#TOLERÂNCIA157 - OS ERROS GRAMATICAIS DA COMUNICAÇÃO SOCIAL
Estava a folhear um jornal e deparei-me com este destaque, a meio da notícia: "O ataque do 7 de Outubro contra Israel foi apoiado logística e financeiramente pelo o regime iraniano". "Pelo o", assim mesmo. Não é uma gralha tipográfica, nem de escrita digital automática.
Sozinho à secretária, levado pela recém-motivação pronta a saltar a qualquer pretexto, de que tenho falado muito ultimamente (a obsessão com os chatbots), fui-me a um deles e fiz-lhe esta pergunta: «O
que é ser tolerante com os erros gramaticais nos órgãos de comunicação social, em que o leitor não pode dizer ao jornalista que está a dar erros graves?»O oráculo, de nome DeepSeek, respondeu-me assim (transcrevo integralmente):
A pergunta toca numa questão complexa que envolve ética jornalística, evolução da língua e dinâmica de poder entre os 'media' e público. Vamos desdobrá-la em pontos essenciais:
O dilema da tolerância para o leitor:
Sentir-se impotente ao ver erros graves (v.g., concordâncias, ortografia, sintaxe) em veículos que deveriam ser modelo de língua é frustrante. A tolerância aqui não significa aceitação passiva, mas a consciência de que não há mecanismos diretos de correção (salvo redes sociais, que raramente são lidas pela redação).
O dilema da tolerância para o jornalista:
Prazos curtos, edição acelerada e a pressão por "furos" geram lapsos. Isso não justifica erros básicos, mas explica por que ocorrem. Muitas redacções hoje têm menos revisores humanos por cortes de custos.
Por que razão os leitores não podem "cobrar" diretamente?
Assimetria de poder:
Órgãos de comunicação tradicionalmente operam como emissores unidirecionais. O leitor é receptor, sem canais institucionalizados para feedback linguístico (ao contrário de conselhos de imprensa para questões éticas).
Barreiras práticas:
- E-mails/Cartas ao editor: Raramente respondidos.
- Redes sociais: Comentários são perdidos no fluxo ou ignorados.
- Falta de transparência: Muitos veículos não divulgam contactos de editores/responsáveis. [neste caso, o jornalista é claramente identificado e é indicado email. Sim, acho que lhe vou mandar um email](1)
Quando é que a "tolerância" se torna um problema?
1) Erros pontuais vs. negligência sistemática:
Trocar "há" por "a" é humano; já textos consistentemente mal redigidos indicam desvalorização da língua e desrespeito ao leitor.
2) Impacto social:
Veículos de massa moldam o uso da língua. Erros frequentes banalizam vícios de linguagem e afectam a educação (v.g, alunos citam fontes com erros).
Como agir (além da "tolerância silenciosa")?
1) Via institucional: enviar e-mails formais à “ouvidoria” (se houver); cobrar nas redes sociais, marcando o provedor do leitor** (cargo existente em alguns jornais).
2) Ferramentas colectivas: blogs/canais dedicados a críticas linguísticas à imprensa (v.g, "Cuidado com a Língua", em Portugal); pressão por selos de qualidade editorial que incluam revisão linguística.
3) Postura individual: desconfiar de veículos com erros recorrentes e migrar para fontes com rigor editorial é um voto com o leitor.
Conclusão crítica:
Ser "tolerante" não é normalizar o descuido, mas reconhecer que erros acontecem – o problema é a falta de responsabilidade de prestação de contas das redacções. Num ambiente mediático saudável, o feedback do leitor deveria ser não só possível, mas incentivado. Enquanto isso não mudar, a melhor resistência é o consumo crítico e a valorização de quem investe na língua portuguesa com seriedade.
«Um jornalismo que não cuida da língua é um jornalismo que não cuida da informação.» (Adaptação de José Saramago)
Ora quem sou eu para criticar quem escreve mal? Tenho telhados de vidro e não posso ser nunca o que atira a primeira pedra. Agora, que o oráculo me trouxe algum apaziguamento à irritação-frustração, ai, trouxe, trouxe.
(1) P.S. - Às 21h03min ainda deste dia, o autor do texto respondeu ao meu e-mail confirmando o erro e agradecendo-me a correcção.
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