segunda-feira, maio 26, 2025

#TOLERÂNCIA148 - INTOLERÂNCIA À INFORMAÇÃO

 #TOLERÂNCIA148 - INTOLERÂNCIA À INFORMAÇÃO

Certamente a pressão de trabalho acrescido que é própria do final do ano escolar contribui para o sentimento que se foi instalando devagarinho e que parece ter vindo para ficar: é o sentimento da intolerância à informação; ou, como muito modernamente se diz, à pouca informação e à muita desinformação.

Para um professor, a actual condição de acesso à informação e às maneiras como ela é produzida é um desafio a uma das dimensões mais importantes do seu magistério: a de filtro ou de pára-raios entre, por um lado, os alunos e, por outro lado, o conhecimento consolidado, as hipóteses em estudo, a informação disponível e, cada vez mais, a agressiva desinformação (vestida das mais diversas formas, a mais

disponível, fácil, rápida, impessoal e não-certificada, é a que vem agora pelos omnipresentes telemóveis pessoais. Não só nos custa cada vez mais deixá-los, como, assim que a gente os liga, logo algum sinal de chegada de informação nos prende a eles).

Se o tempo dedicado a receber a informação — estou, naturalmente, a falar de quem sente necessidade de estar a par dos desenvolvimentos na sua área de especialidade científica, profissional — já só por si é muito, cada vez mais tem-se necessidade de comprovar a veracidade da informação, cujas trapaças são cada vez mais sofisticadas. O ritmo a que os produtores de informação e desinformação chegaram está também em nível impossível de digerir. Além disso, já o tenho dito, estou a ficar profundamente preocupado com a sofisticação que a criação de imagens e filmes está a atingir, facilmente enganando até o mais céptico dos cépticos e desconfiados.

Um dos meus próximos desafios, a que me entregarei assim que acabem as aulas, é o da dieta informativa. Não vai ser fácil, tenho a certeza. Craig Wright, no livro "Os Traços Escondidos dos Génios", a páginas tantas, interroga-se acerca do que é mais importante no criação dum génio: se a inteligência, se a curiosidade. Pessoalmente, não me preocupo com a minha inteligência, estou muito contente com a que penso que tenho. O problema é que me tomo por insaciavelmente curioso, por isso vai ser muito difícil decidir acerca do que devo pôr de lado, do que devo aceitar parar de procurar.

Mas só tenho estado a falar do futuro, e ainda não falei de dietas. Nem vou falar.

Como quis dizer logo no primeiro parágrafo, agora o que me começa a avassalar é o sentimento de intolerância: há temas que já me custa muito ouvir, há programas, jornalísticos ou outros, que já me custa tanto ver e ouvir que eles vão passando no écran da televisão com o som desligado; e há pessoas que já me custa muito, muito, muito, ouvir.

Acho que, olhando-me bem, estou mesmo a entrar em regime de serviços mínimos no que à informação diz respeito. Atenção! Estou a entrar em regime de serviços mínimos com a informação, não em regime de serviços mínimos de comunicação com as pessoas. Por exemplo, pudesse eu dar aulas sem estar, assim como os alunos, preocupado com as avaliações formais!

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