#TOLERÂNCIA158 - O GRITO DA GERAÇÃO CANSADA
A geração cansada é, em termos gerais, a geração actual, que é classificada como "Geração Alfa" (nascidos a partir de 2010); a anterior era a Geração Z (nascidos entre 1995 e 2006), e antes desta era a Millennials (nascidos entre 1983 e 1994).
Fazendo fé num artigo do final de Maio, os jovens alfianos desabafam «Preferíamos ter crescido sem internet». E é a este desabafo que no artigo é designado "o grito da geração cansada".
Os mais velhos perguntarão: «Mas, então, estão cansados de quê?... Têm tudo facilitado, têm tudo de mão beijada... Só se for de não fazerem nada! Valha-lhes Deus...»
Transcrevo alguns parágrafos do texto, que analisa um relatório recente da OCDE:
«Eles são os primeiros a viver a adolescência com um telemóvel na mão desde a infância, mas muitos começam agora a pôr em causa esse legado digital. Nascidos no coração da conectividade, os jovens da geração Z estão a confrontar-se com o lado sombrio da vida online — e a dar sinais claros de saturação. Um novo estudo realizado no Reino Unido revela o mal-estar silencioso de uma geração
que, longe de celebrar o mundo virtual, começa a desejar ter crescido longe dele.»«Entre os adolescentes mais velhos, o uso de dispositivos digitais é praticamente universal. Em 2022 e em média, 96% dos jovens de 15 anos nos países da OCDE tinham acesso a um computador (de secretária, portátil ou tablet) em casa, e 98% dispunham de um smartphone com ligação à Internet.»
«Estes números demonstram que, ao chegar à adolescência, praticamente todas as crianças nos países desenvolvidos estão conectadas. Consequentemente, não surpreende que a maioria dos adolescentes passe uma quantidade substancial de tempo em frente aos ecrãs: em quase todos os países da OCDE, pelo menos 50% dos alunos de 15 anos utilizam dispositivos digitais durante 30 ou mais horas por semana, e uma minoria notável – desde 10% no Japão até 43% na Letónia – ultrapassa as 60 horas semanais online. Em termos práticos, isto equivale a vários horas por dia dedicadas a actividades digitais, combinando usos escolares e de lazer.»
Portanto, parece que, afinal, os jovens estão cansados de estarem pregados aos ecrãs. Se distribuirmos as 60 horas pelos 7 dias da semana, e sem qualquer folga, são mais de 8 horas e meia por dia! De ocupação sem direito a pagamento de horas extra!
Agora transcrevo os títulos, mas só mesmo os títulos dos subcapítulos do artigo em questão:
- Sedentarismo, insónias e maus hábitos alimentares
- 'Scroll', filtro, tirania da perfeição: o ciclo tóxico da validação digital
- Do uso à dependência: quando o digital consome o real
- O lado negro do ecrã: 'cyberbullying' e conteúdos nocivos
- Cérebros em formação, atenção em erosão
- Desenvolvimento cognitivo: menos leitura, menos vocabulário, menos foco
- O 'feed' não pode substituir pais e educadores
Do capítulo dos Cérebros em formação e da atenção em erosão, transcrevo o primeiro parágrafo:
«Um outro alerta presente no estudo da OCDE é o de que a conectividade constante está a transformar o cérebro em desenvolvimento. Estudos em neurociência mostram que o uso excessivo de ecrãs na infância e adolescência pode afectar negativamente a plasticidade cerebral, com impacto nas funções executivas — como o autocontrolo, a memória de trabalho e a capacidade de planear ou manter a atenção. Crianças e jovens habituados a estímulos rápidos e recompensas imediatas demonstram menor Tolerância à frustração e mais dificuldades em manter o foco em tarefas exigentes ou prolongadas.»
Bem, isto tudo tem pano para mangas, para muitas mangas... E os tempos não correm de feição para a serenidade e a calma na linha da frente das atitudes, decisões e comportamentos na esfera da Educação. Da Educação e da Saúde!
Um educador deve procurar sempre estar bem informado. Para que o consiga, tem de ter tempo e recursos para o conseguir. Hoje em dia não o tem. Mais, tem-no cada vez menos.
Estou no ocaso de professor do ensino secundário. Penso que tenho alguma coisa a dar, que seja útil para os professores mais novos. Não sei se a máquina pesada, excessivamente burocratizada, da escola consegue tirar partido de velhos professores como eu.
As experiências de frustração vão continuar a incrementar-se e a Tolerância à frustração vai continuar a decrescer. Será que as escolas caminham velozmente para um buraco negro?
Falta coragem pessoal, conhecimento institucional e consenso político para guiar a nave da Educação que se desloca cada vez mais rapidamente. Eu ainda tenho duas ou três bandeiritas de orientação que posso agitar. Será que alguém me ouve? Será que alguém me vê?
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Os artigos cuja leitura recomendo:
- https://ver.pt/a-grande-viragem-geracional-como-os-jovens-estao-a-reescrever-o-trabalho/
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