#TOLERÂNCIA139 - A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL SERÁ O SER HUMANO AO ESPELHO
Nas aulas de ontem, durante a manhã; e nas consultas, à tarde, o mesmo tema apareceu: o Homem que interpreta, ao primeiro contacto, os comportamentos dos outros primatas (chimpanzés, gorilas, orangotangos) como carregados de agressividade; interpreta também assim o comportamento dos marcianos e de habitantes de outros planetas — são todos invasores que nos vêm fazer mal; e agora é a mesma projecção do medo em relação à Inteligência Artificial, quando ela se tornar autónoma do pensamento e acção humana e se bastar a ela mesma.
Por mim, não tenho medo dos chimpanzés, gorilas e orangotangos, nem dos marcianos. Da Inteligência Artificial autónoma, sim, tenho. E porquê? Porque estou convencido de que ela vai ser o que nós, Humanidade, somos. E, nos tempos que correm, estou convencido de que os valores que orientam a actividade humana são mais negativos do que positivos; são mais competitivos do que colaborativos; são mais de desconfiança do que de confiança; são mais de intolerância do que de tolerância; são mais de predação desenfreada do que de o consumo moderado.
Ray Kurzweil lançou em 2005 o livro "A singularidade está perto", e no ano passado lançou o "A
singularidade está mais perto". Este segundo livro ainda não o li. O primeiro é basicamente uma especulação à volta da confluência de três muito recentes desenvolvimentos: a Genética (G), a Nanotecnologia (N) e a Robótica (R) — que ele figura simplesmente com a fórmula GNR.«No meu livro de 2005, "The Singularity Is Near", expus a minha teoria de que as tendências tecnológicas convergentes e exponenciais estão a conduzir a uma transição que será totalmente transformadora para a Humanidade. Existem diversas áreas-chave de mudança que continuam a acelerar simultaneamente: o poder da computação está cada vez mais barato, a biologia humana está a tornar-se mais bem compreendida e a engenharia está a tornar-se possível em escalas muito mais pequenas. À medida que a inteligência artificial cresce em capacidade e a informação se torna mais acessível, integramos cada vez mais estas capacidades com a nossa inteligência biológica natural. Com o tempo, a nanotecnologia permitirá que estas tendências culminem na expansão direta dos nossos cérebros com camadas de neurónios virtuais na nuvem. Desta forma, iremos fundir-nos com a IA [Inteligência Artificial] e aumentar-nos com milhões de vezes o poder computacional que a nossa biologia nos deu. Isto irá expandir a nossa inteligência e consciência tão profundamente que é difícil de compreender. É a este evento que eu dou o nome Singularidade.»
Entretanto, no primeiro livro, o de 2005, o autor escreve, quase a chegar ao final, quando avança para propostas de acção que sejam favoráveis à Humanidade:
«As abordagens acima referidas serão inadequadas para lidar com o perigo da R patológica (IA forte). A nossa principal estratégia nesta área deve ser a de optimizar a probabilidade de a futura inteligência não biológica reflectir os nossos valores de liberdade, Tolerância e respeito pelo conhecimento e pela diversidade. A melhor forma de o conseguir é promover esses valores na nossa sociedade actual e futura. Se isto parece vago, é porque é. Mas não existe uma estratégia puramente técnica que seja viável neste domínio, porque uma inteligência maior encontrará sempre uma forma de contornar as medidas que são o produto de uma inteligência menor. A inteligência não-biológica que estamos a criar está e estará inserida nas nossas sociedades e reflectirá os nossos valores. A fase transbiológica envolverá a inteligência não-biológica profundamente integrada com a inteligência biológica. Isto amplificará as nossas capacidades e a nossa aplicação destes maiores poderes intelectuais será regida pelos valores dos seus criadores. A era transbiológica acabará por dar lugar à era pós-biológica, mas é de esperar que os nossos valores continuem a ter influência. Esta estratégia não é certamente infalível, mas é o principal meio de que dispomos actualmente para influenciar o curso futuro da IA forte.»
Para bom entendedor, uma palavra basta: no fundo, o que Ray Kurzweil está a dizer é que "Quem boa cama fizer nela se deitará". Que não nos custe fazer a cama! Que não entreguemos nas mãos de nenhum robôt a cama por fazer! Ah! Segundo este autor, temos um limite para fazermos a cama bem feitinha: 2045.
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