#TOLERÂNCIA122 - UM APERTOZINHO NO CORAÇÃO
Hoje dediquei a manhã na escola a participar no acolhimento a alunos do 9.º ano de escolaridade, os quais, sendo alunos de escolas vizinhas da Eça de Queirós, podem encarar, com os seus pais, a possibilidade de escolherem a Eça de Queirós para prosseguimento de estudos a partir do próximo ano escolar, quando ingressarem no secundário.
Terminado o acolhimento, fui almoçar com dois colegas. Regressei depois com um deles à escola, ia ter uma reunião.
No espaço do refeitório, um ajuntamento invulgar: alguns professores e alguns alunos espalhavam-se à volta de algumas mesas que mostravam ainda algumas comidas, entre salgados e doces, que, logo me disseram, tinham sido levados por alguns alunos estrangeiros das outras escolas do Agrupamento.
Em rigor, assim que entrei no espaço interior da escola, um aluno meu, de fatiazinha de doce na mão, instigou-me logo para ir provar um bocadinho daquele doce, era muito bom, era um doce arménio.
Abeirei-me dos miúdos, ela por ela entre meninas e meninos, meti conversa com eles, perguntei-lhes os nomes e de onde eram. Arménio era um só, facilmente identificável; esta era ucraniana, este era russo, aquela era ucraniana, o outro era russo, aqueloutro também era russo...
Senti-me a ficar de coração apertadinho, todos eram das capitais dos seus países de origem: Erevã, Kiev, Moscovo.
Fiz questão de provar um doce de cada um dos países, e fui pedindo aos miúdos que me falassem dos doces; fiz-lhes perguntas sobre as suas línguas maternas, sobre a escrita das línguas. Prometi-lhes que os visitaria um dia destes numa das suas aulas.
Tentando ter controlo nas minhas projecções da guerra imposta pela Rússia à Ucrânia, procurei observar os miúdos, os seus actos, as suas palavras, os actos para lá das palavras.
Vi neles, sem que algum se destacasse especialmente dos outros, a alegria das crianças, alegria contida. Também lhes vi, incapaz de ser disfarçada, um olhar de insegurança e apreensão. Dois ou três deles, não se falavam, nem tão pouco se olhavam...
A Educação tem aqui uma oportunidade. Gostei de ver o contacto que a minha colega tem com estas crianças, é o primeiro passo da esperança.
Tomo consciência de que o meu primeiro desejo — desejo e conselho — é o de que haja Tolerância para com a intolerância que as crianças possam ter entre si. As intolerâncias, compreensíveis, pedem manejo sábio, paciente, tolerante. Outros valores, outras atitudes, outros processos relacionais terão, entretanto, concomitantemente ou sequencialmente, o tempo e a oportunidade pedagógica que lhes são próprios. Que não se apresse o tempo! Que não se perca a oportunidade!
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