segunda-feira, abril 07, 2025

#TOLERÂNCIA99 - A EXIGENTE TOLERÂNCIA PEDIDA AOS PROFESSORES

 #TOLERÂNCIA99 - A EXIGENTE TOLERÂNCIA PEDIDA AOS PROFESSORES

Há as conversas do dia-dia, pelos corredores da escola; nos intervalos grandes da manhã e da tarde, no bar da escola, à volta do café; na sala de professores, na preparação do trabalho das aulas... Há os telefonemas e as trocas de mensagens no WhatsApp, depois, à noite, cada um em sua casa...

Nessas ocasiões todas, os professores conversam entre si acerca de ocorrências em sala de aula, com os alunos, ou de contacto com os encarregados de educação, seja por escrito, ao telefone, ou em presença, na hora semanal de atendimento aos encarregados de educação, ou fora dela — tantas vezes que é esse o caso!

Contudo, é nas reuniões de conselho de turma, no final dos períodos lectivos, que os professores, em grupo, tomam conhecimento e partilham entre si o que ao correr dos dias lhes vai sendo exigido de tolerância para com os alunos e também os pais dos alunos.

Há muitos anos, na minha escola, a Direcção do Agrupamento (ainda no tempo em que nem sequer agrupamento havia!) deixou de me atribuir direcções de turma, a razão era porque considerava que eu defendia muito os alunos e os pais. É por este "currículo" que me sinto especialmente à vontade para dizer o que quero dizer acerca dos níveis de Tolerância que hoje em dia toda a gente pede ou melhor, exige, aos professores.

Não contaminemos a reflexão do assunto trazendo agora aquilo que todos nós sabemos: há professores bons e maus, há procedimentos correctos e incorrectos das escolas e dos professores, há comportamentos justos e injustos dos professores... Apetece dizer que, sim senhor, há isso tudo e ainda mais um par de botas. Isto é tão verdade que merece que um dia eu dedique uma ou mais estações desta caminhada para falar sobre a Tolerância que os pais e os alunos devem ter com os professores. Mas hoje a voz é a dos professores.

Dará um livro de muitas centenas de páginas a simples enumeração escrita das razões que levam os pais

a queixarem-se aos directores de turma, o mais das vezes, intempestivamente, disto ou daquilo que aconteceu com a filha ou o filho na escola. Estou à beira de me reformar do ensino e continuo a surpreender-me com o que, aqui e ali, tomo conhecimento.

Sou membro do Conselho Geral do meu agrupamento de escolas e já ouvi, fosse numa reunião, fosse numa conversa informal, os representantes dos encarregados de educação dizerem que não passa pela cabeça dos professores as queixas que os pais lhes dirigem e que eles, com Tolerância ou Paciência de Job, tentam filtrar, gerir com moderação e encaminhar adequadamente.

Coisas que hoje ouvi em duas das reuniões de avaliação do 2.º período em que participei, e outra que uma colega me falou enquanto fazia a pausa do cigarro do lado de fora da escola, são mesmo um desafio à Tolerância dos professores.

Não vale a pena pedir melhores pais, mas já penso que vale a pena pedir melhores professores. Penso que é uma preciosa permissa de entendimento entre pais e professores pensar-se que os pais fazem o melhor que conseguem e que os professores também fazem o melhor que conseguem. Outra permissa valiosa é pensar que não está apenas nas mãos dos pais e dos professores a resolução dos problemas, mas que uns e outros são vítimas dum sistema escolar que está cheio de vícios e procedimentos que necessitam de reformas, e que essas reformas urgem. Aceites ambas as premissas, uma enumeração tão breve quanto possível do universo de dimensões e variáveis que pedem Tolerância aos professores:

na modernidade dos dia, os professores devem ser tolerantes com os ritmos de aprendizagem de cada aluno; devem ter sempre presente as necessidades de diferenciação pedagógica; devem estar sensíveis aos contextos culturais de pertença dos alunos; devem ser tolerantes às sensibilidades psicológicas e emocionais dos alunos, e a sua capacidade de lidar com a frustração, a ansiedade e a pressão do ritmo de aprendizagem escolar... Enfim, é um rol de nunca mais acabar.

Pense-se no mundo, ou melhor, nos mundos que os professores acolhem nas suas aulas: as disrupções, as exigências, as metas, os prazos, tudo é imposto acima ou além dos professores, mas é a eles que o ministério da tutela da Educação e os pais exigem o rasgo de criar as poções mágicas que tudo resolvam, sem stress, bem e depressa como ninguém.

O texto já vai longo, tenho de ficar pelas premissas: aceitamos pensar que, na sua grande maioria, os pais fazem o melhor que sabem e que os professores também fazem? Vamos aceitar que uns e outros têm de unir esforços para pressionar a tutela, para exigir aos governantes do País as condições para que a Educação democrática, inclusiva, justa, que forma pessoas em desenvolvimento e estimula a expansão de inteligências diversas, se realize a sério?

Como cultivar a Tolerância recíproca entre os professores dos alunos e os pais desses mesmos alunos? Vou procurar essa estação e dedicar-lhe uma etapa lá mais para a frente.

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