terça-feira, maio 27, 2025

#TOLERÂNCIA149 - A MAMÃ É INTOLERANTE COMIGO

 #TOLERÂNCIA149 - A MAMÃ É INTOLERANTE COMIGO

São oportunidades interessantes as de poder coscuvilhar as conversas entre mães e filhos em que se fale de tolerância. É de ouro a oportunidade de coscuvilhar a conversa entre uma mãe e um filho muito especiais, sobretudo quando o filho tem o maravilhoso dom da escrita: Fernando Pessoa.

Ele tinha 19 anos quando escreveu esta carta à mãe. A primeira tentação é ver na carta a expressão da insatisfação dum adolescente tardio, que vive densamente, como diria Erik Erikson, a tarefa desenvolvimental da independentização psicológica em relação às figuras parentais e a identificação à sua condição de adulto autónomo e absoluto senhor de si mesmo.

É curioso sabermos que os estereótipos de pensamento dominantes mostram as mães como sendo de uma tolerância quase infinita para com os filhos. Será que a acusação do jovem Fernando é apenas a denúncia da sua própria intolerância?

O Papá é um homem honesto, a quem eu sou muito grato e a quem muito respeito e estimo, mas neste assunto não tem palavra, nem entra no Templo. Desculpo-lhe que não me compreenda; custa-me a desculpar-lhe que não compreenda que me não compreende e se meta em assuntos onde a sua boa-vontade não é piloto, nem a sua honestidade guia.

Há um campo onde podemos entender-nos: é no da nossa estima comum. Fora disso, desde que passa para o que é meu, e começa às alfinetadas à minha alma, já não é possível acordo nem bem-estar relacional.

A Mamã gosta de mim; não simpatiza comigo.

Não nos daremos mal. Por intolerante que a Mamã seja, eu não o sou. Eu compreendo que a Mamã não compreenda e, ainda que essa incompreensão me irrite e me fira, e a sua revoltante falta de tacto me fira e me irrite mais, sofro demais os ímpetos de quase-ódio que isso causa, e escrevo com este incómodo, secamente, lucidamente.

Eu não quero que reconheçam a minha igualdade. Quero apenas que a não calquem inculcando-se meus iguais. Eu por minha parte saberei respeitar todos os preconceitos, (…) e as honestas incompreensões da sua alma.

Penso que temos aqui mais um tema de grande potencial de reflexão e discussão, talvez especialmente valioso para grupos de pais. Sim, é uma carta a merecer uma ficha de exploração de actividade.

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