#TOLERÂNCIA119 - A INTOLERÂNCIA DO PAPA FRANCISCO
Os jornais, as televisões e as redes sociais estão cheias, de dia 20 para cá, de coisas ditas pelo Papa Francisco, seja em homilias, discursos solenes, escritos oficiais, entrevistas, conversas informais (com jornalistas, cidadãos e crentes de todo o mundo. Líderes políticos de todo o mundo também o fazem, muitos põem-se em bicos dos pés ou chegam-se à primeira fila das fotografias.
Depois de morto, atraindo-os ao seu funeral, o Papa Francisco foi ainda capaz de pôr Trump e Zelensky face a face, um bem em frente do outro, sob o tecto do Vaticano, a falarem um com o outro! De quê? Espero que de Paz.
Hoje já me ri com um 'cartoon' em que, à porta da sala onde se vão reunir os cardeais para a eleição do novo Papa, um clérigo diz para outro: «São estes 50 Chefes de Estado que devíamos fechar aqui dentro para que possam pensar nas coisas durante alguns dias.» O Papa Francisco apreciava muito o humor, ele certamente se riria a bom rir desta piada, de bem apanhada que está. Pena que, na verdade, as coisas que precisam de ser pensadas pelos líderes políticos mundiais sejam mesmo muito sérias, fazia-lhes muito bem ficarem ali fechados até sair fumo branco para o mundo político e das guerras.
É claro que eu também dei atenção a fotografias, vídeos e notícias do Papa Francisco de dia 20 para cá. Ele tinha, de facto, o dom de dizer, de maneira simples, compreensível e envolvente, coisas muito difíceis e delicadas, numa tentativa de respeitar todos. Como se tornou marca da sua pessoa, «todos, todos, todos.»
Uma das que achei especialmente notável foi a maneira como ele respondeu a uma criança que, chorando, lhe perguntou em segredo se o pais, que era ateu, ia para o céu. O Papa Francisco foi dum respeito profundíssimo, não insinuou qualquer intenção de conversão, nem chamou a atenção para a situação de desamparo em que os ateus arriscam estar, condenando-se a si próprios a não entrarem no Reino dos Céus. Perante o miúdo, o Papa Francisco mostrou, repito, um profundíssimo respeito pela opção não-crente do pai (assim valorizando o pai aos olhos do filho), e procurou dar alívio à angústia da criança.
A dimensão da acção humana para a qual o Papa Francisco foi liminarmente intolerante foi para a ganância da apropriação e para a idolatria da organização económica das sociedades, sustentada no lucro infinitamente crescente.
«Se nos agarramos demasiado à riqueza, não somos ricos. Somos escravos.»
«Homens e mulheres sacrificados aos ídolos do lucro e do consumo: é a "cultura do desperdício". Se um computador se estraga, é uma tragédia. Mas a pobreza, as necessidades e os dramas de tantas pessoas acabam por ser considerados normais. [...] Quando a bolsa cai 10 pontos em certas cidades, isso constitui uma tragédia. Alguém que morre não é notícia, mas uma quebra de 10 pontos no lucro é uma tragédia! Desta forma, as pessoas são postas de parte como se fossem lixo.»
«Em muitos sítios, de uma maneira geral, devido ao humanismo económico que foi imposto ao mundo, a cultura da exclusão, de rejeição, está a espalhar-se. Não há lugar para o idoso ou para a criança que não foi desejada; não há tempo para a pessoa desprezada na rua. Às vezes, parece que, para algumas pessoas, as relações humanas são reguladas por dois "dogmas" modernos: eficiência e pragmatismo... [Tende] coragem para ir contra a corrente desta cultura. Sede corajosos!»
«A actual crise não é apenas económica e financeira mas está enraizada numa crise ética e antropológica. Seguir os ídolos do poder, do lucro e do dinheiro, em vez do valor da pessoa humana, tornou-se uma norma básica de funcionamento e um critério crucial de organização. Esquecemo-nos no passado e ainda nos esquecemos hoje que acima do negócio, da lógica e dos parâmetros do mercado está o ser humano e algo que se deve ao homem enquanto homem, em virtude da sua dignidade profunda: oferecer-lhe a possibilidade de viver uma vida digna e de praticar activamente o bem comum.»
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