quinta-feira, maio 15, 2025

#TOLERÂNCIA137 - OFENSA. RAZÃO. TOLERÂNCIA.

 #TOLERÂNCIA137 - OFENSA. RAZÃO. TOLERÂNCIA.

Há temas e assuntos que basta a simples designação numa palavra só para dispararem, nas mentes das pessoas, alertas vermelhos de perigo, confronto rijo e intolerância. São temas cada vez mais carregados de preconceitos e informação distorcida, fluxos de pensamento analítico praticamente inexistente, frases, lemas e 'boutades' sincréticos e grosseiros, reduzidos quase a chavões, ainda por cima, em geral, maniqueístas. É claro, quanto ao maniqueísmo cada um considera-se estar no lado dos bons.

Penso que essencialmente fruto da influência da Comunicação Social, em geral, e também das redes sociais, tem-se inconscientemente instalado, nas mentes das pessoas, a ideia (sincrética, preconceituada e estereotipada) de que o sofrimento pessoal certifica a boa fé, a justeza e a lucidez de pensamento de quem sofre.

Nada disso. Nada mais enganador, nada mais perigosamente enganador. Alguém um dia disse mais ou menos assim: «Não é por termos sido ofendidos, ou por nos sentirmos ofendidos, que temos razão.» Concordo inteiramente!

Pensar que, porque sentimos necessidade de chorar ou porque nos sentimos ofendidos, a (pretensa)

ofensa que recai sobre nós é acção, é comportamento do Outro, que mostra a nossa razão, além de poder estar errado, pode ser uma medida da nossa própria intolerância — precisamente quando queríamos mostrar que somos genuinamente tolerantes.

Parece-me que vivemos, repito numa época em que a sensibilidade individual é tomada como medida da verdade. No entanto, sentir-se ofendido não equivale a ter razão. A ofensa é uma experiência subjetiva, profundamente ligada ao contexto, à intenção de quem fala e à percepção de quem ouve. Por isso, não pode, por si só, determinar o que é justo, correcto ou verdadeiro.

Imagine-se uma situação em que um professor chama a atenção de um aluno por falta de empenho. O aluno pode sentir-se ofendido com a crítica, julgando-a injusta. No entanto, se os factos confirmarem a falta de esforço, a crítica, ainda que desconfortável, revela-se legítima. Neste caso, o sentimento de ofensa não invalida a verdade da observação feita.

O mesmo se aplica no debate de ideias. Muitas vezes, confrontar opiniões contrárias provoca desconforto. Mas o simples facto de nos sentirmos atacados não transforma o Outro em agressor, nem nos transforma a nós em vítimas e, automaticamente, vítimas com razão. A verdade requer argumentos, não apenas reações emocionais.

Assim, é fundamental distinguir entre ofensa e injustiça. Nem toda a ofensa é injusta; e nem todo o desconforto é prova de que fomos erradamente ou incorrectamente tratados. Cultivar a tolerância implica também reconhecer que podemos ser contrariados — ou até magoados — sem que isso signifique que a razão nos pertence.

É preciso reaprender o velho ditado que diz que da discussão nasce a luz. Temos de voltar a sermos capazes de falar e ouvir, mesmo que num tom afectivo um pouco mais acalorado. O calor da discussão é um sinal de envolvimento e entrega pessoal. E uma discussão não é um jogo de ganha ou perde; nem sequer de empate! Temos todos de acreditar, com respeito e tolerância recíprocos, que a discussão traz conhecimento e que todos temos a ganhar em participar nela. A discussão respeitosa e tolerante tem o potencial de ser sempre, sempre, sempre, um "jogo" de ganha-ganha.

Sim, há muitas e boas estratégias pedagógicas para treinar a capacidade e a competência da discussão. Lá mais para a frente trarei para aqui algumas dessas estratégias.

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