmente, e que se apresenta afirmando «Dos quarks aos quasares, cobrimos tudo.» E o que lá alguém escreve vai mesmo dos quarks aos quasares, vai, do infinitamente pequeno e próximo aos infinitamente grande e distante.O que neste perfil escrevem demanda muita tolerância, já que, sendo verdade, é inaceitável. É verdade, temos de ler, aceitar muito tolerantemente o conhecimento, mas logo a seguir recusar a verdade que ele contém. Em rigor, com a afirmação com que abro este registo da jornada de hoje os especialistas estão a dizer que os seres humanos, as pessoas, não existem, só existem forças electromagnéticas.
No que diz respeito ao quasares e à extensão infinita do Universo, os próprios astrónomos assumem a impossibilidade de conseguir percepcionar mentalmente a realidade astronómica, por mais capaz que seja o cérebro humano para "ver" o que não está al alcance dos olhos do sapientíssimo 'Homo'.
No que diz respeito aos quarks, eventualmente mais facilmente representáveis pelas competências perceptivas da mente humana, podemos compreender que...
«Mais de metade das células do seu corpo nem sequer são humanas. O seu corpo é basicamente um ecossistema ambulante - o lar de triliões de bactérias, vírus e micróbios. Mas não se preocupe - em peso e volume, continua a ser maioritariamente humano. Mas em número de células? Está seriamente em desvantagem numérica.»
e também que...
«99,99% de um átomo é apenas espaço vazio. Se removêssemos todo o espaço vazio de cada átomo de cada ser humano na Terra, toda a população humana poderia caber no volume de uma única maçã. E, no entanto, esta ilusão de solidez é o que nos permite andar, tocar, construir e existir. Não é a matéria em si, mas as forças electromagnéticas entre as partículas que criam esta resistência a que chamamos “sólida”.»
Sim, compreender, até compreendemos, mas não podemos aceitar que o nosso entendimento seja dominado por estas realidades físicas e químicas, infra-físicas e infra-químicas. Permitir que isso acontecesse deixar-nos-ia prisioneiros de realidades que o ser humano (bem como qualquer outro ser vivo) não domina e esvaziar-nos-ia daquilo que, tanto quanto sabemos até agora, apenas o 'Homo sapiens' do planeta Terra do Sistema Solar da constelação Via Láctea, e por aí fora, tem: a consciência de si próprio, a consciência da Vida, a consciência do Universo.
Como um dia ouviu Fernando Pessoa, pela ficção de Bernardo Soares, ao sujeito da mesa de café ao lado, «A vida é assim, mas eu não concordo.» Estamos de novo perante as relações e os limites ente a Tolerância, a compreensão e a aceitação: compreendemos a exactidão do Conhecimento, toleramos a sua existência nas nossas vidas, mas não podemos aceitar que ele determine as nossas decisões e as nossas acções.
O bem-estar e a felicidade não são o simples resultado da aceitação da realidade física e química, atómica e subatómica, das coisas, dos seres e dos entes, sejam eles infinitamente grandes ou infinitamente pequenos. Até porque as dinâmicas desses mundos não são recomendáveis exemplos de conjugação, harmonia, cooperação e equilíbrio, bem diferentes destas coisas são! Não! Essas dinâmicas mostram-nos precisamente que muitas vezes há que escolher, optar, seguir um rumo e abandonar outro.
É verdade, a realidade dos quarks e dos quasares instiga o Ser Humano a ser tolerante com o Conhecimento.
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