quinta-feira, junho 26, 2025

#TOLERÂNCIA179 - UMA ESPÉCIE DE EFEMÉRIDE: HÁ 7 ANOS, NUMA GRUTA DA TAILÂNDIA

 #TOLERÂNCIA179 - UMA ESPÉCIE DE EFEMÉRIDE: HÁ 7 ANOS, NUMA GRUTA DA TAILÂNDIA

O mundo assistiu, em Junho e Julho de 2018, a uma das mais impressionantes operações de resgate de um grupo de pessoas presas debaixo ou no fundo de qualquer coisa. 12 rapazes e o seu jovem treinador de futebol ficaram presos na gruta de Tham Luang, na província de Chiang Rai, na Tailândia. A

repentina e nem ao de leve esperada subida das águas dentro da gruta (mesmo não sendo uma raridade naquela época do ano, não se antecipava para aquele dia em concreto) encurralou-os numa pequena galeria. O drama prolongou-se por 18 dias. Foi entre o dia 23 de Junho e o dia 10 de Julho. À medida que os dias foram passando, o mundo foi-se apercebendo, por um lado, do grande perigo de que o grupo era vítima, por outro lado, da maneira como um impressionante movimento mundial de solidariedade se foi consolidando. Um acontecimento internacional sem precedentes.

Em 2022, assim que foram disponibilizados publicamente, foi quase com ânsia que vi a série da Netflix "O Resgate nas Grutas Tailandesas" e o documentário (com os próprios protagonistas) "13 Sobreviventes: o Salvamento na Gruta Tailandesa". Durante alguns meses, vi tudo o que pude, li tudo o que apanhei sobre este grande acontecimento.

Entristeci-me profundamente com o mergulhador que perdeu a vida nas operações de salvamento; depois com a morte do actor que fez o papel do jovem treinador (muito pouco tempo depois da gravação da série, ao ponto de a série lhe prestar imediatamente homenagem); e bem mais triste fiquei com a morte de um dos rapazes, que se suicidou precisamente quando estava em Inglaterra a tentar realizar o sonho que alimentava desde que desejou ser jogador de futebol (em Fevereiro de 2023).

Vi e revi; li e reli... Procurei pormenores, olhei com outros olhos, reflecti a partir doutras perspectivas. Até que olhei os acontecimentos com os olhos da Tolerância, e também foi na perspectiva da Tolerância que reflecti sobre tanta coisa que naqueles dias ali, na gruta, aconteceu.

Para além da coragem, da persistência e da perícia envolvidas, consegue-se ver a Tolerância — esse valor silencioso que se revelou essencial ao sucesso da missão. Tolerância entre culturas, línguas, crenças e modos diferentes de abordar a difícil situação.

Mais de mil pessoas (houve jornalistas que falaram em 10000 pessoas), oriundas de cerca de vinte países, trabalharam em conjunto, lado a lado, sem deixar que as diferenças se sobrepusessem ao objectivo comum: salvar vidas. Mergulhadores britânicos, especialistas australianos, forças navais tailandesas, engenheiros norte-americanos, médicos, voluntários locais e tradutores improvisados formaram uma rede de cooperação onde o respeito mútuo foi o cimento que uniu todos.

Numa situação em que a pressão humana — a pressão da Vida Humana! — era extrema e o tempo escasso, a Tolerância manifestou-se na capacidade de escutar, adaptar, confiar e agir em conjunto. O comando da missão, ainda que centrado nas autoridades tailandesas, soube integrar contributos diversos, aceitar conselhos externos e colocar o bem dos jovens acima de qualquer vaidade ou rivalidade (política, militar, técnica, médica, fosse qual fosse).

Escutar. Sim, posso dizer que, desde a primeira hora, foi uma das atitudes e comportamento humanos que mais me impressionaram, sobretudo do lado que quem, fora da gruta, queria ajudar.

Da parte do grupo encurralado no interior da gruta, foi a confiança: a confiança dos miúdos no seu (muito jovem) treinador; e a confiança do treinador nos ensinamentos budistas, de meditação, que em pequeno tinha recebido dos monges que o tinham educado depois das ocorrências familiares trágicas, primeiro com a mãe e depois com o pai.

É verdade, os rapazes e o seu treinador, presos na mais densa escuridão, deram uma lição ao mundo. Mantiveram-se unidos, calmos, solidários entre si. O treinador, que partilhava a sua ração de comida e ensinava meditação para manter a serenidade, foi símbolo dessa tolerância activa — compreensão perante o medo, paciência perante o sofrimento.

A operação de salvamento custou a vida a dois voluntários — o mergulhador Saman Kunan (o único que morreu durante a operação) e o médico-mergulhador Beirut Pakbara (que morreu cerca de 1 ano e 5 meses depois, por causa duma infecção contraída na gruta, que nunca mais conseguiu vencer) —, que deram tudo pelos outros. O seu sacrifício foi o configurou supremamente o espírito de entrega de centenas e centenas de pessoas, a Tolerância alcandorava-se a um muito nobre princípio de humanidade.

O salvamento da gruta de Tham Luang não foi apenas um feito técnico ou logístico. Foi uma demonstração poderosa de que, quando se cultiva a Tolerância — entre pessoas, povos e ideias — somos capazes de alcançar o impossível. Somos capazes de esquecer que somos diferentes e que as diferenças nos afastam para campos que se opõem e confrontam. E somos — nós, os seres humanos — capazes de resgatar, juntos, muito mais do que vidas: resgatar a própria Esperança na espécie humana, em nós mesmos.

Se o confinamento mundial por causa da Covid-19 mostrou a capacidade, e a prontidão!, de a Natureza recuperar dos comportamentos hiper-predatórios do ser humano, o confinamento do jovens tailandeses na gruta mostrou que os afectos bons dos seres humanos estão também em latência, prontos a orientarem os comportamentos de todos, assim os líderes das sociedades humanas o o desejem e neles se empenhem.

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